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Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

“Será que devo voltar para ele?”

 

“Mantive uma relação com um homem casado, mas a esposa dele descobriu tudo e, por isso, ele terminou tudo comigo. Agora, passados uns meses, ele ligou-me e diz que quer voltar. Será que o posso aceitar de volta?”
 
Filipe, Albufeira
 
Caro Leitor,
 
A vossa paixão sempre foi vivida em segredo e na sombra de uma terceira pessoa – a esposa do seu companheiro. O casamento é uma união muito especial entre duas pessoas, mas nem sempre é efémero, se o seu companheiro está decidido a por um ponto final no matrimónio para assumir um relacionamento homossexual consigo, é uma situação, mas continuar envolvido consigo e com a esposa é algo que o leitor não merece. Valorize-se mais, pense seriamente se vale a pena ser a segunda escolha na vida de uma pessoa. A vida coloca-nos várias vezes a hipótese de recomeçarmos do zero e construir algo de novo, quem sabe se não está na altura de você começar de novo?

“Ele não me deixa ser ativa”

“Gostava de ser mais ousada em certas situações na minha vida sexual, mas o meu marido não me deixa. Ele ainda pensa que o homem deve mandar sempre e ter sempre a rédea da situação. Será que vai pensar assim para sempre?”

Maria, Ílhavo

Cara Leitora,

Através do seu relato pude depreender que o seu marido é um pouco conservador e estabelece algumas fronteiras quanto ao papel desempenhado pelo homem e pela mulher durante o ato sexual. Pelo que parece a mulher deve assumir um papel passivo e de aceitação, face à vontade dominadora do homem. Esta tendência há muito que não faz sentido na nossa cultura, por isso tente conquistar um espaço para o diálogo sobre este tipo de questão, mostrando ao seu marido que a vossa vida sexual poderia ser muito mais salutar se ambos tiverem um papel ativo. É bom que ambos possam sugerir fantasias, posições, novas experiências. Será uma conquista para ambos porque aos poucos poderá realizar descobertas que estimulam positivamente a vossa performance sexual e a predisposição para o alcance do clímax. O menos correto será apenas viver aquilo que, aparentemente, está institucionalizado: a posição de missionário, onde o homem domina a relação.

“Fantasio com outras mulheres…”

 

“Estou casado há 6 anos e continuo a amar a minha mulher. No entanto, ultimamente dou por mim a fantasiar que estou com outras mulheres quando faço amor com ela. Sinto-me culpado pois ela não merece, mas também não consigo controlar-me para que isto não aconteça…”

 

Tiago, Estoril

 

Caro leitor,

o leitor não é o único homem a ter esse tipo de comportamento, pois é bastante comum que os homens pensem em outras mulheres quando têm relações sexuais. De facto, as mulheres também pensam em outros homens quando estão a ter relações sexuais com os seus maridos ou namorados, portanto não deixe que isso afecte a sua vida sexual ou emocional. Procure dinamizar a vossa vida sexual e fugir à rotina que se parece ter instalado, e que também contribui para que imagine outras mulheres. Uma vez que continua a amar a sua esposa, volte a vê-la como alguém sensual por quem se apaixonou, faça-lhe uma surpresa, ofereça-lhe uma lingerie ousada e concentre-se exclusivamente nela, apreciando cada pormenor da vossa relação.

 

 

 

“O ginecologista pode descobrir que já não sou virgem?”


“Tenho 17 anos e perdi a virgindade há pouco tempo. Desde que comecei a menstruar que vou pelo menos uma vez por ano ao ginecologista. Tenho uma consulta brevemente e tenho vergonha de dizer que já não sou virgem. Se eu não disser ele pode descobrir que iniciei a minha vida sexual?

Carla, Ourém

Cara Leitora,

Não tenha receio em ir à consulta de ginecologia, pois existe uma convenção associada ao sigilo médico. Assim, o seu ginecologista não deve divulgar nenhum tipo de informação sem o seu consentimento. Também não vejo qualquer razão para que sinta vergonha em não ser virgem. A perda da virgindade é um processo natural, por isso esteja tranquila e vá à sua consulta normalmente. Primeiro porque o seu médico lida frequentemente com este tipo de situações e segundo não deve colocar em risco o seu bem-estar por estar acanhada. Existem de facto vantagens em o seu médico saber que a leitora é sexualmente activa. Dessa forma, pode informá-la a respeito das diferentes formas de contracepção, e pode também realizar testes de rastreio para detectar doenças transmitidas sexualmente, coisa que todas as pessoas que são sexualmente activas deviam fazer. Quanto ao facto do ginecologista poder perceber se já não é virgem, entenda que o seu médico não esta lá para a julgar, mas sim para assegurar que tudo está bem com a sua saúde, por isso é até bom para si que ela esteja a par do facto de que a leitora é sexualmente activa. Se preferir não contar ao seu médico, durante o exame ginecológico, o médico pode verificar se o seu hímen rompeu ou não, porém, o seu hímen pode ser um hímen complacente (ser tão elástico que não se rompa com a penetração). Neste caso, não há forma de se saber se é virgem ou não. Não receie ir à consulta, é apenas para o seu bem.

 

“Adoro usar acessórios masculinos.”

“Desde muito jovem que sempre gostei de usar acessórios masculinos, e gostaria de saber se serei lésbica por isso?”
Rafaela, Barreiro
Cara Leitora,

O uso de acessórios do sexo oposto, ou seja o travestismo, é uma prática bastante antiga e que não está de forma obrigatória relacionada com a orientação sexual do indivíduo. Existem homens que gostam de utilizar vestuário e acessórios femininos, da mesma forma que existem mulheres que gostam de utilizar vestuário e acessórios masculinos, e isso não faz com que sejam homossexuais ou lésbicas. No entanto, essa prática pode ser mal compreendida por algumas pessoas na nossa sociedade, por isso, se decidir utilizar acessórios estritamente masculinos em público esteja preparada para os comentários que pode vir a suscitar.

Gravidez indesejada e menstruação

Eu tive relações sem preservativo, embora usando a pílula, mas estou com receio, pois tenho o peito e a barriga inchada. Neste momento estou com o período, só que pouco e acastanhado. Será que estou grávida?
Ana
Cara Ana,
 
É possível estar grávida e ter menstruação, ou seja, ter perdas de sangue que são confundidas com menstruação: 25% das mulheres grávidas tem o que se pode chamar de “sangramento de implantação”, e muitas delas confundem esse corrimento sanguíneo com a menstruação, e por isso não descobrem que estão grávidas até vários meses após a fecundação. No entanto, como refere ter usado a pílula, mesmo que tenha sido na semana de pausa, a eficácia contraceptiva é grande, superior a 95%, portanto não se deve preocupar. Se quiser tirar as dúvidas, dado que ter o peito e a barriga inchados (o que são igualmente sintomas de menstruação apenas e, em alguns casos, de gravidez).
Lembre-se que utilizar a pílula e o preservativo (a contracepção dupla), para além de ser mais eficaz em relação a gravidezes indesejadas protege-a igualmente das infecções sexualmente transmissíveis.

“Estará doente?”

“Tenho 32 anos e uma vida sexual ativa e feliz. No entanto, ultimamente quando estamos a fazer amor a minha namorada queixa-se com dores, especialmente quando a penetro mais profundamente. Será que está doente?”

Sérgio, Sacavém

 

 

Caro leitor,

O sistema reprodutor feminino é bastante sensível e delicado, podendo ser afetado por problemas hormonais, infeções, bactérias e tumores. Seria muito importante que a sua namorada fosse, o mais brevemente possível, a um ginecologista e realizasse alguns exames ginecológicos. Todas as mulheres, quer sejam sexualmente ativas ou não, devem visitar um ginecologista pelo menos uma vez por ano para realizar exames de rotina. Exames ginecológicos de rotina incluem o exame da mama, para detetar caroços possivelmente indicativos de cancro da mama, o exame de Papanicolau, utilizado para detetar alterações celulares indicativas de cancro do colo do útero e o rastreio de infeções sexualmente transmissíveis ou bacterianas. Os exames ginecológicos, geralmente, não são dolorosos. O médico examinará visualmente os órgãos genitais da mulher e, de seguida, utilizará um espéculo para retirar amostras de algumas células e secreções vaginais. Estas amostras são enviadas para um laboratório, onde se poderá verificar a existência ou não de anomalias. A maioria das infeções é proveniente de fungos, bactérias ou vírus adquiridos através de uma pobre higiene feminina ou contacto sexual. Muitos dos problemas ginecológicos femininos têm cura quando detetados a tempo, caso contrário poderão evoluir para problemas bastante mais sérios como lesões graves ou cancro. Caro leitor, converse com a sua namorada e tente mostrar-lhe que aquilo que ela sente poderá não ser nada sério, mas que ficaria mais descansado se ela procurasse um ginecologista.

“Há 9 meses que não tenho a menstruação”

“Tenho 18 anos e há 9 meses que não tenho a menstruação. Como até aqui fui sempre mais ou menos regular, gostava de saber se é normal ou se há motivos para me preocupar.”

Susana, Porto

 

 

Cara Leitora,

Durante o desenvolvimento da mulher existe um conjunto de alterações que culminam com o aparecimento da primeira menstruação, que é uma referência obrigatória e um marco histórico nas suas vidas, e que se designa por Menarca. Este fenómeno sempre foi rodeado de tabus e algum misticismo pelas gerações anteriores, mas hoje em dia sabemos que representa somente a descamação do revestimento interior do útero (endométrio) por consequência da privação de hormonas. Os ciclos menstruais apresentam uma grande variação de mulher para mulher e, com o passar dos anos, os ciclos têm tendência para encurtarem e acabarem por desaparecer (menopausa). É frequente que, após a primeira menstruação e durante os anos da puberdade, possa existir ausência da mesma durante alguns meses, isto porque os ciclos são irregulares e, muitas vezes, inexistentes. Não é de todo uma situação preocupante, pois estas alterações são consideradas faltas de ovulação, que se devem não só à imaturidade do sistema reprodutor, que regula a função dos ovários, como outros fatores que podem interferir a este nível, isto é, falta ou excesso de peso, exercício físico intenso, stress, dietas sem acompanhamento, medicamentos, entre outros. Todas estas alterações e dúvidas sobre estas questões, deverão ser expostas ao médico de família e ao médico ginecologista, a fim de serem esclarecidas de uma forma concreta mas compreensiva e tranquilizante. Se existir alguma alteração que os médicos achem alarmante, ninguém melhor do que eles para descobrir um diagnóstico correto.

“Menti ao meu marido e agora sinto-me culpada!”

“Estou casada há dois anos e já falei com o meu marido a respeito de experiências sexuais passadas, mas sinto-me culpada pelo facto de não ter sido sincera e tenho medo que ele venha a descobrir. Como devo proceder?”

Maria, Sintra

 

Cara Leitora,

Se decidir contar a verdade ao seu marido deve ter em conta que pode vir a ficar chateado consigo devido ao facto de lhe ter mentido. Porém, e para que não carregue o fardo do sentimento de culpa, o melhor é esclarecer tudo, principalmente se existirem hipóteses do seu marido poder descobrir toda a verdade sem ser por si. Com esta atitude terá a oportunidade de ser você a contar a verdade ao seu marido em vez de ele vir a descobrir através de terceiros, o que pode piorar a situação. Quando se decidir a falar com ele, explique-lhe as razões pelas quais omitiu o seu passado dizendo-lhe, também, o que sente por ele de modo que ele compreenda exatamente a sua posição. Prepare-se, pois é provável que ele fique desiludido e aborrecido.

do.

“Ele gosta de ser assediado!”

“O meu namorado é um homem 10 anos mais velho do que eu e é muito atraente, e por isso bastante assediado pelas mulheres, mesmo estando junto a mim. O que me chateia é que ele muitas vezes retribui as gracinhas e nem se lembra de que eu estou com ele. Estou farta disto, pois sinto-me muito insegura. O que devo fazer?

 

Sónia, Santarém

 

Cara Leitora,

Regra geral, as pessoas são bastante recetivas a elogios e a piropos. Mas há que especificar a contextualização dos mesmos. Certo é que uma coisa é o seu namorado ser alvo de “gracinhas” consigo por perto e outra coisa é quando ele está sozinho. Porém, pelo que relata ele não faz essa distinção e é sempre bastante simpático para as raparigas que tecem esses comentários. Não é, no entanto, por retribuir os piropos que isso significa que a quer ou vai trair. Há pessoas que simplesmente gostam dos elogios como forma de aumentarem a própria autoestima ou de enaltecerem o seu ego, sem que tal signifique que sejam desonestas ou desleais para com o parceiro.

Quanto a si, deve adotar uma postura de sinceridade e conversar com o seu namorado sobre esta questão. Mostre-lhe o quanto fica magoada e triste com a recetividade que ele tem em relação aos piropos e que pelos menos seja mais discreto quando a leitora está por perto. Não se iniba de confessar as suas inseguranças, pois apenas com a franqueza poderão contornar positivamente as vossas divergências. O que não deve fazer é interiorizar as coisas que a deixam infeliz, converse com ele e, se necessário, faça você mesma os elogios que ele gosta de ouvir.