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Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

Tema de hoje: relacionamento

Tenho 22 anos e tive a minha primeira relação sexual há pouco tempo, mas não sangrei. Eu queria fazer amor com o meu namorado e gostei bastante, ele foi muto querido, mas estou preocupada se ele agora me achará mentirosa por isto. Como sei se já perdi a minha virgindade?
 
Paula Cristina
 
Cara Paula Cristina,
 
A virgindade pode ser interpretada de maneiras diferentes: pela cultura e momento histórico, pela medicina e biologia e psicologicamente. Pode sentir a sua perda de virgindade como o momento de ter relações sexuais pela primeira vez – e nem precisar de ter relações com penetração para deixar de se sentir virgem.
Como pode sentir que o importante é o sangramento pelo rompimento fisiológico do hímen, uma membrana fina e elástica que cobre parcialmente a entrada da vagina e que, na maioria dos casos, permite a saída da menstruação ou a entrada de tampões. Na prática de alguns desportos ou actividades pode dar-se o rompimento ou a diminuição da superfície do hímen, pelo que não o rasgar e sangrar nas relações sexuais não é garantia de virgindade.
 
Não se preocupe tanto com esta questão, mas sim com o prazer que pode sentir na intimidade da relação com para seu parceiro ou parceira. Se se sentem seguros e protegidos dos riscos da gravidez indesejada e infecções sexualmente transmissíveis (de que podem falar os dois e com um médico ginecologista ou de família) e escolheram iniciar a vossa vida sexual, como me aprece pelas suas palavras, aproveitem as sensações de prazer e entreguem-se à descoberta da intimidade e do que mais gostam de fazer e de receber.

Fertilidade

Gostaria de saber quais os dias mais férteis de cada mês, quando se inicia e quando termina.
Obrigado
 
 
Cara leitora,
Antes de mais gostaria de a informar que existem outras formas de contracepção mais eficazes do que o método do calendário, em que se calcula o intervalo de tempo em que há mais probabilidades de acontecer uma gravidez, e que não evita a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis. Neste sentido, o primeiro passo que deve dar é procurar um ginecologista ou recorrer às consultas de planeamento familiar para que lhe recomendem um contraceptivo mais indicado para si.
 
O período fértil é calculado a partir do número de dias de cada ciclo menstrual, pelo que a mulher deve fazer o registo sistemático e perceber a sua própria regularidade, sem qualquer esquecimento. Este período inicia-se sensivelmente cinco dias antes da ovulação e cinco dias depois, que ocorre a meio de cada ciclo. Por isso, durante o seu período fértil é aconselhável não ter relações sexuais ou utilizar o preservativo nestes dias.
Este método é, ainda, desvantajoso porque implica que as menstruações sejam bastante regulares e que conheça bastante bem o seu aparelho reprodutor, para saber exactamente quando ocorre a ovulação. Este método é bastante ineficaz e muito raramente utilizado por quem não pretende engravidar, pelo deve consultar, o quanto antes, um especialista nesta área.
 

Tema de hoje: menopausa

Estou casado há 20 anos e desde há algum tempo que não tenho relações sexuais com a minha mulher, apesar de a amar muito e ela a mim. A minha mulher tem sintomas depressivos (em acompanhamento médico) e apresenta sinais de entrada na menopausa (tem 44 anos), recusa assumir, perante os próprios médicos, a sua não apetência para uma vida sexual, é extremamente clássica e muito ortodoxa no que diz respeito a uma vida sexual.
Eu amo a minha mulher, eu respeito-a como pessoa, tento tudo para que a vida em casal seja o mais linear e feliz possível e, apenas queria que o nosso relacionamento fosse mais completo e feliz para ambos, tanto mais que ambos caminhamos para um momento da vida em que cada vez mais estaremos apenas os dois, dependentes apenas um do outro.
 
Francisco
 
Caro Francisco,
 
Actualmente, como a sua esposa está deprimida e em tratamento devo dizer-lhe que a diminuição do desejo é devida à doença e aos tratamentos anti-depressivos Enquanto essa situação persistir a sexualidade da sua mulher dificilmente mudará, mas devem falar com o médico que a acompanha para tentarem uma outra medicação.
A menopausa pode ter efeitos igualmente na sexualidade da sua mulher, pois algumas mulheres sentem-se diminuídas pela perda da capacidade reprodutiva e mesmo fisicamente a lubrificação vaginal é mais difícil e pode levar a algumas dores. Compre lubrificantes para experimentar nas relações sexuais com ela, para resdolver este problema, se ela o tiver.
Quando refere estar disposto a tudo para a seduzir e melhorar a vossa vida sexual tem de ter em conta a abertura da sua mulher à descoberta da sua sexualidade. Posso recomendar-lhe banhos de imersão, leituras eróticas (desde Mário Vargas Llosa à banda desenhada de Manara), filmes eróticos (Nove Semanas e Meia, filmes pornográficos com histórias do vosso agrado), viagens a destinos paradisíacos, descobertas de produtos eróticos de sexshops… Mas tem de haver uma certa abertura a tais planos e só o Francisco pode saber se a sua mulher a terá.
O acompanhamento sexológico seria igualmente desejável, por isso contacte-nos pelo telefone 21 318 25 91.

Tema de Hoje: Sexo Oral

 “Imagino que o pénis do meu companheiro é um alimento”

 

“Sempre que tenho relações sexuais com o meu companheiro, tenho tendência para imaginar que o seu pénis é um alimento e que é ingerido pelos dois com muita satisfação. Existe explicação para o facto de só conseguir atingir o orgasmo desta forma?”

Carla – Barreiro

 

Cara Leitora,

Como deve calcular todas as pessoas têm fantasias, sejam elas de que tipo forem, principalmente a nível sexual. Quando somos transportados para o mundo da fantasia, tudo é possível e não existe qualquer tipo de regras ou responsabilidades, apenas satisfazemos todos os nossos desejos, sem que ninguém nos acuse. As fantasias são situações idealizadas que temos liberdade de inventar e que, na realidade, são quase sempre impraticáveis ou difíceis de atingir. No entanto, os efeitos que elas provocam no nosso pensamento é estrondoso e a nossa vida sexual fica ao rubro. Existe uma ligação directa entre as fantasias sexuais e o aumento do desejo, ou seja, a Libido. Quantas mais fantasias sexuais tiver maior será o seu desejo de as ver realizadas. É, por assim dizer, um acessório sexual que, além de ser muito eficaz, não tem custos adicionais, os pensamentos são seus e não existem regras. Deste modo, a maioria dos indivíduos, tem uma fantasia sexual que lhes garante a satisfação sexual, isto é, o atingir do orgasmo, seja ele por relação sexual com o parceiro ou por masturbação. Deste modo, por onde quer que os seus pensamentos voem, um dos seus destinos é, quase sempre, um lugar onde possa dar asas a um sexo escaldante.

 

tema de hoje: fantasias

(José Manuel Rodrigues)

 

Tenho 23 anos e namoro com uma rapariga há quase 4 anos. Sentimos muito amor um pelo outro, porém, há alguns meses observei que minha namorada está muito inconstante na vida sexual.
Eu preocupo-me em excitá-la ao máximo, fazendo carinhos e conversando sobre suas fantasias. Costumamos ter sexo de noite na casa dela, o problema é que muitas vezes ela pára no meio da relação, dizendo que não está relaxada ou simplesmente pára e chora nos meus braços. Conversamos muitas vezes sobre isso, ela dá uma desculpa diferente, ora dizendo que não estava com vontade (mas eu percebia que ela estava excitada), ora dizendo que sente-se mal por fazer sexo comigo na casa dela. Já tentamos ir a outros lugares, como um hotel bonito, mas além de ser muito caro, já houve vezes em que ela também parou.
Já não sei o que fazer! Faço tudo para excitá-la, converso, pergunto, mas mesmo assim isto acontece com frequência.
Já houve vezes em que eu a satisfazia 13 vezes em menos de 2 dias. Percebi que fazemos menos sexo hoje, o meu desejo continua o mesmo, mas o dela diminuiu.
Que conselhos me dá?
Hugo
 
Caro Hugo,
 
A sua namorada parece estar a sofrer dificuldades sexuais, mas pela sua descrição não saberei bem quais. Por vezes as mulheres sentem-se culpadas ou envergonhadas de ter uma vida sexual activa, pelos preconceitos de que “uma senhora” não gosta de sexo, não o faz antes do casamento…ou outras ideias feitas e preconceituosas, principalmente em relação à mulher. As exigências sociais sobre a mulher são muito duras com elas e mais brandas com o homem (embora também sejam uma forma de pressão sobre eles) e, por vezes, influenciam a felicidade individual que não se consegue libertar e viver à vontade o prazer.
Tem de falar com ela honestamente e sem pressões, sobre o que a preocupa, como ela gostava que fosse a vossa vida sexual, o que poderá ter mudado para ela… Sem pressões nem preconceitos, pelo vosso amor. Pode tentar ter relações noutro local, onde se sintam à vontade, íntimo e privado e criar um ambiente especial. Tente explorar com ela o prazer sem a pressão da penetração: diga-lhe em sussurro que vão fazer amor sem penetração e veja como ela reage (pode ser que ela goste mais da excitação do que da penetração, o que é muito frequente em muitas mulheres); faça-lhe massagens e carícias sem fim; dê-lhe um banho perfumado; leia-lhe histórias eróticas como se fossem vós as personagens principais…use a sua imaginação para lhe oferecer pedaços de prazer inesquecíveis!
Se as suas tentativas não funcionarem, deve precisar de bastante tempo para sentir alterações, pense em ir com ela a uma consulta de planeamento familiar ou de sexologia para falarem com um especialista sobre a questão e tentarem encontrar soluções em casal. Boa sorte.

Apetite sexual

 

Tenho 18 anos e já iniciei a minha vida sexual há algum tempo com o meu parceiro. O que se passa é que não tenho apetite sexual. Ele por vezes queixa-se, mas eu não tenho culpa de não me apetecer. Gostaria de saber se algo de errado se passa comigo, uma vez que ainda sou muito nova. Agradeço que a publicação desta mensagem seja feita sem qualquer nome identificativo.

 

 

Cara leitora,

é ainda bastante jovem e por isso está ainda numa fase de descoberta sexual. Aconselho que converse com o seu parceiro e que em conjunto explorem com mais calma e atenção todas as suas áreas erógenas. Dessa forma tanto a leitora como o seu namorado vão descobrir o que lhe dá prazer, o que vai ajudar a aumentar o seu desejo sexual. Aconselho também que a leitora experimente a masturbação em privado, e que depois partilhe com o seu namorado o que aprendeu.

Masturbação

“Masturbo-me com a pressão da água…”

 

“(…) Sinto-me no céu quando estou no banho e aproveito a pressão da água do chuveiro para me masturbar. É normal sentir tanto prazer desse modo?”

Carlos, Estoril

 

 

Caro Leitor,

Existem diversas formas de alcançar o próprio prazer, uma delas é através da água que, em contacto directo com corpo, pode causar sensações indescritíveis. Para além disso, a água possui  um efeito relaxante, proporcionando a calma, diminuindo a ansiedade e ajudando na  libertação de energias.

A prática da masturbação no banho, seja ela individual ou conjunta, pode ser um estímulo para a renovação de energias e uma prática agradável, mesmo para preceder uma relação sexual.

Este momento é de puro relaxamento, tanto físico como psicológico, rompendo as barreiras do inconsciente, relativamente às fantasias sexuais. Não se martirize por ter este tipo de práticas, pois hoje em dia é perfeitamente normal, visto que permite um contacto mais íntimo e prazeroso.

Tema de hoje: Erecção e excitação

 

Cada vez que eu e o meu namorado vamos ter relações sexuais, ele chega ao momento e nunca consegue. Antes de colocarmos o preservativo ele está sempre erecto mas quando ponho o preservativo lá se vai a erecção...já é a terceira vez...será que não lhe dou excitação suficiente ou terá algum problema?
Geraldina
 
Cara Geraldina,
 
Não interprete as dificuldades do seu namorado como um defeito seu. A prova de que a Geraldina o excita muito é a de que ele tem erecção antes de tentarem a penetração. A ansiedade de lhe querer agradar e dar prazer, e outros factores que desconheço (medo de falhar, falta de experiência sexual, medo de uma gravidez indesejada, entre outras possibilidades) levam a que sinta ansiedade em vez de prazer, ao tentar a penetração e, como tal, entra num ciclo vicioso e perde a erecção.
Aconselhe-o a colocar o preservativo sozinho, fora das relações sexuais, na masturbação, para que se habitue a ele. Como a colocação requer algum cuidado pode ser isso que o está a inibir no momento da penetração e todos os homens precisam de prática. Não deixem de utilizar um método contraceptivo, pois a ansiedade não é amiga da excitação e do prazer, pelo que essa preocupação deve estar para trás das costas.
Tente acompanhá-lo a sair desse ciclo vicioso voltando à estimulação, não o deixando sozinho nem a parar de fazer amor por não terem conseguido a penetração, voltar a tentar sem o fazer sentir-se pressionado. Seja criativa no modo de lhe mostrar que a erecção não é o mais importante para o prazer que vocês podem tirar da sexualidade um do outro.

Tema de hoje: Ejaculação

 

 

 

Olá!  Gostaria de saber por que razão às vezes eu demoro para ejacular, pois quando isso acontece a vagina da minha esposa começa a perder a lubrificação e eu tenho que parar. Existe algum remédio para deixar a ejaculação normal?
Obrigado.
Luiz
 
 
 
 
Caro Luiz,
 
Há várias questões a considerar na sua pergunta: isto sempre lhe aconteceu? Começou recentemente, associado a alguma mudança na sua vida pessoal ou na sua vida conjugal? Quando fala de demora, a quanto tempo exactamente se está a referir? Está a tomar alguns medicamentos que possam afectar o seu desempenho sexual?
 
É normal que tenha alturas da sua vida em que o orgasmo e a ejaculação sejam mais difíceis – se estiver preocupado com alguma coisa, se a vossa relação tiver sofrido alguma crise ou problemas, se estiver cansado no momento – os factores de influência muitas vezes escapam ao nosso controlo, e temos de aceitar que a performance sexual varia de momento para momento.
 
Se ambos desejam continuar a relação sexual apesar da falta de lubrificação, podem comprar numa sex-shop, farmácia, ou mesmo num supermercado, lubrificante adicional: podem ser à base de água, silicone ou óleo (este último não é compatível com o uso de preservativo), líquidos ou em bisnagas, com aromas ou inodoros e de diferentes texturas. É muito normal que a vagina não esteja sempre lubrificada, mesmo que a mulher se sinta excitada e queira continuar a penetração e não precisam de colocar muito lubrificante para sentirem o prazer.
 
Existe ainda uma situação clínica de ejaculação retardada, mas para tal ser diagnosticado no seu caso particular deve dirigir-se a uma consulta presencial de sexologia (nós estamos no Saldanha, em Lisboa e pode marcar consulta através do telefone 21 318 25 91) e a um médico urologista ou andrologista, para que lhe façam uma avaliação física aprofundada.

Tema de hoje: Problemas Sexuais

Mapplethorpe

 

 

Estou a fazer um trabalho sobre doenças sexualmente transmissíveis, a minha
pergunta é:

Refira a relação entre as doenças sexualmente transmissíveis e as condições de vida de grupos sociais específicos (pobreza, desqualificações, estilos de vida, etc). Acha que me pode ajudar?

António Mendes
 
 
 
Caro António,
Não sei se o poderei ajudar muito pois de momento a minha área de investigação não envolve infecções sexualmente transmissíveis. Para obter informação mais recente e correcta aconselho que consulte a biblioteca da sua escola e tente fazer uma busca em sites profissionais tais como o PubMed, PsycInfo, etc... O que lhe posso dizer é que os resultados de estudos variam bastante dependendo do país onde foi realizado o estudo, etc.... De forma geral, as infecções sexualmente transmissíveis não afectam grupos sociais específicos, mas sim pessoas que têm comportamentos sexuais de risco, como ter sexo ou contactos genitais desprotegidos, sem preservativo. Tal pode acontecer a qualquer pessoa que tenha uma vida sexual activa e com isto não me refiro apenas a relações sexuais com penetração, mas também a carícias, contactos genitais, sexo oral ou anal, entre pessoas do sexo oposto ou do mesmo sexo.
O que me parece essencial na questão das infecções sexualmente transmissíveis é cada pessoa deve conhecer bem o seu próprio corpo e estar atenta a sinais de alterações como comichões, inchaço, dores, mudança de cor, de cheiro ou outras. Quando estes sinais aparecem, deve consultar-se um médico o mais rápido possível, sem vergonhas nem hesitações, de modo a iniciar tratamento se necessário e não ter relações sexuais desprotegidas até ser observada e tratada.
O preservativo é o método de barreira essencial para prevenir o contágio, se bem colocado e retirado na hora certa, e tem muitas vantagens: previne igualmente das gravidezes indesejadas, há em vários sabores, cores, texturas, materiais (látex é o mais utilizado, mas existem outros, como o poliuretano), prolonga a relação sexual…
 
A correcta colocação deste método é:
1) Verificar antes do encontro o estado da embalagem, a data de validade e se tem certificado de qualidade de Comunidade Europeia, que garante que está em boas condições;
2) Quando há uma erecção satisfatória e antes de qualquer contacto genital, abrir a embalagem exterior do preservativo, sem utilizar os dentes, tesouras, unhas ou algo afiado (pode empurrar-se o preservativo para um dos lados da embalagem);
3) Com três dedos (polegar, indicador e médio) agarrar a ponta/recipiente do preservativo, para haver espaço para onde o esperma sair.
4) Logo depois de ejacular, retirar o preservativo a partir da base do pénis, para que não deixe sair nenhum sémen para a zona genital vaginal, dar um nó, embrulhar em papel e deitar num caixote do lixo.
Se se seguir estas regras e apenas se utilizar lubrificante adicional à base de água e nunca à base de óleo, a eficácia na protecção dos riscos sexuais é de 95%.
Espero tê-lo ajudado – bom trabalho!