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Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

“Serei bissexual?”

 

“Sou um jovem de 32 anos, que desde tenra idade sente imenso prazer na estimulação anal. Já tive relações quer com mulheres quer com homens (sou somente passivo), no entanto em termos emocionais e sexuais é com mulheres que me sinto completo.

Sexualmente excita-me o facto de pensar que estou a fazer sexo oral a outro homem e também que estou a ser penetrado analmente, contudo, todo o jogo de carícias, beijos e afectos causa-me alguma repulsa. Ou seja, perante todo este cenário gostaria de saber se efectivamente sou bissexual ou se este tipo de situação tem outro enquadramento?”


Telmo, Porto

 

 

Caro leitor,

Só você poderá compreender se é ou não bissexual, qualquer pessoa que o queira descobrir por si estará a trair a seu desenvolvimento pessoal. Não dê tanta importância aos rótulos, é apenas uma pessoa que tem atracções e comportamentos sexuais com outras pessoas, sejam elas quem forem.

As referências que faz aos comportamentos anais não são decisivas em nada: há muitos casais de sexo oposto que também os têm e a diversidade de experiências sexuais, desde que consentidas por ambos, são saudáveis e positivas. O facto de não experimentar a posição "activa" pode ser apenas sinal de que teme fazê-lo.

Parece-me que a repulsa que sente com carícias, beijos e afectos deve ser reflexo de uma situação muito comum em pessoas que não são exclusivamente heterossexuais – a homofobia internalizada.

Em primeiro lugar, a homofobia consiste em atitudes e sentimentos negativos em relação a questões relacionadas com a homossexualidade e relações entre pessoas do mesmo sexo. Ela existe porque a sociedade e a nossa educação é feita de modo heterossexista, ou seja, como se não existisse a homossexualidade, dirigida a normas sociais que deixam de fora uma fatia considerável da sociedade (crê-se que a população de pessoas não heterossexuais deve ser entre 5 a 10% do total).

A homofobia internalizada trata-se desta negatividade em relação a si mesmo. Repare como sente problemas em questões de intimidade e confiança com pessoas do seu sexo, embora não com pessoas do sexo oposto (pelo que expõe), mas as atracções e os comportamentos sexuais dão-lhe prazer.

Não tenha vergonha desse prazer e dessa descoberta de si mesmo. O importante é ser fiel a si mesmo e procurar a sua felicidade, sem magoar outros, num processo que por vezes não é tão rápido como desejava, mas pode ser tão gratificante, quer com homens quer com mulheres.

Tente socializar com pessoas lésbicas, gays ou bissexuais para partilhar a sua situação e preocupações, verá que o poderão compreender.