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Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

"Gostava que ela andasse sem roupa interior!"

"Ando a namorar com uma rapariga e gostava de tornar a nossa relação mais picante! Já lhe pedi para ela, de vez em quando, andar sem cuecas quando saímos, mas ela recusa-se, o que hei-de fazer? "

Pedro,
Massamá

Caro Leitor,

Compreendo a sua fantasia e imagino que esta até pode ser divertida e tornar as coisas mais escaldantes, mas deverá
respeitar a decisão da sua namorada. Experimente pedir-lhe com carinho para ela andar sem roupa interior, mas só em casa. Explique-lhe que isso o excita, tentando chegar a um acordo com a sua namorada em relação à vossa sexualidade.
Sugira outras fantasias com as quais ela se possa sentir mais a vontade, e explore também quais as fantasias que ela tem e realize-as! Divirtam-se ao porem em prática aquilo que excita ambos.

“Acho que não é higiénico…”

 

“Tenho dezassete anos e namoro há dois meses. Gosto dela, mas a minha namorada quer fazer amor quando está com o período, e a mim isso parece-me pouco natural e nada higiénico. Acho este comportamento bastante estranho, mas não sei se é normal noutros casais. Não quero criar problemas com ela, mas não sei como explicar-lhe que não gosto disto…”

 

Tiago, Sesimbra

Caro leitor,

Não existe nenhum problema médico causado por ter relações durante o período, e fazê-lo ou não depende apenas da preferência de cada pessoas. Algumas mulheres sentem-se bastante excitadas durante esses dias enquanto que outras têm dores e não querem nem pensar em sexo. Alguns homens não se importam de ter relações quando a sua parceira está com o período, pois as possbilidades de engravidar são bastante reduzidas, enquanto que outros acham desconfortável e pouco higiénico, o que parece ser o seu caso. Existem algumas formas de resolver a situação agradando a ambos. A sua namorada pode começar a tomar a pílula, o que vai fazer com que os seus períodos sejam mais curtos e tenham menos fluxo, ou então ela pode usar
um diafragma antes de terem relações, o que vai bloquear tempora iamente o corrimento sanguíneo, no entanto, ela deve tirá-lo assim que terminarem.
Aproveite ao máximo e tente não se preocupar com "pormenores". Desde que converse frontalmente com ela, visto que estão a iniciar a relação, será
mais fácil chegarem a um consenso.

“Ela desconfia que tem HIV e beijámo-nos…”

“Envolvi-me com uma mulher que suspeita que tem HIV. Não fizemos sexo oral nem houve penetração entre nós, mas trocámos muitas carícias e beijos na boca. Não houve troca de sangue ou fluidos sexuais entre nós, mas como tenho o hábito nervoso de morder o meu lábio inferior tenho medo de ter feridas e de poder ter o vírus enquanto nos beijávamos e mordiscávamos…”

 

Pedro, Lagos

 Caro leitor,

Felizmente o risco de contrair HIV através dos beijos é praticamente nulo. Para aliviar um pouco da sua ansiedade, ajuda saber de que forma o vírus HIV se espalha. O vírus pode ser transmitido quando o sangue infectado, o sémen ou as secreções vaginais entram no corpo, o que se pode dar pelas membranas das mucosas ou por uma ferida aberta, pela injecção de sangue infectado ou de produtos que estiveram em contacto com ele, como seringas partilhadas, pela transmissão da mãe para o feto ou pela amamentação de uma mãe infectada ao seu bebé. A questão essencial no que apresentou consiste em saber se essa pessoa está infectada ou não, pois refere que ela desconfia, sendo essencial, tanto para ela como para com qualquer pessoa com quem se envolva, saber ao certo, através de um teste que deve ser feito o quanto antes. Aliás, uma vez que sente receio por poder ter feridas na boca, devem ambos fazer os testes. Em princípio a saliva não transmite o vírus, pelo que mesmo que você tenha feridas na boca o sangue dela teria de ter entrado em contacto com o seu, o que não parece ser o caso, mas será mais seguro despistar esta eventualidade.

“Não consigo libertar-me…”

“Eu e o meu namorado estamos juntos há dois anos. Ele é muito carinhoso comigo, faz-me elogios e trata-me muito bem. Mas o problema é que me sinto ridícula quando me dispo à frente dele, e não sou capaz de usar lingerie sexy quando durmo com ele. Tenho uma auto-estima muito baixa, quando me olho ao espelho vejo uma mulher gorda e feia. Gostava muito de ser capaz de usar roupas sensuais para o meu namorado e de me sentir bem comigo mesma. O que hei-de fazer?”

 

Maria, Lisboa

 

 Cara leitora, Vestir roupas sexy para o parceiro pode ser uma das facetas mais divertidas da vida a dois. É muito positivo para a vossa relação que o seu namorado a elogie, mas a verdade é que por mais que os outros nos elogiem, se não existir auto-confiança em nós de nada adiantará ouvir os elogios dos outros, porque pura e simplesmente não acreditamos neles. Assim, em primeiro lugar procure perceber de que forma reage quando o seu namorado a elogia. Consegue ouvir e acreditar nos comentários positivos à sua aparência? É muito provável que a sua baixa auto-estima, ou pelo menos a avaliação negativa que faz à sua própria imagem, a afecte para além das relações íntimas. Acha que isto é verdade? No mundo ocidental, o ideal de beleza associado a corpos magros, por vezes de forma excessiva, está espalhado por toda a parte, o que faz com que muitas pessoas interiorizem imagens negativas a respeito de si próprias, desvalorizando-se por comparação com esses ideais. Uma vez que este parece ser o seu caso, é importante programar a sua mente para alterar a forma como se vê a si própria. Comece a dar mais atenção e mais valor aos comentários positivos que os outros fazem a seu respeito, tente identificar de onde vem essa imagem negativa que tem e comece a mudá-la, adquirindo maior confiança em si própria. Pode consegui-lo com a ajuda de um psicólogo que a faça identificar as causas e origens dessas ideias erradas a seu respeito para que aprenda a amar-se exactamente como é. A partir do momento em que começar a descobrir a sua beleza verá como deixará de ter medo de se despir em frente do seu namorado, o que dinamizará a vossa relação.

“Não consigo estimular o meu clítoris…”

“Já li em revistas e sites na Internet que o clítoris é fundamental para o
prazer feminino, e que é tão sensível à excitação como o pénis. Contudo, quando
toco o meu clítoris sinto apenas um ligeiro prazer, e muitas vezes nem sinto
nada. Como sei onde está o meu clítoris, porque é que não consigo estimulá-lo?”

 

Tatiana, Braga

 

Cara leitora,

Não se passa nada de errado consigo. O
clítoris é uma parte muito especial da anatomia feminina, que existe apenas
para proporcionar prazer. No entanto, o corpo de cada mulher é único e reage de
maneira diferente ao mesmo tipo de estímulos. Algumas mulheres têm sensações de
intenso prazer quando o seu clítoris é estimulado através dos toques, beijos,
da pressão, quando o sentem acariciado, esfregado, ou pela sucção. Para outras
mulheres, contudo, o prazer é descoberto a pouco e pouco pela estimulação do
clítoris através da masturbação, o que exige dedicação e prática, e que pode
ser feita sozinha ou com o seu par. Saiba que existem mulheres para quem a
estimulação directa do clítoris é puramente desconfortável. Lá por as mulheres
terem um “botão mágico” que contém entre 6000 a 8000 terminações nervosas isso
não significa que vai lançar foguetes de cada vez que é tocado! Uma vez que
refere que sente um ligeiro prazer algumas vezes, por que não experimenta
conhecer-se melhor, explorar o seu corpo e ir descobrindo a forma como este
reage? Ponha-se confortável, acenda velas, se o desejar, para criar uma
atmosfera de romance, e descontraia. Massaje-se a si própria, comece pela nuca,
têmporas, rosto, pescoço, orelhas, ombros, braços, mãos, peito, torso, coxas,
pernas. Use as pontas dos dedos alternando com uma pressão mais firme, deixe a
imaginação levá-la onde desejar, fantasie à vontade. Quando se sentir
descontraída, toque com os dedos na vulva e no clítoris, faça aquilo que a
fizer sentir-se confortável. Experimente diversas intensidades e alterne com
tipos de toque variados, pode usar um lubrificante à prova de água para ajudar
a aumentar as sensações. Este processo pode levar tempo, mas se desfrutar dele
com calma verá que vale a pena!

“Nem a masturbar-me consigo atingir o orgasmo…”

“Sempre tive muita dificuldade para ter um orgasmo, e sinto que isso incomoda o meu namorado. Para procurar melhorar a situação tenho tentado masturbar-me e procurado atingir o orgasmo, mas mesmo assim é muito raro conseguir. Por vezes penso que não me estou a concentrar o suficiente, mas ao fim de algum tempo aborreço-me e acabo por desistir. Será que me pode ensinar a concentrar-me de forma a conseguir atingir um orgasmo? Em que devo pensar enquanto me masturbo?”

 

Laura, Setúbal

 

Cara Leitora, Tanto os homens como as mulheres podem ter dificuldade em atingir o orgasmo, embora tal seja mais frequente nas mulheres. Atingir o orgasmo requer prática para mais pessoas do que pode pensar, pois muitas vezes a vergonha impede que outras mulheres (e homens) com o mesmo problema falem acerca dele. A masturbação é essencial para que possa descobrir e compreender aquilo que a faz sentir-se bem e, por outro lado, aquilo que lhe provoca tensão e a impede de chegar ao clímax. Uma vez que já compreendeu que o ponto de partida é descobrir o seu corpo, deu o passo mais importante. O nível de concentração necessário para atingir o orgasmo é algo muito variável de pessoa para pessoa. O mais importante é entregar-se ao momento presente, centrando-se nas sensações e na intensidade do que está a sentir, em vez de se preocupar com a antecipação do resultado – ou da falta dele. Procure relaxar e desfrutar da experiência, em vez de se querer concentrar demasiado no que está a fazer. Ao reduzir a ansiedade, dedicando-se a “namorar-se” a si própria e criando uma atmosfera que a ajude a excitar-se será mais fácil libertar-se e sentir o que se passa com o seu corpo. Saiba que tudo começa na mente, por isso ao pensar que não vai conseguir atingir o orgasmo esse pensamento “actua” contra si. Quando se sentir desmotivada, em vez de desistir, insista, mas de forma descontraída, sem pressão. Pode usar apenas os seus dedos ou um brinquedo sexual, como um vibrador. Explore, procure, descubra… e acabara por encontrar o que tanto deseja!

“Quero convidar uma mulher para se juntar a nós…”

“Sou casado e amo muito a minha esposa, sempre tivemos uma vida sexual feliz e partilhamos muitos interesses, costumamos fazer quase tudo juntos. No entanto, tenho dado por mim a fantasiar em convidar outra mulher para fazer amor connosco, pois a ideia de fazer amor com duas mulheres põe-me louco. Nunca disse nada à minha esposa, mas aqui há tempos ela disse-me que achava que eu ia gostar de a ver fazer amor com outra mulher, perguntei-lhe se ela se importava e ela disse-me que não sabia ao certo. A verdade é que gostava de experimentar, mas não sei como voltar a abordar este assunto com ela porque não quero que se sinta obrigada a nada …”

Ricardo, Sacavém

 

Caro leitor, Enquanto que para algumas pessoas “dois é bom, três é demais”, a verdade é que para outras pessoas o número três na cama é bastante apreciado. Por vezes, o simples acto de partilhar uma fantasia a três com o parceiro, mesmo que não a ponham em prática, é o suficiente para apimentar a relação, revitalizando-a. Pelo que escreveu, não tem a certeza se deve voltar a insistir neste assunto, que parece até ser do interesse da sua esposa, por receio de que ela se sinta melindrada e que isso prejudique a vossa relação. Apesar de estar ao seu critério prosseguir com este assunto ou não, pode sempre optar por retomar a conversa, com naturalidade, e deixar que flua de forma natural. O mais importante, aqui, não é por enquanto se vão efectivamente convidar outra pessoa para se juntar a vós ou não. Lembre-se que em qualquer relação, seja a dois ou a três, a comunicação honesta e sincera é o factor mais importante. Se chegarem juntos à decisão de o fazerem é fundamental que o façam de forma segura para a vossa saúde, e que discutam até onde estão ambos dispostos a ir, para que possam estabelecer os limites que devem ser respeitados por ambos.

Sou paraplégico…

Tenho uma namorada e apesar de ser paraplégico temos uma vida sexual bastante activa. Uma vez que eu não consigo ter erecções a minha namorada sente-se culpada por apenas ela atingir o orgasmo durante o acto sexual, mas isso não me incomoda pois gosto de lhe dar prazer. O que devo fazer para que ela compreenda isso?

Nuno, Tavira

Caro leitor,

Muitas vezes os casais têm diferenças na forma como encaram a sexualidade e na sua definição de uma vida sexual satisfatória. Parece que o leitor se sente satisfeito com a vossa vida sexual, e que apesar de não atingir o orgasmo durante o acto sexual, o facto de dar prazer à sua parceira é fonte de prazer para si. Tente explicar isso à sua namorada, para que ela entenda que existem muitas formas de atingir o prazer sexual e que o orgasmo não é a única. Dar prazer pode também ser um grande afrodisíaco!

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