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Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

“O meu cão será homossexual?”

“Tenho um cachorrinho de 1 ano que parece ser homossexual, ignora as fêmeas e parece querer dominar os outros machos. Não sei se a homossexualidade também se encontra nos animais, mas este comportamento tem despertado a minha curiosidade, até porque mais tarde gostava de fazer criação e não sei se ele se vai interessar pelas fêmeas.

 

Luís, Santarém

 

Caro leitor,

Existem muitas espécies animais que manifestam comportamentos que podem ser interpretados como homossexuais pelos humanos, sem que tal corresponda à mesma definição. No reino animal, em algumas espécies ou alguns animais podem utilizar a sua sexualidade como forma de tentar estabelecer domínio sobre os outros animais da mesma espécie, mas quando se refere a reprodução escolhem animais do sexo oposto, por isso não se preocupe com isso. Quando chegar a altura de fazer criação, avalie com o seu veterinário qual é a melhor forma de o fazer.

 

“O meu namorado não que ter relações sexuais todos os dias!”

“Tenho 18 anos e perdi a virgindade há pouco tempo com o meu namorado, que é o primeiro. Ele tem 28 anos, mas não quer ter relações tão frequentemente como eu. Costumo vê-lo todos os dias e, por mim, fazíamos amor sempre que estamos juntos, mas ele nem
sempre se mostra com vontade. Acho estranho, porque sempre ouvi dizer que o apetite sexual dos homens é maior do que o das mulheres. Será que ele não gosta de mim? O que devo fazer?”

 

Sofia, Torres
Vedras

Cara leitora,

Cada pessoa tem um nível de desejo sexual diferente, e isso não tem nada de anormal nem significa que o seu namorado não a deseja ou não gosta de si. Apesar de serem ambos bastante jovens, ele é 10 anos mais velho, e por isso tem mais experiência e já passou pela fase da descoberta sexual, na qual você ainda está, sendo por isso natural que a sua vontade de fazer amor todos os dias seja mais forte que a dele, que provavelmente desfruta
da vossa relação noutros aspetos que também são importantes tais como a cumplicidade e a partilha de momentos a dois. Uma vez que a confiança é o pilar básico de qualquer relação e que o diálogo frontal é a melhor forma de superar mal-entendidos, converse abertamente com ele e diga-lhe que gostava de fazer amor mais vezes, pois ele até pode ficar agradavelmente surpreendido. Procurem descobrir juntos um meio-termo de frequência sexual que satisfaça ambos e dediquem-se ao conhecimento mútuo a outros níveis também, pois apesar de agora sentir uma enorme vontade de explorar a sua sexualidade vai ver que a relação será muito mais compensadora e feliz também para si.

“Tenho a mania de me despir à frente de outras pessoas!”

Tenho 47 nos e sempre tive uma vontade enorme de me despir à frente dos outros. Há já alguns anos que comecei a fazê-lo, primeiro despia-me à janela ou quando via que havia pessoas a passarem lá fora, depois comecei a despir-me no carro e em sítios cada vez mais expostos. Sinto um enorme prazer em ser visto nu por estranhos… o que hei de fazer?”

Luís, Lisboa

 

Caro leitor,

O comportamento que descreve é chamado de exibicionismo, ou seja, descreve pessoas que sentem uma vontade enorme, acompanhada por uma
satisfação sexual, por mostrar o seu corpo (na maior parte dos casos, os órgãos sexuais) a estranhos. Esse comportamento é ilegal e pode levar à prisão pois fere a sensibilidade e o pudor das outras pessoas, que não têm qualquer prazer nisso, sentindo-se até incomodadas. Aconselho-o a que consulte um psicólogo especializado em parafilias para tentar explorar as causas desse comportamento e as possíveis formas de tratamento para o evitar.

“O meu filho de 2 anos gosta de brincar com a sua fralda…”

“Tenho 26 anos e um filho com dois, que até agora é o meu único filho. Ele ainda não deixou a fralda e de há uns tempos para cá tenho-o surpreendido a colocar a mão dentro da fralda e a rir… será que este comportamento é normal?”

 

Ana Paula, Moita

 

Cara leitora,

Embora isso a deixe surpreendida e até incomodada, o comportamento que descreve é totalmente normal para um menino dessa idade e faz
parte do desenvolvimento natural da criança, que explora o seu corpo através da descoberta. Devido ao facto de o pénis ser um órgão sexual exterior que é facilmente visível e acessível (ao contrário da vagina) é normal que os meninos descubram os seus órgãos sexuais mais cedo do que as meninas, e tenham tendência a experimentar as sensações de certo prazer que o toque do corpo proporciona, sendo ainda diferentes da forma como são vividas na idade adulta. Não o castigue por esse comportamento, ensine-o que não o deve fazer em público e mantenha-se atenta pois com o tempo este comportamento deverá desaparecer naturalmente. Se tal não suceder, converse com o seu pediatra que a poderá aconselhar se deve procurar o apoio de um terapeuta.

 

“Não me sinto aceite pela minha família.”

“Tenho 27 anos e desde muito nova que percebi que sou lésbica. Gostava muito de apresentar a minha namorada e os meus amigos à minha família, mas como venho de uma família muito conservadora não me sinto à vontade para o fazer. Os meus irmãos já sabem e a reação deles foi fria, sei que no fundo me olham de forma diferente. Tenho algum receio da reação dos meus pais, se por um lado gostava de lhes contar por outro não seicomo o fazer.”

 

Teresa, Sintra

 

Cara leitora,

Compreendo que se deve sentir frustrada com a situação, uma vez que não pode ser autêntica e frontal quanto à sua vida pessoal com a sua família, acabando por não poder juntar as pessoas que são mais importantes na sua vida. Muitas vezes as pessoas acabam por discriminar aqueles que não compreendem, ou que são diferentes de si próprias. Também acontece, por outro lado, as próprias pessoas serem mais discriminatórias, julgando que não serão compreendidas ou aceites pelos outros quando na verdade a reação alheia é bastante melhor do que se esperava. Apesar de os seus irmãos terem reagido com frieza, tal não significa que as restantes pessoas da sua família o façam, mas se não lhes der a oportunidade de se manifestarem nunca o saberá. Por isso, apesar de ser difícil, tente falar do assunto com a sua família da forma mais natural possível, pois quanto mais a sua família tiver a oportunidade de conversar consigo, saber a forma como vive a sua vida privada e sentir que confia neles e que a sua reação a esse assunto é importante para si, mais fácil será da parte deles aceitarem que tem todo o direito a ser feliz, seja com quem for.

“Não consigo ligar-me emocionalmente a ninguém...”

“Tenho 45 anos e nunca tive um relacionamento prolongado, o meu namoro mais duradouro não foi além dos quatro meses. Embora não tenha problemas em conhecer homens interessantes a verdade é que me aborreço rapidamente, nunca chego a um nível de intimidade emocional, quando me começo a sentir “presa” afasto-me. Os meus relacionamentos até aqui têm sido, basicamente, relações fugazes e centradas na sexualidade.”

 

Joana, Almada

 

Cara leitora,

Para algumas pessoas é mais fácil ter um envolvimento sexual do que emocional, o que parece ser o seu caso. Enquanto numa relação sexual não tem de lidar com a personalidade do parceiro no dia a dia nem precisa de expor os segredos e pormenores do seu caráter, um relacionamento amoroso implica uma entrega e uma partilha construída ao longo do tempo e de forma constante. Algumas pessoas sentem-se vulneráveis por se darem a conhecer dessa forma, pois numa relação afetiva as barreiras acabam por cair e as pessoas acabam por ter de se mostrar como efetivamente são, com todos os defeitos e qualidades que as caracterizam. Por aquilo que descreve, você envolve-se com parceiros mas sem deixar que esse relacionamento seja algo mais profundo, e faz isso como forma de se proteger emocionalmente. Um relacionamento íntimo e profundo pode ser maravilhoso, mas também bastante assustador na medida em que se pode magoar se as coisas não correrem bem.  Procure compreender porque razão se protege tanto, pois por trás de uma atitude aparentemente desligada poderá esconder-se uma forte insegurança e desejo de proteção. Ao aprender a aceitar-se a si
própria e a lidar com as suas vulnerabilidades tornar-se-á mais fácil e natural o envolvimento com outra pessoa além do domínio físico.

 

“Só consigo ter relações sexuais depois de beber álcool!”

 

“Tenho 19 anos e ando na faculdade. Já tive algumas relações superficiais com raparigas e iniciei a minha vida sexual recentemente. No entanto, desde que iniciei a minha vida sexual que não consigo ter relações sóbrio, acabo sempre por arranjar pretextos para beber antes de chegarmos a vias de facto, embora tente evitar que as outras raparigas com quem estou se apercebam. Porque será que isto
acontece? O que é que se passa comigo?”

 

Fernando, Coimbra

 

Caro leitor,

A situação que descreve é mais comum do que provavelmente imagina. Existem muitos jovens que, devido à inexperiência, sentem uma grande
ansiedade causada pelo medo de não conseguirem ter uma ereção ou não conseguirem satisfazer sexualmente a sua parceira. Nessas situações, por vezes o álcool acaba por ser usado como solução imediata, que ao proporcionar relaxamento ajuda a dissipar os bloqueios, para além de os deixar mais extrovertidos e comunicativos. Esta solução, além de ser prejudicial para a saúde, é apenas temporária, adiando a resolução do problema em vez de o enfrentar. Paracombater essa ansiedade comece por aceitar que ainda não é muito experiente, pelo que é perfeitamente natural que tenha muito para aprender e para melhorar no seu desempenho sexual. Por outro lado, evite envolver-se sexualmente com raparigas com quem tem uma relação superficial, pois numa relação em que existe cumplicidade, amor e confiança construídos ao longo do tempo a ansiedade diminui naturalmente. Conversar com a sua parceira acerca dos seus receios também irá ajudá-lo a porque a relação sexual é vivida de uma forma mais partilhada lembre-se que as raparigas da sua idade também não têm muita experiência. Em vez de exigir demasiado de si próprio, descontraia e viva a sexualidade como um processo de descoberta!

 

“Continuo a sentir desejo sexual!”

“Tenho 64 anos e continuo com vontade de fazer amor com o meu marido. Pensava que com o avançar da idade esse desejo fosse diminuindo, mas tal não tem acontecido. Será normal?”

 

Maria do Céu, Castro Daire

 

Cara Leitora,

Infelizmente, a crença de que as mulheres mais velhas não têm vontade nem capacidade para manter uma sexualidade activa ainda se mantém nos dias de hoje. Esta noção não passa de um mito social que ficou instalado na cabeça das pessoas, e muitas têm-no como uma realidade, condicionando a própria vida sexual e afectiva. O certo é que, com o passar dos anos, surgem algumas condicionantes que limitam a performance sexual, contudo isso não significa que as pessoas não estejam aptas a ter uma vida sexual activa. Dentro das suas limitações podem definir estratégias que permitam a continuidade da actividade sexual. A verdade é que, com a idade e as suas próprias limitações, isto é, a menopausa e a consequente diminuição do nível de estrogénio, a sexualidade feminina começa a ser vivida de uma outra forma, o que não significa que a mulher tenha que dar como encerrada a sua vida sexual. Muito pelo contrário, se ainda manifesta vontade sexual não há mal nenhum em satisfazer os seus desejos. É perfeitamente saudável e natural, pois o fim da vida reprodutiva não significa o fim do prazer sexual. Neste sentido, encare este seu desejo de prolongar a sua vida sexual como algo normal e viva a sua sexualidade com a maior naturalidade, eliminando da sua cabeça qualquer sentimento de culpa.

 

“O que é o “fisting?”

“Sou lésbica e não tive muitas experiências sexuais, mas gostaria de vir a ter. Tenho procurado informação na Internet e em revistas e ouvi falar sobre o “fisting”, mas não sei exactamente de que se trata ou como seu faz. Pode esclarecer-me?”

Filipa, Sacavém

Cara leitora,

A técnica do fisting, que tanto pode ser utilizada entre mulheres como numa relação heterosexual, não é geralmente explicada mesmo quando se abordam as questões relativas às técnicas sexuais. O fisting consiste em introduzir toda a mão dentro da vagina ou do ânus da parceira/(o), e aqueles que são adeptos desta técnica consideram que traz sensações de prazer muito intensas para ambos os parceiros. Há que ter em conta, contudo, que existem riscos envolvidos, pois embora possa proporcionar um prazer muito intenso também causa dor e pode danificar os tecidos da pele. Nesta técnica é fundamental que haja comunicação e confiança mútua, descontracção e muito lubrificante. As unhas devem estar cortadas e limpas, sendo aconselhável usar uma luva de látex, bem lubrificada, na mão que é introduzida. Além de o látex tornar a entrada mais suave, funciona como uma barreira de protecção que impede a transmissão de doenças. No caso de fisting vaginal, deve ser utilizado um lubrificante à base de água porque não
irrita a pele, no caso de fisting anal pode ser um lubrificante mais oleoso o à base de silicone, para que seja mais duradouro. Embora os lubrificantes oleosos danifiquem o látex as luvas são mais resistentes do que os preservativos. Antes de por esta técnica em prática é fundamental que ambos os parceiros estejam absolutamente descontraídos, e a pessoa que penetra a outra deve começar suavemente por introduzir os dedos, gradualmente e sem pressas. Quando os dedos estiverem introduzidos, devem enrolar suavemente até o punho fechar, enquanto a mão é introduzida também. Quando toda a mão estiver dentro da vagina ou doânus, a pessoa que faz a penetração pode abri-la e fechá-la suavemente, como se estivesse a apertar uma bola anti-stress, para estimular a outra pessoa. Durante todo este processo é fundamental que haja uma boa comunicação entre os parceiros para evitar a dor, e tudo deve ser feito com calma e muita suavidade.

“Sou louco por nádegas!”

“Tenho vinte e três anos e sempre fui louco pelos rabos femininos. Sempre que vejo uma rapariga com um rabo bonito sinto uma vontade quase incontrolável de o agarrar, beliscar, ou de lhe dar palmadas. Gostava de saber se este tipo de pensamento faz de mim um tarado, ou se é parte do comportamento normal do ser humano.”

 

Ricardo, Matosinhos

 

Caro leitor,

É normal as pessoas admirarem e sentirem uma atracção especial por determinadas partes do corpo, formas corporais, cor do cabelo, tom da pele, cheiros, etc. Estes atractivos despertam o desejo e fazem parte da nossa “assinatura sexual” individual. O desejo de “tocar” numa parte específica do corpo de outra pessoa é normal. O que deixa de ser normal é agir de acordo com esses impulsos sem o consentimento da outra pessoa. Desde que reconheça aquilo que o excita e que o discuta com uma parceira que esteja disposta a partilhar fantasias consigo, então não há limites para o seu prazer. No entanto, mesmo quando há mútuo consentimento tenha em consideração que aquilo que é aceite e estimulante num momento poderá deixar de o ser noutras ocasiões. Tocar alguém que não o consente é sempre uma violação do direito individual, por isso lembre-se que as suas fantasias deixam de ser normais a partir do momento em que assumem proporções exageradas no seu pensamento ou que as procura pôr em prática deliberadamente. Nesse caso é aconselhável procurar o apoio de um terapeuta.

 

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