“Tenho 14 anos e não me sinto nada confortável com o meu corpo, pois continuo sem ter peito, enquanto todas as minhas amigas já usam soutien e algumas têm o peito mesmo bastante pronunciado. O que se passa de errado comigo? Também ainda não tenho a menstruação, e gostava de saber se há algo que possa fazer para acelerar esse processo.”
Luísa, Évora
Cara leitora,
De fato a única coisa que pode fazer é ter experiência e esperar, pois o desenvolvimento do corpo não acontece na mesma altura para todas as raparigas e rapazes, e embora geralmente a primeira menstruação e o crescimento do peito surjam entre os 12, 13 anos, há raparigas que só passam por essa transformação mais tarde, sendo que até aos 16 anos não tem motivos para considerar essa demora preocupante. Pode perguntar à sua mãe e tias como se processou esta alteração na adolescência delas, pois há boas probabilidade de herdar o mesmo tipo de desenvolvimento. Não deixe que a falta de peito diminua a sua auto-estima, desfrute de cada fase do seu crescimento e invista na sua beleza de outras formas. A seu tempo verá que tudo vai ao seu devido lugar.
“Tenho uma questão que gostava que me esclarecesse. É possível fazer “sexo a mais”? Há limites para o desejo sexual, ou quando este é maior do que o considerado normal podemos falar de ninfomania? Esta é considerada uma doença? Eu e a minha namorada praticamos muito sexo, e basta passarmos um ou dois dias separados para parecer uma eternidade! Seremos normais?”
Carlos, Leiria
Caro leitor,
Não há limite que defina aquilo que é ou não “sexo a mais”. A cultura, a religião, os valores familiares e, sobretudo, as necessidades fisiológicas e as escolhas pessoais de cada pessoa contribuem para essa definição, que naturalmente é variável de pessoa para pessoa. Assim, não tem de considerar como uma coisa negativa o facto de ter sempre vontade de fazer sexo com a sua namorada, sendo até bastante saudável e salutar para a relação a existência desse desejo partilhado. Desde que a atividade sexual de ambos não interfira de forma negativa com a vossa saúde, nem vos faça por de parte as vossas obrigações a nível profissional, familiar, etc., e desde que continuem a manter bons hábitos alimentares e de sono, não há mal nenhum em ambos desfrutarem desse prazer. A ninfomania não é considerada uma doença, sendo geralmente este termo utilizado para definir o desejo insaciável e a necessidade incontrolável de ter relações sexuais, muitas vezes com parceiros diferentes. O sexo torna-se uma compulsão quando se torna na única prioridade, resultando na negligência de outras componentes importantes da vida, como o sono, o trabalho, a vida social. Nestas situações, em que a pessoa não consegue controlar o seu impulso sexual, sendo controlada por ele, a medicação pode ajudar, como noutros casos de obsessão.
“Fui recentemente submetido a uma intervenção cirúrgica e perdi muito peso, estando agora com peso inferior ao que deveria. Tenho uma vida sexual ativa com a minha parceira e continuo a sentir desejo sexual, mas uma vez que estou com défice de peso tenho receio que retomar a atividade sexual normal possa ser prejudicial para a minha saúde. Gostava que me esclarecesse se não é prejudicial ter relações sexuais enquanto se tenta ganhar peso e, nesse caso, se ejacular duas ou três vezes na mesma ocasião não será prejudicial dada a minha atual condição física.”
Tiago, Massamá
Caro leitor,
Embora o seu receio seja sensato dada a sua atual situação física, não é tanto pela falta de peso como pela recuperação que o seu corpo está a fazer da cirurgia que se deve preocupar. Dependendo da intervenção cirúrgica a que foi submetido, o médico que o acompanha poderá indicar-lhe se o seu corpo já está preparado para retomar a sua vida sexual de forma segura. Pode, também, usar a imaginação e a criatividade, pois a intimidade não se resume ao ato sexual em si, pelo que pode partilhar momentos de intimidade com a sua parceira mesmo que ainda não possa fazer grandes esforços físicos. Pode, por exemplo, trocar e-mails provocatórios com a sua companheira, conversas telefónicas mais picantes, beijos sensuais e toda uma série de toques e carícias que, não sendo intrusivos, contribuem para apimentar o romance e manter acesa a chama da paixão e do desejo. Quando retomar a prática sexual experimente posições que lhe proporcionem maior conforto e que não exijam muito do seu corpo, mantendo um registo mais “suave” durante pelo menos as primeiras seis a oito semanas após a operação. No caso de a sua intervenção cirúrgica ter estado relacionada com a região pélvica ou com os órgãos sexuais o seu tempo de recuperação e os cuidados que precisa de ter serão maiores, pois o corpo precisa de tempo para cicatrizar e recuperar. A questão da falta de peso também é importante, mas à medida que recuperar o seu peso normal o seu corpo também estará a restabelecer-se e pode retomar as suas atividades normais.
“Tenho uma questão que gostava que me esclarecesse, e que se prende com o aborto, apesar de eu não ter filhos nem estar grávida, mas ouvi falar nesse assunto e não fiquei esclarecida. O aborto realizado no segundo ou no terceiro trimestre da gravidez é perigoso? Se for induzido, limita a capacidade de voltar a engravidar e ter filhos no futuro? De que forma pode afetar a saúde da mulher?”
Clara, Coimbra
Cara leitora,
Quanto mais cedo for feito o aborto, menos riscos traz para a saúde da mulher e mais simples é o procedimento, sendo que no terceiro trimestre de gravidez é já um estádio bastante avançado, só acontecendo em casos de extrema necessidade. Se for efetuado nas condições adequadas de segurança em princípio não terá interferência na possibilidade de gravidezes futuras, mas quanto mais tarde acontecer maior é o risco de sofrer complicações, sendo que um aborto após as 20 semanas de gravidez tem o mesmo risco de morte que um parto. O aborto tem também o risco de provocar hemorragias maiores ou menores, infeções e ferimentos nos órgãos associados, assim como coágulos no útero e reações alérgicas. No caso de ser mesmo necessário abortar, deve ser feito assim que possível.
“Há algum tempo atrás a minha namorada disse-me que eu estava mais gordo e isso está a deixar-me preocupado. Já pensei em fazer uma dieta, mas depois penso que ela deveria gostar de mim tal como sou. Não sei se é paranóia, mas acho que a atitude sexual dela tem vindo a mudar.”
José, Malveira
Caro Leitor,
Procure não levar tão a sério o comentário pouco feliz por parte da sua namorada, pois possivelmente ela não o fez por mal e provavelmente nem se deu conta da instabilidade psicológica que lhe causou com isso. A não ser que a sua obesidade seja tanta que ponha em risco a sua saúde, não se martirize com esse tipo de pensamentos, pois para além de o estar a perturbar psicologicamente está a afetar o seu desempenho e vigor sexual. Converse com a sua namorada sem tabus e mostre o quanto ficou magoado com aquela afirmação. Talvez o facto de achar que o comportamento da sua namorada está diferente também esteja relacionado com a sua mudança de atitude. O amor não tem a ver com a aparência física porque a cumplicidade e o respeito mútuo do casal é que são importantes para a solidificação de uma relação. Através do diálogo e de uma atitude compreensiva podem melhorar a vossa vida sentimental e estimular o desempenho sexual.