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Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

“Fumar erva durante a gravidez faz mal ao bebé?”

“Costumo fumar erva de vez em quando socialmente quando estou com os meus amigos. Descobri que estou grávida e como tal gostava de saber se faz mal ao bebé, pois uma amiga disse-me que não faz mal se não fumar muito. É verdade? Não quero correr riscos.”

 Ana, Porto

 

Cara leitora,

O consumo de substâncias traz sempre perigos para a saúde, sendo ainda mais grave quando a mulher se encontra grávida. Em primeiro lugar, fumar seja o que for durante a gravidez, mesmo tabaco, priva o feto de oxigénio e interfere negativamente com o fornecimento de sangue ao feto. Se não receber oxigénio suficiente, o bebé pode nascer mais pequeno em altura e com menor peso, e os bebés que são mais pequenos têm maiores problemas após o nascimento, tais como infeções e problemas respiratórios, assim como dificuldades a nível da alimentação, problemas sanguíneos, oculares, dificuldade de o sangue chegar ao cérebro, entre outros. Por outro lado, os bebés cujas mães consomem drogas enquanto estão grávidas ou no período de amamentação são mais nervosos e agitados. Assim, embora não seja fácil abdicar de hábitos que sempre teve, deve aconselhar-se com o seu médico para que ele a ajude a ter uma gravidez mais saudável, proporcionando saúde e bem-estar ao seu bebé.

 

“Posso deixar de usar preservativo?”  

Retrato de mulher triste e chateada na camisa com dor de cabeça, estresse,  problemas, tocar os templos com os dedos e fechar os olhos, de pé sobre a  parede cinza | Foto

“Tenho 29 anos e comecei um relacionamento há quatro semanas. Estou muito apaixonada pelo meu namorado, temos uma relação sincera e frontal e ele já me falou de todos os relacionamentos que teve no passado. Será que posso deixar de usar preservativo quando temos relações, visto que já o conheço bem e tomo a pílula como método anticoncecional?”

 Vanessa, Sintra

Cara leitora,

Determinar se é seguro deixar de usar preservativos com o seu namorado não é algo tão linear como dizer que já se conhecem bem. Independentemente do grau de sinceridade dele para consigo, o facto de estar apaixonada faz com que veja tudo com uma lente cor-de-rosa que pode corresponder ou não à realidade, podendo correr riscos que condicionam a sua vida para além de qualquer relação. O uso de preservativo é essencial para prevenir a transmissão de infeções e doenças, assim como para evitar uma gravidez indesejada, embora também tome a pílula. O facto de se sentir à vontade com o seu namorado é muito positivo, pois a confiança e a sinceridade são essenciais para poder construir qualquer relação sólida e duradoura. Contudo, a única forma segura de optar por deixar de usar preservativos com o seu namorado é fazerem ambos os testes e exames necessários para se assegurarem que estão ambos saudáveis. Mesmo estando ambos a ser sinceros existe a possibilidade de estarem infetados sem saberem, por não terem ainda sintomas, e nesse sentido é também importante estarem ambos informados para evitar contaminar o outro. Aconselhe-se com o seu médico e façam ambos os testes, tendo em conta que alguns vírus levam seis meses até serem detetados nos testes, e não se precipite pois quatro semanas é ainda pouco tempo para tomar uma decisão tão vital como esta.

 

“Tenho vergonha de pedir ajuda…”

“Tenho 39 anos e a minha vida sexual nunca foi feliz. Não me sinto à vontade com a minha sexualidade e sempre tive diversos problemas nos meus relacionamentos, mas tenho vergonha de pedir ajuda. Não sei o que posso fazer…”

Susana, Ericeira

Cara Leitora,

Muitas pessoas estão ainda um pouco apreensivas em respeito à inclusão de técnicos de sexologia para ajudar a superar os problemas conjugais. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS – tratar da saúde sexual é um direito que assiste a qualquer cidadão. Acredite que a intervenção de um técnico especializado pode ajudar a ultrapassar situações decorrentes de disfunções sexuais que, por vezes, prejudicam a vivência entre o casal. O papel principal de um terapeuta reside em conseguir detetar problemas e encontrar uma solução que ajude a superar a situação.

Estas terapias demonstram uma maior eficácia se forem feitas pelo casal. Assim sendo, não tema recorrer à ajuda de um terapeuta sexual, pois a sua ajuda poderá ser determinante.

 

“Ele não gosta dos meus seios…”

“Namoro há 4 meses, e nunca tinha tido um namorado antes. De há umas semanas para cá, o meu namorado tem feito alguns comentários sobre os meus seios que me fazem pensar que não são do seu agrado, e isso incomoda-me. Mas não sei como abordar o assunto para não o perder…”

 Carmo, Évora

Cara leitora,

Realmente pelo que conta, a atitude do seu namorado não é muito habitual quando se ama e se pretende a harmonia e o bem-estar de uma relação.

A atenção que o seu namorado tem demonstrado em relação aos seus seios é um pouco estranha e pode ser apenas a denúncia de que algo poderá não estar a correr tão bem no vosso namoro como ambos desejavam. Por isso, não tenha receio em conversar com o seu namorado, pois quanto mais adiar essa conversa mais tempo esse assunto ficará por resolver, e tal facto pode vir a condicionar a sua vida sexual. O seu namoro não deve ficar regulado por comentários imaturos que a deixem constrangida e insegura. Tenha uma conversa aberta e honesta com o seu namorado pois esses comentários podem ser uma forma de expressar algo que ele não tem coragem de lhe dizer directamente.

Quanto à fisionomia dos seus seios, isso é algo que não a deve preocupar, pois os seios de uma mulher não são todos iguais e nem existe um protótipo do tamanho ideal. Tente não ficar obcecada com esses comentários para que não afectem a sua performance sexual.

“Acho que ele me trai com outra mulher!”

Bored-couple-sitting-on-sofa-not-looking-at-each-other - Heartnsoul Matters

“Sou casada há 23 anos e sempre tivemos uma boa relação. Mas ultimamente estou preocupada porque o meu marido parece mais distante de mim, sinto que ele não me está a contar qualquer coisa e já comecei a pensar que deve ter outra mulher. O que devo fazer? Tenho medo que ele me deixe…”

Joana, Famalicão

 

Cara leitora,

Pela sua carta é muito difícil saber o que poderá passar-se com o seu marido e consigo. A comunicação no casal é essencial, mesmo que descubram partes de vocês mesmos difíceis de aceitar. Não alimente os seus medos apenas com base na distância dele: pode dever-se a problemas no trabalho, problemas financeiros, alguma preocupação que lhe quer poupar… talvez precise da sua ajuda e tenha também medo de lhe pedir ou de assumir que tem alguma dificuldade.

Fale com ele sem o pressionar a exprimir qualquer coisa (que até pode não existir!), mostre-se disponível e aberta a ouvi-lo e mostre que gostava de o poder apoiar e compreender, sem vergonha de lhe mostrar que se sente insegura e com medo da sua distância.

 

“Não consegui estar à altura dela”

Worried Boy 300 x 200 - The Happiness Couch 

“Estou muito preocupado com o que me aconteceu na minha primeira vez. Namoro há 2 meses, tenho 18 anos, e tentámos ter relações sexuais pela primeira vez, na casa dela quando os pais estavam fora. Não consegui fazer nada, sentia-me muito nervoso e agora tenho medo que ela conte aos nossos amigos e me deixe. Por favor, ajude-me.”

 

Hugo, Braga

 

Caro leitor,

 

O que lhe aconteceu é muito normal nas primeiras tentativas de ter relações sexuais: ficou ansioso por ser a primeira vez, por querer agradar à sua parceira, por não estar seguro de que vá correr bem, pode também ter medo de engravidar a sua parceira cedo demais na vossa vida…Podem ser muitas as preocupações – mas não desespere! Fale com ela sobre aquilo que o preocupa e vai ver que também ela pode ter preocupações semelhantes e tal irá aproximar-vos e deixar-vos mais à vontade para a descoberta da sexualidade.

Aconselho-o igualmente a masturbar-se sozinho e a colocar o preservativo masculino (que pode ter gratuitamente em centros de saúde, centros de jovens ou outros), para que se habitue e se sinta mais à vontade e confortável com este método contraceptivo e de protecção das infecções sexualmente transmissíveis.

É importante que comuniquem e preparem a vossa primeira relação. Não se apressem, relaxem, acariciem-se durante muito tempo – fazer amor não é só a penetração, mas a intimidade, o carinho, podem fazer massagens, inventar brincadeiras para descobrirem o que vos dá mais prazer, experimentar óleos, lubrificantes, brinquedos eróticos… deixem-se levar pela imaginação!

“Não consigo agradar à minha mulher”

Bored Couple Eating Popcorn and Watching TV at Home by AnnaStills |  VideoHive

“Escrevo-lhe porque estou com a minha mulher há 4 anos e começo a não aguentar mais. Ela arranja discussões comigo a toda a hora e não lhe consigo agradar, por muito que me esforce (e eu esforço-me!). Às vezes ela é mesmo agressiva e assusta-me o que eu possa vir a fazer. Sinto-me um falhado, frustrado e incapaz de a fazer feliz. Ultimamente nem na cama consigo… O que se passa comigo?”

Miguel, Lisboa

Caro leitor,

A sua relação precisa de mudar comportamentos e expectativas, para que ambos se sintam melhor. Tem de experimentar caminhos alternativos, pois discutir, ainda por cima agressivamente, não é solução para nenhum de vós e pode mesmo ser perigoso fisicamente. Lembre-se que a violência conjugal não é só física, pois a psicológica também existe e também magoa, e ambas têm a tendência de aumentar em escalada, quer comecem na mulher ou no homem. As consequências da violência, para quem a sofre, são como descreve a frustração, sentir-se diminuído, e outras emoções negativas e que o desvalorizam. É muito natural, neste contexto, que não lhe apeteça nem consiga ter relações sexuais – a sexualidade é um espaço de intimidade positiva e se o resto da vossa relação não o é neste momento, isso reflecte-se também nas relações sexuais.

Têm de encontrar em conjunto um espaço de reflexão e de planeamento do vosso futuro e, se a sua mulher estiver disposta, deve mudar algumas características da vossa relação e do modo como o trata. Seria aconselhável que procurassem uma ajuda especializada na resolução de conflitos, por exemplo terapia de casal.

“Tenho medo de começar a tomar a pílula.”

When We Fear an Outcome | Guideposts

“Tenho 20 anos e comecei agora a minha vida sexual. A minha médica de família mandou-me tomar a pílula, mas tenho medo dos efeitos que possa ter na minha saúde…Tenho uma tia que morreu de cancro da mama e tenho medo que a pílula leve a isso mais tarde. Acha que devo tomar?”

Joana, Porto

Cara leitora,

Se iniciou a sua vida sexual é realmente aconselhável que comece a fazer contracepção, pois irá prevenir a gravidez indesejada e sentir-se-á mais à vontade para sentir o prazer.

Há muitas opções à sua disposição no mercado e até com total comparticipação, desde a contracepção hormonal a outros métodos, O preservativo é o único método que a protege igualmente das infecções sexualmente transmissíveis, embora a sua utilização dependa bastante da cooperação do seu parceiro, pelo que devem considerá-lo ambos, mesmo fazendo outro método (a contracepção dupla é a mais eficaz).

Não precisa de se preocupar com interacções com cancros da mama, pois a pílula não leva ao cancro. Outras causas aumentam a probabilidade de virmos a ter cancro, mas não há uma relação de causa-efeito nas mulheres que tomam a pílula. Pode até prevenir que alguns cancros surjam, pois as mulheres que fazem contracepção podem ser melhor seguidas e observadas ginecologicamente que as outras – e a vigilância na saúde sexual é essencial.

Fale melhor com o seu médico sobre as opções existentes e qual será a mais adequada para si. Dentro da contracepção hormonal há o implante contraceptivo, o adesivo, o anel vaginal – com doses hormonais muito baixas; há o dispositivo intra-uterino; entre outros mais ou menos definitivos e de eficácia relativa.

 

“Será que é possível reconhecerem que sou homossexual?” 

“Sou homossexual há algum tempo, nunca escondi isso de ninguém, no entanto, há algum tempo coloca-se uma questão que não tem saído da minha cabeça: Será possível ao olharem para mim descobrirem que sou homossexual?” 

Nuno, Espinho 

Caro Leitor, A maioria das pessoas nunca pensa que as pessoas que conhecem podem ser homossexuais, assumindo logo à partida que todas as pessoas são heterossexuais. Além disso, as pessoas pensam que têm uma imagem nítida e claramente definida de como é a aparência dos homossexuais, acham que todos os homossexuais são efeminados. Trata-se de uma opinião generalizada, mas que não corresponde de todo à realidade. A maioria dos homossexuais tem a mesma aparência e agem tal e qual como as pessoas heterossexuais. As pessoas com “maneirismos”, os ditos “efeminados” são uma minoria entre os homossexuais, por isso não se preocupe com essa questão. Se este é um factor que o incomoda assim tanto, experimente perguntar a opinião sincera de alguns dos seus amigos mais próximos, pois as pessoas que o conhecem bem poderão responder à sua pergunta. No entanto, é importante concentrar-se em si, no seu sentir e na forma saudável como vive a sua orientação sexual, tentando retirar dessa opção o maior prazer e gratificação possível, tendo em vista o equilíbrio emocional.

“Violência como forma de atingir o orgasmo”

Playful And Happy Couple Fighting For Fun by Simone Wave - Couple, Playful

 

“De há uns tempos para cá a única forma de o meu parceiro atingir o clímax é se eu lhe bater durante a penetração. Será que é normal?”

 

Cátia, Funchal

Cara leitora,

 

Existem inúmeras formas do homem conseguir atingir o prazer sexual e, no caso do seu parceiro, o facto da leitora demonstrar violência é a forma ideal de o estimular sexualmente. Durante os preliminares, existem pequenos toques e gestos que são fundamentais para causar a excitação e que podem viabilizar o prazer. Contudo, existe a diferença entre experiências sexuais para atingir o clímax e situações de dependência de uma determinada situação para atingir o orgasmo. Se o seu parceiro se encontra nesta última situação, será indispensável procurar a ajuda de um especialista que o poderá ajudar a perceber essa necessidade e definir estratégias que o ajudem a superar essa situação.