“Tenho 27 anos e, segundo a minha namorada, cada vez que tenho relações ejaculo rápido demais. Gostaria de experimentar o creme retardante, mas será que o posso utilizar com o preservativo?”
Paulo, Guarda
Caro leitor,
O creme a que se refere é um creme retardante que contém uma pequena percentagem de um produto chamado Lydacane ou Benzocaina, que possuem qualidades analgésicas. Estas substâncias, quando em contacto directo com a pele, causam uma sensação de adormecimento, fazendo com que a pessoa perca alguma da sensibilidade ao tacto na zona onde este foi aplicado. Por se tratar de um analgésico, estes produtos devem ser utilizados em pequenas quantidades para evitar o adormecimento total do pénis ou perda de erecção. Uma vez que o efeito desejado é a diminuição da sensibilidade do homem e não da mulher, é aconselhável a colocação do preservativo antes da penetração, o que não deve danificar o preservativo.
“Tenho quase 30 anos e estou algo apreensivo com uma questão. Sempre fui muito ativo sexualmente, pelo que me preocupa a ideia que o impulso sexual de um homem possa diminuir com o avançar da idade. Isso é possível? Se sim, há algo que eu possa fazer para evitá-lo?”
Pedro, Bragança
Caro leitor,
Felizmente nem tudo o que é bom acaba. O desejo e o impulso sexual no homem e na mulher diminui gradualmente com a idade, mas a testosterona, a hormona que controla o impulso sexual no homem, nunca deixa inteiramente de ser produzida. Alguns homens de 70 e 80 anos continuam a ter uma libido ativa mesmo com níveis diminuídos de testosterona. Para além da idade, a libido pode ser afetada, em qualquer momento da vida, por fatores como o stress, a fadiga, preocupações com o trabalho, efeitos secundários dos medicamentos, insatisfação com a relação ou falta de interesse pela parceira, entre outras. A vida sexual do homem vai sofrendo alterações mesmo que o desejo se mantenha. Enquanto que aos 20 é menos frequente terem sonhos molhados e masturbarem-se menos, no final dos 20 e aos 30 podem notar que o pénis não fica tão ereto como costumava e que precisam de maior estimulação para terem uma ereção. Aos 40, 50, pode precisar de estimulação direta para ter uma ereção, que pode não ser tão plena como era habitualmente, tendo também maior facilidade em perdê-la. O ângulo de ereção também pode variar ao longo do tempo, bem como a força da ejaculação. Aos 50, 70 anos torna-se mais difícil conseguir que a excitação leve à ereção, levando também mais tempo a ejacular. É importante lembrar que estas mudanças fazem parte do processo de envelhecimento natural do corpo e que não acontecerão todas de uma vez, do mesmo modo como convém não esquecer que cada pessoa tem o seu ritmo próprio, pelo que deve desfrutar da sua sexualidade em pleno e sem ansiedade.
“Procuro ser o melhor namorado do mundo! Estou apaixonado pela minha namorada e temos uma vida sexual fantástica, mas quero dar-lhe ainda mais orgasmos, e mais intensos. Sei que o Ponto G é um “lugar mágico” na vagina das mulheres, mas como sou homem não sei como encontrá-lo, nem o que hei-de fazer com ele…”
Dinis, Guarda
Caro leitor,
O seu empenho e motivação são sem dúvida ingredientes fundamentais para um romance apaixonado, e procurar proporcionar o máximo de prazer ao outro é essencial para uma vida sexual feliz e saudável. No entanto, lembre-se que, no que diz respeito ao sexo, assim como todos os aspetos de relacionamento, a comunicação é sempre essencial, portanto não há nada melhor do que ir perguntando à sua namorada aquilo de que ela mais gosta, as sensações que sente em cada carícia, o que gostava de experimentar. O chamado Ponto G (abreviatura de Ponto Gräfenberg, assim chamado em homenagem ao ginecologista alemão que primeiro apontou para a sua existência e defendeu a sua importância para o prazer feminino, na década de 50) é uma área particularmente sensível existente mesmo através da parede frontal da vagina, entre a parte de trás do osso púbico e o colo do útero. Quando esta região vaginal é estimulada através da penetração manual ou com o pénis algumas mulheres têm orgasmos especialmente intensos, que podem inclusivamente ser acompanhados pela chamada ejaculação feminina. Experimente colocar um ou dois dedos dentro da vagina dela (obviamente que depois de ela estar devidamente lubrificada!), com a mão virada para cima, e esfregue suavemente o topo da parede vaginal, estando atento às reações dela e àquilo que lhe dá maior prazer. Experimente fazer com os dedos o movimento de “anda cá” dentro da vagina dela, alterne o tipo de toque, de pressão e de movimento. Importa lembrar, ainda assim, que nem todas as mulheres têm especial prazer através do Ponto G, portanto é sempre fundamental conhecer aquilo que a sua namorada, especificamente, prefere.
“Tenho 19 anos e há três meses que tenho o período sem intervalo. Estou a ficar preocupada pois o corrimento não pára. O que devo fazer?”
Carla, Olhão
Cara leitora,
De facto não é normal que tenha um corrimento sanguíneo devido à menstruação durante três meses seguidos. Normalmente as mulheres têm ciclos menstruais de 28 a 35 dias, com fluxos que variam entre os 3 e os 5 dias, sendo que quando este dura mais de 7 dias, a mulher deve consultar um médico. Assim sendo, a leitora deve consultar um ginecologista o mais rapidamente possível, para ver o que se passa consigo, pois pode dar-se o caso de a leitora ter um problema mais sério como um desequilíbrio hormonal, fibroses ou mesmo um tumor no colo do útero. Consulte o seu médico.
“Tenho 42 anos e tenho uma saúde bastante frágil e tenho forte tendência para apanhar infecções urinárias. Uma vez que sou solteira, e tenho tido vários namorados, será que as infecções urinárias podem ser transmitidas através das relações sexuais?”
Sandra, Alverca
Cara Leitora,
Existem algumas infecções sexualmente transmissíveis que causam sintomas semelhantes aos das infecções urinárias, tais como a clamídia ou a gonorreia. Porém, as infecções do aparelho urinário e as bactérias que transporta não são consideradas Infecções Sexualmente Transmitidas, mas isto não invalida que estas infecções não estejam relacionadas com o acto sexual. Ou seja, as mulheres que têm uma vida sexual activa estão mais predispostas a estas infecções do que as não activas. Teorias defendem que as bactérias instaladas na zona vaginal sejam direccionadas para a bexiga através da uretra após a relação sexual vaginal. Desta forma, um dos meios de prevenção contra as infecções urinárias é urinar logo após o acto sexual para que possa expelir as bactérias do aparelho urinário. Advirto-a para a importância do devido acompanhamento médico para estes casos, ainda para mais quando é uma pessoa bastante permeável a estas situações.
“Tenho um irmão de 25 que anda sempre a falar de mulheres mas nunca teve uma namorada. Há dias, por acidente, encontrei revistas pornográficas masculinas escondidas debaixo da cama dele. Será que ele é homossexual?”
Sara, Porto
Cara leitora,
Ou o seu irmão é realmente homossexual ou está ainda a explorar a sua orientação sexual. A leitora diz que ele nunca teve uma namorada, apesar de constantemente falar em mulheres. Pode dar-se o caso de ele ser homossexual e falar de mulheres numa tentativa de esconder a sua opção com medo da reacção que as pessoas vão ter. Ainda existem muitos preconceitos contra pessoas que não são heterossexuais, e se a sua família é conservadora, é natural que o seu irmão tenha medo de como a família vai reagir ao descobrir. Seja compreensiva pois ele está, com certeza, a passar por uma fase bastante difícil. Apoie o seu irmão, dando-lhe a entender que o aceita independentemente das escolhas que ele faça a nível pessoal.
“Tenho 14 anos e gostaria de começar a usar tampões mas não sei bem o que devo fazer. Gostaria de saber se existe algum perigo para a saúde se optar pelo seu uso.”
Joana, Porto
Cara leitora:
Hoje em dia muitas mulheres optam por usar tampões porque são mais confortáveis do que os pensos higiénicos. Adquiri-los é bastante simples, dirija-se a um supermercado e compre uma embalagem de tampões “Mini”. Aconselho-a que comece por usar os Mini por estes serem mais pequenos e fáceis de aplicar. À medida que se for sentindo mais confortável pode começa a usar os de fluxo médio ou máximo. Aconselho-a também a utilizar um pensinho diário para a proteger de quaisquer fugas de fluxo. A forma de aplicação do tampão é bastante simples, basta seguir as instruções que vêm na embalagem, aconselho-a, no entanto, a escolher tampões com aplicador pois são mais fáceis de introduzir na vagina.
Existem alguns cuidados a ter tais como: não deixar o tampão dentro de si por mais de 6 ou 8 horas para não correr o risco de entrar em choque tóxico; use tampões adequados ao fluxo de cada um dos dias do seu período, a utilização de tampões muito grandes pode irritar a pele da parede vaginal; opte por tampões que não têm cheiro, não é aconselhável utilizar nada que contenha desodorizante pois isso pode causar irritações vaginais. Quanto ao cheiro, não se preocupe, desde que mude os tampões com a frequência aconselhada e tenha uma boa higiene íntima, não deve ter problemas nessa área. Utilizar tampões não deve ser uma tarefa muito complicada desde que siga estas recomendações, mas se a qualquer atura sentir desconforto, retire o tampão e visite o seu ginecologista.
“O meu médico detetou um caroço no meu peito e, embora dissesse que à partida não era motivo para alarme, aconselhou-me a ser vista por um especialista. Ele disse que pode ser um quisto ou um fibroadenoma. Será que possa ter cancro da mama?”
Luciana, Valença
Cara leitora,
Ainda que nem todos os caroços indiciem um cancro, deve ser vista rapidamente por um especialista. Há caroços que podem surgir devido a mudanças hormonais causadas pelo ciclo menstrual, as quais podem originar quistos ou fibroadenomas, que são mais duros e têm uma forma definida do que os quistos. Em qualquer dos casos, podem ser removidos cirurgicamente, com relativa facilidade. Relativamente à possibilidade de ter cancro da mama, a idade, o historial familiar clínico, tratamentos que tenha feito como radioterapia, ou o seu historial clínico são fatores que potenciam este risco. Deve ser vista por um médico para que, através dos exames adequados, possa proceder ao tratamento adequado à sua situação. Todas as mulheres devem, também, proceder ao auto-exame da mama, feito todos os meses, no mesmo período do ciclo menstrual, para que possa detetar qualquer alteração. A melhor altura para fazer este auto-exame é uma semana depois de terminar a menstruação. Consoante a idade, é também muito importante fazer uma mamografia com regularidade.
“Gostava de saber se a pílula tem algum efeito nos orgasmos, pois tenho amigas que dizem que começaram a ter orgasmos com maior facilidade após começarem a tomar a pílula, mas outras relatam o contrário…”
Rita, Mafra
Cara leitora,
Há mulheres que têm maior facilidade em ter um orgasmo, enquanto que, para outras, é mais difícil. A toma da pílula afeta os níveis hormonais e por isso a reação de cada mulher é variável: enquanto que, para algumas, a vontade sexual aumenta, e o prazer se torna mais “fácil” de alcançar, noutros casos isso não acontece, havendo até dificuldades ao nível da lubrificação ou diminuição da libido, por exemplo. Um orgasmo resulta da combinação de fatores não só físicos, como também psicológicos e, por isso, importa explorar aquilo que lhe dá prazer a si, em particular. Algumas mulheres sentem-se mais descontraídas quando tomam a pílula, devido a não terem tanto medo de engravidar, o que ajuda a que tenham mais prazer durante a relação sexual. A sua reação à pílula será individual e única, mas pode sempre encontrar formas de potenciar o seu prazer, mesmo que as oscilações hormonais provocadas pela pílula possam afetá-lo. Existem diferentes tipos de pílula, pelo que o seu médico poderá ajudá-la a encontrar aquela que melhor se adequa a si. As pílulas contêm hormonas (cuja dosagem varia) porque, desta forma, o organismo é “enganado” e reage como se já existisse uma gravidez, o que faz com que não haja a libertação do óvulo e, assim, não possa engravidar. Os níveis hormonais no corpo afetam o humor, a vontade sexual e outras reações, pelo que podem afetar a vida sexual mas, ao compreender o que desperta e mantém o seu prazer e ao encontrar uma pílula que seja adequada a si, conseguirá viver a sua vida sexual com normalidade.
“Tenho 20 anos e nunca tive uma relação sexual com um rapaz, já tive um namorado mas terminei antes de nos envolvermos mais intimamente porque tive medo de lhe mostrar o meu corpo. Tenho muita vergonha que me vejam nua porque os bicos dos meus mamilos estão virados para dentro, sinto-me feia e acho que nenhum homem me vai achar atraente. Há alguma coisa que possa fazer para mudar os meus mamilos?”
Sandra, Lisboa
Cara leitora,
Embora não seja muito vulgar há pessoas que têm os mamilos virados para dentro. Quer seja por isso ou por outra característica física qualquer, é essencial que aprenda a amar o seu corpo e a compreender que cada pessoa é única e inigualável. Em princípio não há problemas de saúde associados ao facto de ter mamilos invertidos, o que por si só é uma razão para não se sentir mal com eles. Poderá, eventualmente, enfrentar dificuldades na amamentação caso engravide. Uma pessoa pode ter mamilos invertidos durante toda a vida ou apenas numa fase. Há pessoas, também, que têm um mamilo virado para fora enquanto o outro aponta para dentro. Para perceber qual é o seu caso experimente segurar o peito pelo limite da auréola do mamilo, prendendo-o entre o indicador e o polegar, e aperte suavemente mas com firmeza. Se o bico do mamilo se retrai ou desaparece, é realmente invertido. A estimulação dos mamilos e as temperaturas baixas podem ajudar a que um mamilo invertido se vire para fora, mas a única forma de resolver definitivamente esta situação é através da cirurgia plástica. Pode optar por fazê-la ou não, mas acima de tudo aprenda a aceitar-se como é. Se houver confiança e carinho com um parceiro com que se envolver sexualmente ele também não terá qualquer problema em aceitá-la e amá-la como é.