“Ao contrário do que tantas vezes se ouve falar, nunca acordei com uma ereção matinal e gostava de saber se é normal ou se isso pode indicar algum problema de saúde.”
Ricardo, Benavente
Caro leitor,
As ereções matinais são tecnicamente referidas como ereções noturnas interrompidas, ou ereções penianas noturnas, e podem acontecer 3 a 5 vezes por noite. Ocorrem geralmente durante a fase REM do sono (do inglês “Rapid eye movement”), que é aquela em que se têm sonhos mais vívidos, e duram aproximadamente 30 minutos. No caso de homens com mais de 60 anos, elas podem ocorrer fora da fase de sono REM. Estas ereções podem ser causadas por inúmeros fatores, sendo a teoria mais comum a de que a bexiga cheia pode estimular o plexo sacral, uma parte do sistema nervoso, o que conduz a uma ereção. Por outro lado, nesta fase do sono há maior tendência para sonhar, e os sonhos eróticos potenciam a ereção. Para além disso, os níveis de testosterona estão mais elevados de manhã e isso aumenta a predisposição sexual. Ter ereções noturnas é normal e indica, em geral, que o pénis está a funcionar de forma saudável. A total ausência de ereções noturnas pode ser indicativa de problemas de saúde, tais como diabetes ou depressão, mas não tem de ser necessariamente esse o caso. Convém esclarecer melhor a sua situação específica através de uma consulta presencial com um médico especialista.
“Tenho uma relação feliz já há 2 anos. Adoro experimentar coisas novas e mudar de posição sexual quando faço amor com o meu companheiro, mas ele às vezes queixa-se que tenho demasiada imaginação. Será que estou realmente obcecada por posições sexuais?”
Rita, Viana do Castelo
Cara leitora
É muito difícil definir o que é considerado “normal” dentro da vida sexual, pois depende de cada pessoa. A sexualidade não se limita ao acto sexual em si, é também todas as sensações, pensamentos, sentimentos, gostos e cheiros que se vivem e que variam de indivíduo para indivíduo, fazendo com que cada um de nós seja único! Na minha opinião, tudo é normal desde que seja entre adultos, seja consensual e não cause danos físicos ou emocionais. Parece-me que a leitora está muito mais confortável com a sua sexualidade do que o seu companheiro. Converse com ele abertamente acerca desse assunto e explique-lhe que a monotonia só estraga as relações!
“Tenho 31 anos, e nunca tive uma vida sexual muito ativa. Na minha última relação, apesar de amar o meu companheiro, não conseguia satisfazê-lo porque tinha muito medo de ser penetrada. Sinto muitas dores, mas acho que é um problema psicológico, porque não consigo relaxar. Isto está-me a prejudicar bastante, iniciei recentemente um relacionamento mas parece que tenho trauma de ter relações, envolvo-me bastante e tenho desejo de continuar mas de repente (parece que se passa algo) páro e o meu companheiro não entende porque faço isso. Acho que é um problema que não consigo resolver!
Teresa, Guimarães
Cara leitora,
O seu caso pode tratar-se de uma perturbação sexual feminina, mas tal diagnóstico só pode ser feito numa consulta presencial e com avaliação fisiológica médica e sexológica. Existem duas perturbações sexuais femininas da dor: o vaginismo e a dispareunia. Estes problemas acontecem a muitas mulheres, e não deve deixar de tentar viver a sua sexualidade por isto lhe acontecer nem sentir-se culpada. Deve procurar ajuda especializada para esclarecer se as suas dificuldades são psicológicas ou fisiológicas e refletir sobre um tratamento adequado. Entretanto pode explorar com o seu novo companheiro outras formas de ter relações sexuais, não só através da penetração… Explorem as massagens, as carícias, a masturbação mútua (pode começar sozinha para descobrir como gosta de ser tocada e o que lhe dá mais prazer), o sexo oral, os brinquedos eróticos… Usem a vossa imaginação para reinventarem a vossa sexualidade sem limites!
Após um aborto espontâneo de seis semanas quanto tempo se deve esperar para iniciar novamente a vida sexual, ou seja, começar a ter relações sexuais?
Marta Martins
Cara leitora,
O tempo que deve esperar até recomeçar a ter relações sexuais vai depender de como se sente, ou seja, se tiver quaisquer tipo de dores ou corrimento sanguíneo resultante do aborto espontâneo, nesse caso, não deve recomeçar a ter relações sexuais. No entanto, se se sentir bem fisicamente e o seu médico ginecologista lhe disser que está tudo bem consigo a nível físico, aí então pode recomeçar a sua vida sexual uma ou duas semanas após o sucedido sem problemas.
Tenho 21 anos e sofro imenso com as dores do período, chegando mesmo a ficar desesperada. Por vezes, fico tão mal disposta que nem sequer consigo ir às aulas. Como posso ultrapassar este problema?
Tânia
Cara Leitora,
De forma a evitar a perda excessiva de sangue durante o período da menstruação o útero contrai e liberta prostaglandina que é a substância que provoca a dor. Associadas à dor, principalmente no baixo-ventre e barriga, encontram-se sintomas como o enjoo, diarreia, vómito, enxaquecas, vertigens e cansaço. De forma a minorar a dor menstrual, existem comprimidos para as dores que podem ser tomados logo no início do ciclo. A pílula também pode ser recomendada, principalmente quando existe descontrolo hormonal. Os medicamentos apenas servem para atenuar as dores, não tratam o problema de uma vez por todas. Sendo assim, é aconselhável que solicite a ajuda do seu médico ginecologista para que possa ajudá-la a ter uma melhor qualidade de vida durante a menstruação.
“Tenho 37 anos de idade, sempre fui saudável e sou sexualmente ativo. No entanto, de há umas semanas para cá noto que meu testículo direito está inchado. Dói-lhe imenso quando lhe toco, e às vezes até devido ao roçar das calças. Tenho receio de ter um cancro nos testículos, já marquei consulta para o meu médico mas estou bastante ansioso. Pode esclarecer-me se esse sintoma pode indicar algo grave?”
Mário, Sesimbra
Caro leitor,
os sintomas que descreve são geralmente sinónimo de algum problema a nível testicular, o que não significa obrigatoriamente que se trate de cancro testicular. A consulta com um médico urologista é essencial, de forma a que este lhe possa fazer um exame físico detalhado e presencial. Por norma o cancro testicular manifesta-se através de um inchaço dos testículos, que nem sempre surge acompanhado de dor. Este tipo de cancro é relativamente raro, mas é importante avaliar a causa do inchaço e das dores que sente. Pode dar-se o caso de ter feito uma lesão do testículo resultante de uma pancada ou alguma atividade física, mas terá de aguardar pela consulta médica para que possa conhecer o diagnóstico e tratamento mais indicados para o seu caso.
“Há dois anos que tenho uma vida sexual ativa, mas só recentemente tive o meu primeiro orgasmo, e nem sequer estava a ter relações sexuais. Será que há alguma coisa errada comigo?”
Diana, Valongo
Cara leitora,
O orgasmo feminino não acontece, na maior das vezes, através da penetração, não sendo anormal que tenha experienciado o seu primeiro orgasmo ao fim de dois anos. No entanto, para que tenha uma vida sexual satisfatória e plena é muito importante conhecer bem o seu corpo, o que pode fazer através da masturbação, para saber exatamente que tipo de estimulação lhe proporciona mais prazer e para que seja mais fácil atingir o orgasmo – porque embora não seja obrigatório ter um orgasmo sempre que tem relações sexuais, ele é importante para que se sinta satisfeita a nível sexual. Explore o seu corpo e as suas próprias fantasias, há mulheres que conseguem ter um orgasmo apenas através das suas fantasias, sem qualquer tipo de estimulação física (cerca de 2% das mulheres conseguem ter orgasmos só através da estimulação mental – lembre-se que a mente é a nossa zona mais erógena). Converse com o seu companheiro, se tem par, e explorem também juntos outro tipo de toques e de carícias, investindo mais nos preliminares antes de passar à penetração, proporcionando-lhe mais prazer a si também.
“Sempre tive uma vida sexual muito ativa, mas de há algum tempo para cá durante o ato sexual com a minha companheira ejaculo precocemente, impedindo-a de atingir o orgasmo. Sinto que isso está a prejudicar a relação mas não sei como proceder, pois não sou capaz de evitar que isso aconteça.”
Marco, Funchal
Caro Leitor,
Em primeiro lugar deixe-me felicitá-lo pela coragem e pela identificação da situação que está a vivenciar, o que só irá facilitar a rápida resolução da mesma e um adequado diagnóstico. É importante perceber o que mudou na sua vida, o que o torna agora incapaz de exercer um controlo eficaz sobre o tempo de obtenção do orgasmo e assim impedir a vivência a dois dos momentos de prazer. Este aspeto é fundamental para o diagnóstico adequado dado que esta situação poderá ser apenas decorrente de um período, mais ou menos difícil, que está a viver e que condiciona o seu desempenho sexual. Se assim o for, a solução passa pela procura da causa da ansiedade, que o impede de dar o seu melhor durante o ato sexual. Mas se tal assim não for, seria aconselhável consultar um especialista para lhe transmitir alguma confiança e ajudá-lo nesta tarefa. No entanto, lembre-se que se trata de uma situação muito frequente entre casais, para a qual já existe tratamento, tais como a técnica Squeeze na qual o leitor deve fazer uma pausa quando sentir que está prestes a ejacular e deve apertar a base do pénis com o dedo polegar e indicador durante 5 segundos antes de recomeçar a relação sexual.
“Sou lésbica e gostava de saber mais sobre a transmissão de herpes entre mulheres, pois tenho herpes, a minha namorada sabe, sou assintomática e não quero transmitir-lhe.”
Teresa, Damaia
Cara leitora,
para evitar a transmissão do herpes o primeiro passo é aquele que já deu, que é comunicar ao parceiro ou parceira a sua situação. Em qualquer relação, homossexual ou heterossexual, importa evitar o contacto direto com áreas infetadas da pele quando o vírus está ativo, embora também possa haver contágio sem que haja manifestações físicas como feridas ou bolhas, pelo que é necessário ter ainda mais cuidado. Consulte o seu médico para saber que medicação deve tomar de forma a evitar surtos de herpes. O risco de transmissão varia conforme o tipo de Herpes. De um modo geral, sempre que começa a sentir ardor ou o tipo de sintomas que antecede um período ativo, devem evitar o contacto direto com as áreas onde costuma ter manifestações. Usar barreiras dentais (ou um preservativo aberto, que pode cortar para ficar com a forma de um quadrado, que não deve ter lubrificante) pode ser uma boa opção. Sempre que há erupções, feridas ou bolhas, seja que tipo de Herpes for e em que parte do corpo for, deve evitar-se o contacto direto, pois elas contêm uma grande carga viral e fazem com que haja maiores riscos de contágio. Se usarem brinquedos sexuais usem preservativos ou outra barreira de proteção para cobri-los, e tenham o cuidado de retirar essas barreiras e não usarem esses brinquedos nela logo depois de terem sido usados em si (precisam de ser lavados e desinfetados). O mesmo deve ser feito em relação à penetração manual, usando sempre uma barreira protetora. Existe, também, medicação que ajuda a suprimir a carga viral, pelo que deve aconselhar-se com o seu médico.
“Comecei a tomar a pílula e li na bula que deve ser tomada sempre à mesma hora. A minha dúvida é se pode haver uma margem de uma ou duas horas, ou se preciso de colocar um alarme para tomar exatamente à mesma hora.”
Joana, Faro
Cara leitora,
A rigidez horária a que deve repetir a toma da pílula depende do tipo de pílula que está a tomar. De um modo geral, quanto mais consistente for a toma, maior será a eficácia da pílula, pelo que é aconselhável escolher um horário em que tenha sempre possibilidade de fazer a toma todos os dias, sem oscilações, para poder manter os níveis hormonais equilibrados. Se estiver a tomar uma pílula com progestina, não deve ultrapassar 15 minutos de margem, sendo que 3 horas de diferença podem comprometer a eficácia da pílula. O seu médico (ou um farmacêutico) podem ajudá-la a compreender as especificações da pílula que está a tomar e, assim, saber melhor como deve tomá-la corretamente. De qualquer modo, colocar um alarme pode se ruma boa estratégia para garantir maior eficácia.