“Há cerca de dois meses uma colega andava a atravessar um período difícil e eu procurei dar-lhe apoio emocional, mas acabámos por nos envolver sexualmente, sem qualquer tipo de precaução. Agora estou assustado com a possibilidade de ela poder estar grávida. Retirei o pénis antes da ejaculação, mas mesmo assim quero saber se uma pequena quantidade de sémen é suficiente para uma mulher engravidar. Nunca mais voltámos a ver-nos, porque estamos em teletrabalho, mas tenho pensado nisto muitas vezes.”
Luís, Alcobaça
Caro leitor,
Segundo os especialistas basta um espermatozoide para fertilizar um óvulo, por isso desde que se tenha relações sexuais sem utilizar um contracetivo, existe sempre a possibilidade de a mulher ter engravidado. A fertilização pode ocorrer entre poucos minutos até dias após a deposição do sémen, pois este consegue sobreviver no aparelho reprodutivo da mulher cerca de dois dias. Apesar da probabilidade de um único espermatozoide atingir um óvulo ser quase nula, não deve nunca ser descartada. As probabilidades de engravidar aquando da não utilização de contracetivos dependem da fertilidade de cada homem e mulher, bem como da fase do ciclo menstrual em que ela se encontra. Em todo o caso, a sua colega provavelmente saberá dar-lhe a resposta, procure esclarecer as suas dúvidas com ela abordando o assunto com sensibilidade.
“Sei que não é o mais correto, mas quando estou com o meu atual namorado dou por mim a pensar no meu ex-namorado com algum sentimento de nostalgia. O que devo fazer para contrariar esta situação? Já me sinto mal com tudo isto…”
Paulo, Braga
Caro Leitor,
Procure não se sentir culpado, pois nem sempre é fácil controlar os nossos sentimentos. Contudo, o leitor deve fazer uma análise profunda de modo a verificar a razão pela qual não consegue tirar o seu ex-namorado do seu pensamento. Porém, se verificar que não se consegue concentrar totalmente na relação que mantêm atualmente, aí a questão já se torna mais complexa e, nesse caso, deve ponderar os seus verdadeiros sentimentos em relação ao seu atual namorado. Desta forma, deve fazer uma avaliação clara e consciente sobre a sua vida afetiva e sobre tudo aquilo que deseja daqui para frente para que seja feliz e, também, para que não faça o seu namorado sofrer com as suas atitudes. Pondere bem sobre o verdadeiro significado da sua relação atual para que saiba as decisões que deve tomar.
“Engravidei no ano passado e o meu marido deixou de ter relações sexuais comigo, mas mesmo antes disso já não era o que era, porque ele era uma pessoa que tinha sempre vontade de fazer amor. Depois de ser mãe já tivemos relações, mas acho que ele deixou de ter desejo por mim, não sente vontade de o fazer, ele diz que me ama e gosta de mim, e não sei como resolver esta situação.”
Luísa, Corroios
Cara leitora,
A gravidez e o nascimento de uma criança podem alterar muito a vida de um casal. Só o seu marido lhe poderá dizer o que sente, mas fale com ele e esclareça as suas preocupações. O desejo sexual alimenta-se de pormenores que por vezes esquecemos na azáfama dos dias: podem estar mais cansados que antigamente, ele pode não a querer pressionar por ser mãe (apesar de continuar a ser mulher), podem ter ainda a criança no vosso quarto e tal inibi-lo…. Há muitos fatores que podem estar a influenciar a vossa vida sexual, comuniquem um com o outro, sem discussões nem exigências para que perceba quais estão a influenciar a vossa. Uma relação íntima evolui muito ao longo dos anos e tal não é negativo: ao início há mais desejo de proximidade e, depois, há um afastamento saudável que o amor permite por se sentirem seguros para viver as vidas independentemente, embora juntos. Não crie expectativas irrealistas sobre o vosso amor, que limitem as vivências novas que podem ainda experimentar. Boa sorte para a sua conversa e acredite no vosso casamento e na força da vossa família!
“Tenho-me sentido muito tensa e tomo um banho de imersão de vez em quando, para relaxar. Uma amiga disse-me que o banho de imersão faz mal à vagina. É verdade? O que posso fazer para não prejudicar a saúde?”
Sandra, Setúbal
Cara leitora,
Não é que o banho propriamente dito faça mal, mas neste caso também não é totalmente inofensivo. Atenção, a higiene é imprescindível, mas no caso dos banhos de imersão há que ter atenção aos óleos, géis de banho, sais e espumas que se adicionam, pois alguns produtos podem causar irritação nos delicados tecidos e mucosas da vagina, perturbando o equilíbrio bacteriológico e o pH vaginais. Uma vez que a vagina tem a capacidade de restabelecer e manter o seu próprio equilíbrio, deverá sempre optar por um gel de lavagem neutro e ter o cuidado de enxaguar muito bem. Evite também que a água do banho de imersão esteja muito quente. Tome primeiro um duche, ensaboando e lavando bem todo o corpo antes de entrar no seu banho de imersão, e abstenha-se do uso de sais de banho ou géis com perfume. Para manter a boa saúde dessa delicada parte do corpo deve preferir roupa interior de algodão, que não seja apertada.
“Tenho uma doença chamada tiroidite de Hashimoto, e por esse motivo tenho receio de tomar a pílula. Apesar de viver com o meu namorado ainda não queremos ter filhos, mas queremos deixar de usar preservativo. No entanto, tenho amigas com hipotiroidismo que me disseram que não devia tomar a pílula. É verdade?”
Carina, Moita
Cara leitora,
Antes de mais devo esclarecer que o seu médico, que conhece o seu historial clínico, é a pessoa que melhor a pode aconselhar em relação à toma de anticoncecionais, porque acompanha o seu caso específico. Embora a pílula possa ser tomada por mulheres com tiroidite de Hashimoto, o tratamento para esta doença pode interferir com as hormonas da pílula, para além de que o estrogénio da pílula também pode afetar a sua tiroide, uma vez que aumenta a globulina fixadora de tiroxina e isso pode fazer com que tenha maior necessidade de terapia de substituição hormonal para a tiroide. Um excesso de hormonas pode causar problemas de figado. Para quem não sabe, a tiroidite de Hashimoto é uma doença autoimune que afeta a tiroide, que é responsável por regular a energia do corpo através de hormonas chamadas T3 e T4. O corpo de uma pessoa que sofre desta doença cria anticorpos que danificam as células da tiroide, afetando assim a capacidade de produzir estas hormonas, necessárias ao bom funcionamento do organismo. Nesse sentido, deve aconselhar-se com o seu médico, que pode esclarecê-la até por telefone visto que conhece o seu caso, sendo ainda assim desaconselhada a toma da pílula.
“Tenho ereções normalmente, sinto-me excitado com a minha parceira e temos ótimos preliminares. Mas durante a penetração vou perdendo a ereção. No entanto, se, a partir daí, pararmos e iniciarmos os preliminares novamente, o meu pénis fica ereto de novo. Sinto que em geral os preliminares são melhores que o ato sexual em si. Por causa disso, tenho problemas para ejacular pois demoro e nunca ejaculo através da penetração. Como homem, este problema chateia-me muito. O que está errado comigo? O que posso fazer para tentar resolver o problema? O facto de usar preservativo pode atrapalhar o prazer de um homem?”
Paulo, Setúbal
Caro leitor,
Penso que o seu problema é encarar a penetração como um momento de performance, de competição consigo mesmo, de luta interna para mostrar que consegue… Consegue excitar-se antes de ter de enfrentar a situação da penetração e depois, mas no momento exato deve entrar num papel de espectador de si mesmo, a ver como funciona e o que o seu pénis está a fazer, que o distrai de sentir o prazer e as coisas boas associadas à relação sexual. Descontraia, tenha pensamentos positivos, não se preocupe em perder e voltar a ter ereções – o corpo e a cabeça funcionam mesmo assim e tal pode significar um aumento do prazer para a sua parceira. Se continuar a preocupar-se nas situações sexuais a dificuldade que descreve pode tornar-se num problema em bola de neve, com cada vez mais preocupações. Não há nada de errado consigo e usar preservativo é muito positivo para a sexualidade…pratique um pouco sozinho e na masturbação o seu uso para que não o atrapalhe no momento da colocação. Se o problema persistir, consulte um médico urologista ou de sexologia de modo a resolver o problema desde cedo e ter o prazer a que tem direito.
“Eu e o meu marido somos sexualmente muito ativos e temos aproveitado o tempo em casa para fazer amor mais vezes do que era habitual. No entanto, uma vez que também ingerimos alimentos mais calóricos, já ganhei cinco quilos. Gostava de saber se é possível queimar mais calorias através do ato sexual, e de que forma.”
Vera, Faro
Cara leitora,
A atividade sexual pode trazer alguns dos benefícios associados à prática de exercício físico, mas não é bem a mesma coisa! Assim, se a sua preocupação é perder peso, aconselho vivamente a que opte por retomar uma dieta mais saudável e que para além da prática sexual optem por uma atividade física, que até pode ser praticada em conjunto. Existem inúmeras aulas online gratuitas que podem seguir para fazer um treino mais direcionado, escolhendo uma modalidade que seja do vosso agrado ou até mesmo optando por praticar atividades diversificadas. Relativamente à sua pergunta, segundo alguns estudos efetuados estima-se que uma pessoa pode queimar cerca de 20 calorias em 6 minutos de atividade sexual, e entre 77 a 105 calorias em 25 minutos. O número de calorias queimadas varia em função do peso da pessoa, do sexo, do seu estado físico e, naturalmente, do tipo de atividade sexual praticada, da posição, intensidade e duração da mesma. Há um maior desgaste energético no orgasmo, mas ao fim de 2 a 3 minutos é retomado o estado normal, o que significa que, embora se queimem mais calorias, este estado não se mantém por tempo suficiente para ter resultados expressivos. Comparativamente com outras atividades físicas, a prática sexual não é tão eficaz para perder peso. Dançar ou fazer exercícios de resistência pode queimar entre 2 a 5 vezes mais calorias no mesmo período de tempo. Ainda assim, a prática sexual ajuda a aliviar o stress, fortalece os músculos, melhorando também a atividade cardíaca, o que pode ajudar a manter o corpo em forma.
“Tenho herpes genital e gostava de saber quais são as taxas de recorrência. Vou ter de usar preservativo para o resto da vida? E se eu vier a ter filhos, posso transmitir-lhes o vírus?”
Maria, Valongo
Cara leitora,
Descobrir que tem herpes genital pode ser preocupante, uma vez que passa a precisar de ter alguns cuidados acrescidos. A taxa de transmissão do vírus é menos quando este não está ativo, mas ainda assim existe sempre o risco de contágio por via oral, vaginal ou anal. Nesse sentido, usar barreiras de proteção, como o preservativo ou barreiras dentais, além de uma comunicação franca entre parceiros, é fundamental. A taxa de recorrência é difícil de prever; algumas pessoas têm apenas um caso isolado de incidência mais forte. Depois dele, pode reincidir com uma frequência progressivamente menos, dependendo do seu sistema imunitário, do tipo de Herpes e de onde ele se instalou no seu corpo. O seu médico pode receitar-lhe um medicamento que, quando tomado no primeiro dia que sente sintomas, pode reduzir a duração e descomforto causado por um novo episódio. É muito raro haver transmissão do vírus a um feto, mas se suceder pode trazer graves problemas de saúde tais como parto prematuro ou nascimento com peso abaixo do normal. Se a mãe já tiver Herpes, o risco de contágio diminui porque os anticorpos que o combatem propagam-se ao filho. Se contrair Herpes durante a gravidez os riscos são maiores. Existem casos nos quais uma cesariana pode ser efectuada para prevenir o contágio do bebé, mas apenas um médico pode avaliar cada caso e fazer essa recomendação. Aconselho a que fale com o seu médico pois ele conhece o seu caso e pode ajudá-la não só em relação à reincidência do vírus no seu caso específico como na proteção numa futura gravidez.
“Acho que o meu pénis é grande, comparativamente com o de alguns colegas e amigos e com o que já tenho visto na Internet. A minha namorada sente sempre muitas dores quando a penetro, e por isso gostava de saber o que posso fazer para que não seja doloroso.”
Fernando, Guarda
Caro leitor,
Quanto mais lubrificada e descontraída a sua namorada estiver, mais fácil será a penetração e mais prazerosa. Lembre-se que um bebé também sai pela vagina no parto natural, o que mostra quão elástica a vagina pode ser. Por isso, mesmo que o seu pénis seja maior do que o comum, a penetração não tem de ser dolorosa. É fundamental que ela esteja bastante excitada, e por isso aconselho a que invistam mais nos preliminares. Poderá fazer-lhe sexo oral ou dedicar mais tempo ao prazer dela antes de a penetrar. Aconselho também a que utilizem um lubrificante à base de água e a que experimentem variar as posições, pois a profundidade da penetração varia de acordo com a posição escolhida. Mostre à sua namorada que se preocupa com o seu bem-estar e deixe que ela comande a ação, para evitar magoá-la.
“Acabei uma relação há cerca de um ano e tenho outra namorada, que é linda e desejável. No entanto, de há uns tempos para cá comecei a sentir falta da minha ex-namorada, tenho andando em baixo e aconteceu-me uma coisa que nunca tinha sucedido antes, não consigo segurar a ereção. Será que se trata de uma depressão? A verdade é que perdi o interesse na minha namorada atual… devo contactar a minha ex?”
Cláudio, Beja
Caro leitor,
Por aquilo que descreve parece já ter encontrado a explicação para o seu problema. A depressão e o stress interferem no desempenho sexual, mas à partida o facto de pensar constantemente na sua ex pode estar relacionado com a perda de interesse pela sua parceira atual (e não o contrário). Se estivesse satisfeito com a sua relação atual não pensaria numa relação que, se fosse satisfatória, não teria terminado. Assim o melhor será terminar com a sua atual namorada e, antes de entrar em contacto com a sua ex, avaliar o que se passa consigo. Deve consultar o seu médico, caso tenha outros sintomas depressivos. Se continuar com o desejo de retomar o contacto com a sua ex pode fazê-lo, estando, no entanto, preparado para uma possível rejeição que pode, ainda assim, ajudá-lo a aceitar definitivamente o fim. Deve ter também em consideração o estado de calamidade em que vivemos, evitando correr riscos. Lembre-se também que só quando estiver tudo bem claro na sua cabeça pode e deve iniciar outro relacionamento – é mais honesto consigo, e com a pessoa com quem está.