“Tenho uma relação estável há 3 anos, mas a nível sexual não nos damos tão bem quanto eu gostaria. Tenho muitas dificuldades em atingir o orgasmo com o meu namorado. Acho que ele não me estimula o suficiente, pois sinto mais prazer com a masturbação.”
Ivone, Setúbal
Cara Leitora,
pelo que o seu discurso transparece, o que existe entre vocês é precisamente falta de comunicação e de diálogo. Se a leitora consegue alcançar o clímax sozinha recorrendo à masturbação, isso quer dizer que consegue atingir o orgasmo se for bem estimulada.Neste sentido, enquanto casal devem ver o processo sexual como uma aprendizagem, onde cada um deve dar a conhecer ao parceiro os seus pontos mais sensíveis e que servem como porta à satisfação. Não se iniba e mostre ao seu namorado os pontos que devem ser devidamente estimulados. Se não mostrar ao seu namorado onde, de facto, reside a sua sensibilidade, provavelmente terá que recorrer muito mais vezes à masturbação para atingir o prazer que deseja.Talvez esse problema possa ser resolvido rapidamente com uma pequena conversa, onde entendam que a sexualidade é algo em que é importante dar e receber e é imprescindível ter o conhecimento do corpo do parceiro. Esta envolvência e cumplicidade são importantes para o bem-estar sexual do casal.
“Sou o que se chama um bom rapaz. Sou atencioso, simpático e carinhoso. Como não gosto de futebol, nem de carros, nem das coisas que normalmente se associam aos homens, e aprecio arte, teatro e ópera, as pessoas acham que sou gay, mas eu não sinto qualquer atração por homens. Tenho 22 anos e nunca tive uma namorada, porque não encontrei ainda a mulher que idealizo e não sinto nenhum interesse particular por nenhuma mulher que conheça. Mas também nunca senti interesse por nenhum homem em especial! O corpo feminino desperta-me desejo, mas não quero envolver-me com uma mulher só para não me chamarem gay… o que posso fazer? Não quero conhecer a mulher dos meus sonhos e ela achar que sou gay…”
Guilherme, Lisboa
Caro leitor,
Há uma grande diferença entre a atração sexual – aquilo que lhe desperta desejo e atração – e a expressão sexual – a forma como expressa a sua identidade de género, na maneira como se mostra, e com aquilo que se identifica. Quando não estão em consonância, como parece ser o seu caso, isso pode gerar confusão e frustração porque as pessoas tendem a ver as situações de uma forma restritiva. Não há nada de errado no facto de um homem apreciar atividades que geralmente estão associadas ao género feminino – e que podem ter a ver, entre outros fatores, com a forma como foi educado e com as pessoas que foram um modelo mais marcante na sua educação, por exemplo – nem isso significa que se sinta atraído por pessoas do seu sexo. Embora nem sempre seja fácil desafiar as convenções sociais, continue a ser a pessoa que é e expresse-se em toda a sua plenitude – quando encontrar uma mulher com quem sinta vontade de ir à ópera isso não significa que, depois, não tenha uma noite de sexo tórrido com ela! Valorize a sua unicidade e lembre-se que não tem de minimizar a sua personalidade para caber dentro “da caixa” criada por outros!
"Tenho 49 anos e sinto que estou a entrar na menopausa, o meu período vem com cada vez menor frequência e tenho tido muitas alterações de humor, falta de ar e suores frios. O que posso fazer, como devo lidar com o meu corpo nesta fase da minha vida?"
Conceição, Palmela
Cara leitora,
A menopausa marca o fim da fertilidade da mulher e ocorre, geralmente, entre os 45 e os 55 anos de idade. Durante a fase de preparação para a menopausa – perimenopausa, os níveis de estrogénio oscilam e a ovulação torna-se inconstante. Nesta fase a mulher pode ter menstruação nalguns meses, seguindo-se de um período de ausência de vários meses. Devido às alterações hormonais que ocorrem durante a menopausa a mulher pode começar a experimentar variadíssimos sintomas, tais como afrontamentos e suores noturnos, ansiedade, irritabilidade, alterações de humor e tendência para a depressão, esquecimento, dificuldade de concentração, dores nas articulações, fadiga, secura da pele, cabelo, olhos e boca. A oscilação dos níveis das hormonas pode provocar também dificuldades físicas e emocionais durante as relações sexuais. Alguns métodos de autoajuda, bem como os Tratamentos de Substituição Hormonal, podem ajudar a restabelecer os níveis de estrogénio e aliviar os sintomas físicos. O Tratamento de Substituição Hormonal alivia os sintomas da menopausa, previne a atrofia genital e as mudanças ao nível do corpo. Pensa-se que este tratamento pode ajudar a proteger de doenças como o Cancro e a Osteoporose, mas, no entanto, há médicos que acreditam que este tipo de tratamento pode acelerar o desenvolvimento de quistos. Os Tratamentos de Substituição Hormonal podem ser prescritos em forma de comprimidos, adesivos e implantes. Os cremes de estrogénios podem ser aplicados na vulva e na vagina. A hormona Testosterona pode ser receitada para ajudar a recuperar a libido.
"A minha esposa tem uma personalidade muito aventureira em termos sexuais, o que me faz muitas vezes pensar se isso não representa uma maior propensão para me ser infiel. Apesar de a conhecer há dois anos, casámos recentemente e só depois do casamento é que ela me tem vindo a mostrar, a pouco e pouco, o quão aberta a novas experiências é. Por exemplo, apenas há pouco tempo me revelou que já participou em festas de sexo e que também tem uma queda fetichista para o sado-masoquismo, já tendo até tido algumas experiências. Tudo isto me deixa muito inseguro. Será que ela vai procurar noutro lado aquilo que eu não lhe puder dar?"
João, Massamá
Caro leitor,
A comunicação sincera e frontal entre o casal é a melhor garantia que pode ter a respeito do futuro da sua relação. Face a tudo aquilo que a sua esposa lhe tem vindo a revelar, é natural que se sinta inseguro, mas deve ter em conta que o facto de ela estar a partilhar consigo algo que já fez parte do seu passado demonstra que gostava de poder experienciar esse tipo de vivência consigo também, ou que pelo menos não pretende escondê-las de si. Não deve fazer nada com que não se sinta confortável, porém pode e deve abrir o seu coração e revelar à sua esposa as suas inseguranças. Se ela o ama seguramente que compreenderá e que poderá até "ensiná-lo" e iniciá-lo em algum tipo de experiências do seu agrado, descobrindo até possivelmente um novo estímulo sexual para a vossa vida a dois. O facto de uma pessoa gostar de experimentar novas situações não tem nada a ver com a infidelidade, pois desde que a pessoa sinta dentro de si a vontade de se comprometer não é por ter tido um passado mais aventureiro que irá trair um parceiro que ama.
"Há uns meses atrás, depois de muito pensarmos sobre isso, eu e o meu noivo decidimos deixar de usar preservativo nas nossas relações sexuais, usando apenas a pílula como método contraceptivo, pois temos plena confiança um no outro. Acontece que desde então tenho sentido ardor muitas vezes, passado alguns minutos de ele ter ejaculado dentro da minha vagina. Serei alérgica ao sémen? Isto nem sempre acontece, talvez tenha a ver com o meu ciclo menstrual, é possível?"
Ana, Coimbra
Cara leitora,
Existem inúmeras causas possíveis para o desconforto e o ardor que sente. Entre elas pode estar a alergia ao sémen, mas também a vaginite, uma alteração química na sua vagina ou até mesmo fricção causada por lubrificação insuficiente. Se os sintomas se mantiverem é imprescindível que consulte o seu médico para que possa fazer o devido acompanhamento e tratamento da situação. A inflamação da vagina, um tipo de vaginite, é a causa mais provável para esse ardor, pois as bactérias e os fungos que se desenvolvem na vagina podem alterar os níveis de pH do organismo e provocar distúrbios que se refletem na forma de infeções e doenças, manifestando-se muitas vezes através de ardor, comichão e vermelhidão na parte exterior dos órgãos. O facto de só sentir ardor quando o seu noivo ejacula dentro de si pode dever-se a que o sémen seja o elemento que altera os componentes químicos da sua vagina. Uma baixa resistência imunológica, a toma da pílula ou de antibióticos, cortes ou feridas, ou irritação vaginal, são outros fatores que também o podem despoletar.
“Tenho alguma vergonha em colocar esta questão, mas quando o meu namorado me faz sexo oral não percebo se fico com lubrificação ou se tenho mais corrimento vaginal… Como posso distinguir?”
Heloísa, Fafe
Cara leitora,
Quando uma mulher fica excitada – o que também acontece através do sexo oral – é normal que ganhe lubrificação. De facto, faz parte do processo natural que isso aconteça, de forma a facilitar a penetração e a evitar a dor e a fricção. O corrimento vaginal acontece naturalmente durante o dia, sendo a consequência da limpeza interna da vagina, pois trata-se do muco produzido pelo colo do útero e que cobre a vagina, sendo expelido como forma de limpeza. É por esse motivo que é normal ter corrimento vaginal diário, sendo que a sua quantidade e consistência varia conforme o momento do ciclo menstrual em que se encontra, assim como o seu sabor, que pode ser mais doce ou mais salgado. Cada mulher tem um padrão específico de variações ao longo do ciclo. No que diz respeito à lubrificação, quando a mulher começa a ficar excitada as veias dos tecidos genitais começam a dilatar e a encher-se de sangue, o que cria uma reação que faz produzir um líquido que deixa os lábios vaginais molhados, assim como a entrada da vagina, facilitando a penetração. Desta forma, aquilo que sente quando o seu namorado lhe faz sexo oral, ou quando fica excitada, é uma mistura tanto do corrimento, que já tem porque vai sendo produzido ao longo do dia, como da lubrificação que é produzida por estar excitada.
“Tenho 17 anos e interesso-me muito pelas questões ligadas à sexualidade, como acho que é normal na minha idade. Eu e os meus amigos estávamos a conversar sobre o corpo da mulher e não conseguimos chegar a nenhuma conclusão ao hímen. Afinal de contas, serve para quê?”
Guilherme, Monforte
Caro leitor,
O propósito fisiológico do hímen é um dos mistérios do corpo feminino. Embora não pareça ter uma função específica, o tecido do hímen permanece no corpo como um vestígio do desenvolvimento vaginal, sendo acima de tudo uma barreira de proteção. Enquanto a mulher é criança, o hímen funciona como uma barreira que impede a inserção de objetos na vagina, protegendo também contra a entrada de germes e de sujidade. A integridade do hímen foi culturalmente vista como uma prova de virgindade, embora se tenha comprovado que o hímen se pode romper sem que haja uma relação sexual. Algumas atividades físicas podem fazer com que este se rompa, por exemplo ao andar a cavalo, através da dança ou da ginástica, mas isto nem sempre sucede pelo que uma rapariga não deve ser privada dessas atividades. Em casos mais raros, pelo contrário, o hímen pode ser tão elástico que não rompa durante a penetração. A maior parte dos hímenes não cobrem na totalidade a entrada vaginal, permitindo que o fluxo menstrual saia. Quando o hímen cobre a totalidade da entrada vaginal a rapariga não menstrua, sendo necessária uma pequena intervenção cirúrgica.
“Tenho 23 anos e há uns dias estava a fazer amor com a minha namorada e, depois de ejacular, perdi a ereção. Como estávamos ambos muito excitados não tirámos logo o preservativo porque tive uma nova ereção, mas depois ficámos com receio de uma gravidez indesejada. Isso pode acontecer?”
Cláudio, Damaia
Caro leitor,
De facto é preciso ter muito cuidado e deve retirar de imediato o pénis da vagina quando ejacula e perde a ereção, porque o preservativo deixa de estar ajustado ao pénis e isso pode fazer com que o sémen se espalhe na vagina. Uma vez que teve logo uma nova ereção é pouco provável que isso tenha acontecido, mas mesmo assim devem fazer um teste de gravidez e consultar o médico. Entre uma ereção e outra podem ter surgido bolsas de ar ou espaços por preencher no preservativo, que podem comprometer a sua eficácia não só como proteção contra uma gravidez indesejada como também em relação à transmissão de infeções. Além disso, logo que há uma ejaculação o preservativo deve ser retirado. Mesmo que continuem a ter relações sexuais é muito importante usar um preservativo novo, pois de contrário não estarão a fazer sexo realmente seguro.
“Eu e a minha esposa estamos a tentar ter um filho. No entanto, sempre que ejaculo dentro da vagina dela sai uma enorme quantidade de esperma, permanecendo lá dentro apenas uma pequena quantidade. Estamos preocupados, pois desse modo não sabemos se ela vai conseguir engravidar!”
André, Guimarães
Caro leitor,
Se desejam ter um filho é essencial que sejam acompanhados pelo médico ginecologista da sua esposa, para que ele possa seguir o vosso caso específico e ajudar-vos a encontrarem a melhor maneira de serem bem-sucedidos. Em relação àquilo que relata, cada ejaculação produz entre 1,5 a 5 mililitros de sémen, o que contém entre 200 a 600 milhões de espermatozoides. Por isso, embora vos pareça que a quantidade de esperma que permanece na vagina é muito pequena, milhões de espermatozoides partiram em direção ao óvulo, desde que esteja tudo a funcionar corretamente no vosso organismo. Para além do acompanhamento médico, há algumas dicas que vos podem ajudar a alcançar essa gravidez que tanto desejam. Procurem ter relações sexuais quando a sua esposa está perto da fase de ovulação (uma vez mais, o médico pode ajudar-vos a calendarizar estas fases). Evitem o uso de lubrificantes, que podem diminuir a fertilidade, e mantenham hábitos de vida saudável, evitem atividades físicas extremas e, principalmente para os homens, devem deixar de frequentar saunas e jacuzzis, se o fazem. Reduzam o consumo de cafeína e evitem o álcool e o tabaco. Suplementos ricos em vitaminas e ácido fólico também podem aumentar a capacidade de a sua esposa engravidar. O vosso médico pode ajudar-vos a encontrar o melhor plano para que vocês consigam engravidar, sendo também muito importante relaxar, pois a tensão, a ansiedade e os nervos acabam por prejudicar muitos casais.
“Quando eu e a minha namorada temos relações sexuais ela fica extremamente lubrificada, muito mais do que eu, que me considero uma mulher “normal”, e ela sente-se desconfortável com isso, apesar de não me fazer diferença. Porque é que isto acontece? Será algum problema de saúde?”
Luísa, Almada
Cara leitora,
A lubrificação vaginal durante o ato sexual é geralmente um sinal de excitação, facilitando a penetração, tanto com um pénis, no caso de uma relação heterossexual, como de um vibrador ou dildo, ou dos dedos, numa relação entre duas mulheres. Não há uma definição de “normal” na medida em que há muitas mulheres que têm uma lubrificação abundante, e muitas outras que libertam menor quantidade de fluxo, havendo também muitas mulheres que não conseguem produzir uma quantidade suficiente de fluxo, necessitando de usar um lubrificante para facilitar a penetração. Para além de variar de mulher para mulher, a quantidade de fluido segregada através da excitação varia também consoante a fase do ciclo menstrual em que a mulher se encontra. Fatores como a dieta, a toma de alguns medicamentos, o stress e possíveis infeções também influenciam a produção e segregação de fluidos vaginais. É importante saber se a sua namorada sempre teve um fluxo assim tão abundante, e se ele vem acompanhado por um odor mais forte do que o habitual, se tem alterações na cor ou na consistência. Deve consultar o seu ginecologista pois um fluxo excecionalmente abundante pode ser indicador de uma infeção vaginal que precisa de ser tratada. Algumas doenças e infeções podem também causar alterações nos fluidos vaginais. Mesmo que esta condição seja apenas uma caraterística dela, sem estar associada a nenhum problema de saúde, o seu ginecologista poderá aconselhá-la sobre os produtos de higiene íntima mais adequados para ela.