“Há cerca de 4 anos que eu e o meu marido tentamos ter um bebé mas não consigo engravidar. Começo a desesperar, temos uma vida sexual bastante saudável e ativa mas mesmo assim não conseguimos, por favor ajudem-nos, o nosso maior sonho é ter um bebé!”
Andreia, Fafe
Cara leitora,
Uma vez que já lá vão 4 anos e ainda não conseguiu engravidar aconselho-a a que consulte um ginecologista, pois é bastante tempo para ainda não ter obtido resultados. Assim, para saber o que se passa e descobrir a melhor forma de solucionar o seu problema é necessário que faça uma ecografia ginecológica bem como análises ao sangue para ver se está de facto a libertar óvulos e se não tem algum problema como Ovários Poliquísticos ou quistos no útero, etc… Assim que consulte um especialista este será capaz de lhe dar uma melhor explicação acerca da razão pela qual não consegue engravidar, indicando-lhe qual é o melhor tratamento para o seu caso.
“Tenho 17 anos e sou uma rapariga saudável, pratico desporto diariamente. Nunca tive uma candidíase, e tenho pavor de a vir a ter. Costumo seguir todas as indicações para manter a vagina saudável e evitar infeções, uso roupa interior de algodão, evito os tecidos elásticos, e como iogurtes. Há mais alguma coisa que eu possa fazer?”
Inês, Guarda
Cara leitora,
Sem motivos para alarme, a sua preocupação é de louvar, pois é importante cuidar da saúde íntima e adotar um estilo de vida saudável. Assim, a primeira coisa que aconselho é que visite com regularidade o seu médico ginecologista, para que ele possa acompanhar o seu caso e alertá-la para todas as situações que possam surgir. A candidíase é uma infeção causada por fungos que existem na vagina, mas que, quando o seu equilíbrio é perturbado, fazendo com que proliferem, resultam numa infeção. Para além dos hábitos que já segue, e que são benéficos, pode também fortalecer o seu sistema imunitário com uma boa alimentação e repouso diário adequado. Em relação aos iogurtes, aqueles que contêm Lactobacillus acidophilus são especialmente benéficos para prevenir infeções causadas por fungos. Se toma antibióticos deve comer mais iogurtes. Evite usar detergentes, sabões e papel higiénico com perfume, desodorizante ou produtos antibacterianos. Modere o uso de pensos, usando-os apenas quando está com o período. Evite usar clisteres. Nunca use roupa interior (ou fato de banho) húmidos, molhados ou suados, trocando-os logo que possa, pois o ambiente húmido favorece a proliferação de fungos e bactérias. Ao limpar-se depois de usar a casa de banho, certifique-se que o faz da frente para trás e limpe com cuidado, sem friccionar com força.
“Tenho 30 anos, já estou há três anos a morar com o meu o namorado e nunca consegui atingir o orgasmo. Será que tenho algum problema ou é normal isto acontecer?”
Teresa, Matosinhos
Cara leitora,
Atingir o orgasmo depende muito de mulher para mulher e das situações em que sente o prazer. A maioria das mulheres não atinge o orgasmo com a penetração, mas mais facilmente com masturbação, com sexo oral, com estimulação do clítoris… não valorize demasiado a questão de atingir ou não o orgasmo, pois a sua atenção irá desviar-se do prazer e não se entrega às sensações físicas, tirando menos satisfação daquilo que sente.
Como não sei se alguma vez terá sentido orgasmo é difícil responder-lhe, mas procure como gosta do prazer na masturbação sozinha, acaricie-se e à sua vagina – se a leitora souber do que gosta melhor poderá guiar o seu parceiro ou parceira nessa descoberta.
"A minha avó paterna teve cancro da mama e faleceu quando tinha 49 anos. Uma vez que eu tenho 45, receio vir a herdar também essa doença. É possível herdar pela parte masculina da família, ou o cancro da mama só pode ser herdado da família materna?”
Inês, Sesimbra
Cara leitora,
Existe de facto um certo risco de hereditariedade do cancro da mama, seja qual for o lado da família que sofreu essa doença. Ainda assim, a maior percentagem de casos de cancro da mama deriva de uma patologia genética que pode desenvolver-se conforme o estilo de vida e o processo normal de envelhecimento, havendo uma percentagem de casos que decorrem de herança genética da mutacao (BRCA1 ou BRC2) que pode vir tanto do lado da mãe como do pai. De um modo geral e muito resumido, o cancro da mama é causado por uma anormalidade genética que resulta na mutação de genes responsáveis por regular o crescimento das células no corpo e por mantê-las saudáveis. Geralmente as células substituem-se a si próprias mas, havendo uma anormalidade, isto pode não acontecer, o que faz com que as células se dividam de forma descontrolada. Quando isto sucede, as células produzem células semelhantes, que se juntam formando um tumor. Quando isto ocorre na mama, esta situação conduz muitas vezes a um cancro da mama. O cancro da mama pode afetar tanto mulheres como homens, embora seja mais frequente nas pessoas que nasceram do sexo feminino. O facto de uma pessoa da família ter desenvolvido esta doença não significa que outra a vá herdar, mas aumentam o risco, o facto de haver várias pessoas na família mais próxima que tiveram cancro da mama. Assim, aconselho a que, logo que seja possível fazê-lo com segurança, consulte o seu médico ginecologista, para que o seu caso possa ser devidamente acompanhado.
“Tenho 15 anos e a minha primeira namorada, mas ao contrário da maior parte dos rapazes da minha idade eu gostava de me manter virgem, pois apesar de gostar da minha namorada sinto que isto não é sério e gostava de perder a virgindade com alguém mais especial. No entanto, quando eu e a minha namorada nos beijamos e entusiasmamos acabo geralmente por ejacular, algo que me envergonha. Comecei a masturbar-me quando era pequeno, porque não sabia exatamente o que estava a fazer, mas há pouco tempo tenho parado de fazê-lo porque me sinto envergonhado. Não sei o que fazer nem quero falar com o médico… pode ajudar-me?”
Marco, Santarém
Caro leitor,
A sua atitude relativamente ao sexo e ao envolvimento com a sua namorada é bastante adulta para a idade que tem, pois a pressa de crescer e a curiosidade em experimentar algo novo faz com que muitas vezes os jovens se envolvam sexualmente sem que haja um envolvimento emocional com a pessoa com quem se encontram. Contudo, as reações do organismo nem sempre acompanham a noção intelectual acerca daquilo que queremos em relação ao sexo, e respostas corporais como ereções, ejaculação, lubrificação vaginal e orgasmos são muitas vezes involuntários, pois o corpo reage de determinadas formas aos estímulos a que é sujeito. O que não é muito “normal” é a vergonha que sente em relação ao seu próprio corpo, levando-o por exemplo a evitar masturbar-se, quando é algo que faz parte da evolução normal e da exploração do próprio corpo e da sexualidade. Aliás, se se masturbar antes de ir ter com a sua namorada isso pode ajudá-lo a evitar ejacular quando está com ela, pois a tensão terá sido aliviada e você estará menos sensível. Deve procurar compreender as razões que o levam a sentir este bloqueio em relação à sua própria masturbação, pois não há nada de errado nesse comportamento, comum a qualquer jovem da sua idade.
“Sou casada há um ano, após 5 anos de namoro. Amo o meu marido e não tenho dúvidas quanto a isso, mas perdi o desejo sexual. Quando ele chega basta aproximar-se de mim para ficar excitado, mas eu não sinto o mesmo, apesar de sentir amor. Gostaria de saber se existe remédio estimulante que me possa ajudar.”
Sandra, Felgueiras
Cara leitora,
O desejo sexual pode ser muito diferente entre homens e mulheres: os primeiros têm-no mais espontaneamente, por estímulos visuais (vê-la de certa maneira que considera sensual, por exemplo) e as mulheres mais em resposta a qualquer coisa que lhes agrada (um gesto romântico, um jantar à luz das velas, um elogio muito esperado…). Não tem de se sentir mal consigo própria por não conseguir ter o mesmo desejo do seu marido – não há um nível “normal”, mas sim o que serve bem cada casal e vocês têm de comunicar bem os dois para encontrarem um compromisso que sirva o desejo de ambos, provavelmente menos do que o seu marido desejaria e mais do que a leitora realmente deseja.
Lembrem-se que ter relações sexuais não é apenas fazer penetração vaginal, podem explorar outras formas de se darem prazer um ao outro, como a masturbação, as carícias e massagens, sexo oral… Estas e outras formas podem ser alternativas a ter as relações vaginais e podem excitar-vos e satisfazer-vos. Pense se precisa de fazer alterações na sua vida e na sua relação para a deixarem com mais tempo para a sua sexualidade. Com efeito, se andar muito cansada, com muitas tarefas em casa e no trabalho, sem tempo de relaxamento, é difícil apetecer-lhe fazer amor espontaneamente e deve expressar as suas necessidades ao seu marido e pedir a sua ajuda.
Há também a possibilidade de fazer terapia de substituição hormonal, mas não é muito recomendável na sua idade (apenas mulheres que não desejam mais ter filhos e que estejam na menopausa). Há alguns tipos de gel lubrificantes que estimulam a circulação sanguínea na zona genital e ajudam a mulher a atingir o orgasmo. A utilização destes pode ajudar a aumentar o desejo sexual pois quanto mais orgasmos se tem mais se quer ter.
"Vou começar a tomar a pílula e gostava que me esclarecesse a respeito de uma dúvida que tenho quanto à sua interferência nos orgasmos. Enquanto algumas amigas me dizem que torna os orgasmos mais fáceis, outras dizem-me que os dificulta. Afinal, quem tem razão?"
Susana, Loures
Cara leitora,
Os efeitos da pílula não são iguais para todas as pessoas, até porque variam de acordo com a pílula tomada. Assim, a divergência de opiniões que as suas amigas tem relaciona-se não só com o facto de serem pessoas diferentes como também, certamente, com a diferença entre as pílulas que tomam. As pílulas, sejam de que tipo forem, enganam o organismo fazendo-o "crer" que engravidou, para que desta forma não liberte um óvulo. Contudo, as respostas sexuais do nosso organismo estão fortemente ligadas aos nossos níveis hormonais e seja qual for a pílula tomada ela pode diminuir a libido em algumas mulheres. Contudo, tenha em conta que os orgasmos resultam da combinação de fatores físicos e psicológicos, e que poderá contornar os eventuais efeitos da pílula aumentando o tempo de preliminares ou estimulando manualmente o clítoris durante a relação sexual. Há mulheres que têm maiores dificuldades em atingir o orgasmo, mesmo sem tomarem a pílula. É essencial aprender aquilo que despoleta o seu prazer para que, mesmo tomando a pílula, não sofra com os seus eventuais efeitos nocivos.
“Desde sempre que tenho a fantasia de fazer amor na praia à beira mar, mas nunca tive coragem de a partilhar. Será que devo contar à minha namorada esta minha fantasia?”
Caro leitor:
Porque não? Trata-se de uma fantasia bastante romântica. As fantasias sexuais fazem parte do pensamento de qualquer ser humano, e a partilha de fantasias e desejos poderá tornar-se muito importante numa relação, pois só terão benefícios sobre isso. Falar abertamente sobre sexo deverá fazer parte integrante da sua relação, mas tenha atenção há forma como o faz pois o objectivo não é a insegurança por parte da sua namorada, mas sim para que estejam na totalidade satisfeitos e felizes. Aconselho-o a deixar-se levar pelo calor…o barulho das ondas…enfim…!
Tenho 18 anos, e estou a tentar começar uma vida sexualmente activa com a minha namorada. O problema é que perco completamente a erecção durante os preliminares, não conseguindo recuperá-la. Tentámos por duas vezes, e eu perdi sempre a erecção. O que posso fazer?
Francisco, Tomar
Caro leitor,
Dada a sua idade, acredito que a causa destas dificuldades tenham causas psicológicas – o leitor parece ter entrado num ciclo vicioso, depois de uma experiência que correu mal, começou a sentir ansiedade de antecipação e a ficar preocupado com isso, o que influencia muito as relações sexuais seguintes, de modo negativo. É muito normal que a primeira vez que tente fique preocupado se vai conseguir, se vai agradar à sua namorada, só o nervosismo de ser a primeira é suficiente para que surjam dificuldades. Mas não diga que não consegue recuperar a erecção, pois se a estimulação continuar e mantiver um espírito positivo, dizendo a si mesmo que é normal perder-se uma erecção, outras se seguirão certamente.
Provavelmente, quando chega a hora de tentar a penetração, o seu corpo e mente estão num modo que não é sexual mas ansiogénico, mergulhados em preocupações e a sentir muito menos o prazer. É muito importante que perceba este ciclo vicioso e o consiga cortar: relaxe, não desista de ter relações sexuais só porque perdeu aquela erecção, pois se continuar a estimulação outras se seguirão certamente; ganhe confiança com a sua parceira sexual, para que ela seja paciente e o faça se sinta à vontade; treine a colocação e utilização do preservativo na masturbação; experimente comprar anéis penianos numa sex-shop, que o podem ajudar ligeiramente a aguentar o afluxo de sangue no pénis…
Se estas sugestões não resolverem o problema recorra a consulta de planeamento familiar ou de sexologia, para que não sofra o efeito de bola de neve e veja este problema aumentar e instalar-se na sua vida sexual.
A rotina é, sem dúvida, um dos maiores inimigos de qualquer relacionamento. Enquanto que nos primeiros tempos da paixão todo o tempo que passavam juntos parecia pouco e qualquer toque ou olhar desencadeava um incêndio que os levava para os braços um do outro, com o tempo e a habituação a excitação da novidade apaga-se. Se a isso juntarmos as exigências do dia a dia, as discussões a respeito de quem lava a louça ou vai buscar os filhos à escola e as pressões a que cada um dos dois é submetido no local de trabalho, é fácil de compreender porque é que a vida sexual se torna um problema silencioso para tantos casais.
Passamos mais tempo a trabalhar e a responder aos desafios e exigências profissionais do que a sós com quem amamos. Por outro lado, qualquer pessoa, por mais apaixonada que esteja, precisa de ter tempo para si e para sentir saudades do seu mais-que-tudo. Aquilo de que muitas vezes não nos damos conta, no entanto, é que ao afastarmo-nos no dia a dia isso cria um fosso também na nossa vida sexual, afastando-nos.
Por outro lado, é fundamental ter presente que se perder o contato com a sua própria sexualidade isso irá necessariamente afastá-la do seu par. Limitar-se a cumprir as suas obrigações enquanto mãe e profissional, esquecendo-se que também é mulher, com desejos e vontades, faz com que essa parte do seu ser e da sua vida vá ficando entorpecida. A partir daí, muitas mulheres deixam de sentir prazer na relação sexual, porque não se permitem desfrutar dela com relaxamento e descontração, passando a evitar o seu parceiro. A anorgasmia, uma disfunção de que já falámos, pode surgir então e impedir a mulher de ter orgasmos, ou dificultando-os. Como tal, isto faz com que a mulher ainda tenha maior tendência para evitar a relação sexual, pois sabe que não lhe será fácil chegar ao orgasmo, tornando o sexo algo penoso.
Mais vale prevenir… A melhor forma de combater a falta de desejo no casal é aprender a evitá-la. Para tal, integre certos princípios na dinâmica da relação e faça deles hábitos saudáveis, para o bem da relação.