"A minha avó paterna teve cancro da mama e faleceu quando tinha 49 anos. Uma vez que eu tenho 45, receio vir a herdar também essa doença. É possível herdar pela parte masculina da família, ou o cancro da mama só pode ser herdado da família materna?”
Inês, Sesimbra
Cara leitora,
Existe de facto um certo risco de hereditariedade do cancro da mama, seja qual for o lado da família que sofreu essa doença. Ainda assim, a maior percentagem de casos de cancro da mama deriva de uma patologia genética que pode desenvolver-se conforme o estilo de vida e o processo normal de envelhecimento, havendo uma percentagem de casos que decorrem de herança genética da mutacao (BRCA1 ou BRC2) que pode vir tanto do lado da mãe como do pai. De um modo geral e muito resumido, o cancro da mama é causado por uma anormalidade genética que resulta na mutação de genes responsáveis por regular o crescimento das células no corpo e por mantê-las saudáveis. Geralmente as células substituem-se a si próprias mas, havendo uma anormalidade, isto pode não acontecer, o que faz com que as células se dividam de forma descontrolada. Quando isto sucede, as células produzem células semelhantes, que se juntam formando um tumor. Quando isto ocorre na mama, esta situação conduz muitas vezes a um cancro da mama. O cancro da mama pode afetar tanto mulheres como homens, embora seja mais frequente nas pessoas que nasceram do sexo feminino. O facto de uma pessoa da família ter desenvolvido esta doença não significa que outra a vá herdar, mas aumentam o risco, o facto de haver várias pessoas na família mais próxima que tiveram cancro da mama. Assim, aconselho a que, logo que seja possível fazê-lo com segurança, consulte o seu médico ginecologista, para que o seu caso possa ser devidamente acompanhado.
“Gostava de saber quais são os alimentos que podem ajudar a evitar o cancro da mama pois, apesar de ir frequentemente ao médico e de não ter nenhum sintoma, tenho um historial de cancro da mama na família e tenho receio de vir a ter essa doença.”
Teresa, Funchal
Cara leitora,
A dieta, embora haja muitos estudos que apontam para a sua influência no aparecimento e desenvolvimento desta doença, é apenas um dos fatores que contribuem para ela. Ainda assim, o facto de ser vigiada pelo médico e de ter a preocupação de adotar uma postura correta e saudável é já muito benéfica e é aquilo que melhor pode fazer como prevenção. Embora a dieta, por si só, não evite a doença, é um fator que depende de si e por isso deve usá-lo a seu favor, fazendo uma alimentação que seja tão saudável quanto possível. De um modo geral, deve ingerir muitos frutos e legumes como couve roxa, pimento vermelho e frutos vermelhos, ricos em antioxidantes. Os vegetais ricos em fibras, como os brócolos, a couve e a couve-flor são também benéficos, assim como os produtos ricos em proteínas, que também aumentam a saciedade e vão ajudá-la a evitar comida de plástico, prejudicial ao organismo. O iogurte magro e o queijo fresco são boas opções para comer entre refeições. Os alimentos ricos em ómega 3 devem também ser consumidos diariamente de forma moderada, nomeadamente os abacates, frutos secos e azeite. Evite as gorduras saturadas, pois estudos realizados apontam para uma relação entre as dietas ricas em gorduras e o desenvolvimento do cancro da mama. A carne vermelha e o álcool são também inimigos que deve evitar. Uma dieta rica em fibras, vitaminas e minerais, com muita hortaliça, ajuda a diminuir o risco de qualquer tipo de cancro, assim como os alimentos baixos em gorduras, sal e açúcar. Deve manter um peso equilibrado através de uma dieta saudável e de exercício físico regular de intensidade moderada. O excesso de peso pode contribuir para um risco mais elevado de contrair cancro da mama. Deve evitar alimentos que aumentem os níveis de estrogénio, mas deve falar com o seu médico e decidir um plano adequado para si. O acompanhamento regular do seu médico é sempre fundamental na prevenção.
“O meu médico detetou um caroço no meu peito e, embora dissesse que à partida não era motivo para alarme, aconselhou-me a ser vista por um especialista. Ele disse que pode ser um quisto ou um fibroadenoma. Será que possa ter cancro da mama?”
Luciana, Valença
Cara leitora,
Ainda que nem todos os caroços indiciem um cancro, deve ser vista rapidamente por um especialista. Há caroços que podem surgir devido a mudanças hormonais causadas pelo ciclo menstrual, as quais podem originar quistos ou fibroadenomas, que são mais duros e têm uma forma definida do que os quistos. Em qualquer dos casos, podem ser removidos cirurgicamente, com relativa facilidade. Relativamente à possibilidade de ter cancro da mama, a idade, o historial familiar clínico, tratamentos que tenha feito como radioterapia, ou o seu historial clínico são fatores que potenciam este risco. Deve ser vista por um médico para que, através dos exames adequados, possa proceder ao tratamento adequado à sua situação. Todas as mulheres devem, também, proceder ao auto-exame da mama, feito todos os meses, no mesmo período do ciclo menstrual, para que possa detetar qualquer alteração. A melhor altura para fazer este auto-exame é uma semana depois de terminar a menstruação. Consoante a idade, é também muito importante fazer uma mamografia com regularidade.
“Tenho 62 anos, sou casada e, recentemente, descobri que tinha cancro da mama e, por isso tive que extrair um peito. Por isso tenho receio que já não satisfaça sexualmente o meu marido…”
Mariana, Cascais
Cara leitora,
É natural que após uma cirurgia tão delicada a leitora se sinta desconfortável ou mesmo insegura em relação à sua sexualidade e feminilidade. Todavia, para que possa ficar mais tranquila quanto ao seu marido, aconselho-a a utilizar a via do diálogo para dissipar todas as suas dúvidas. Inicialmente, poderá ser um pouco difícil o reinício da vida sexual, visto que actualmente o seu físico apresenta uma outra forma, mas com certeza que com uma boa dose de bom senso e compreensão essa situação será facilmente ultrapassada por ambos. É legítimo que nesta fase pós-operatória pairem na sua cabeça dúvidas e receios que podem causar algum distanciamento. Sendo assim, não se iniba em ter uma conversa séria e frontal com o seu marido, pois juntos podem redimensionar a vossa vida sexual para que esta continue satisfatória e activa. Acredite nos sentimentos do seu marido e sinta-se feliz por ter a seu lado uma pessoa tão nobre e que sempre a apoiou.
“Tenho 32 anos, sou casada mas ainda não tenho filhos. Ultimamente tenho notado que o meu peito está a ficar descaído, o que me incomoda bastante. Porque é que isso acontece? Qual o risco de cancro da mama na minha idade?”
Carla, Lisboa
Cara leitora,
O peito feminino começa a desenvolver-se durante os primeiros anos da adolescência, atingindo a maturidade por volta dos 21 ou 23 anos. Nessa idade o peito atinge a sua firmeza e tamanho máximo, daí a leitora notar que aos 32 anos de idade eles estejam a ficar um pouco mais flácidos. Ao atingir a casa dos 20 anos de idade, uma em cada 2500 mulheres desenvolve cancro da mama. Apesar de as probabilidades serem ainda muito baixas é conveniente que a mulher examine os seios com frequência para controlar o aparecimento de quaisquer caroços. Por volta dos 30 anos os seios começam a perder a firmeza que tinham devido à perda de Colagénio. Por volta desta média de idade, 70 por cento das mulheres começam a desenvolver caroços fibrocisticos no peito, ou seja, caroços benignos que devem no entanto ser acompanhados pelo médico. A gravidez causa também alterações no tamanho e flacidez dos seios, fazendo também com que os mamilos fiquem mais escuros. No final dos 30 e início dos 40 anos os seios continuam a descair, e uma em cada 250 mulheres pode desenvolver cancro da mama. Por isso aconselha-se a realização de exames anuais frequentes, especialmente em mulheres com familiares que tenham tido cancro da mama antes da menopausa. Os mamogramas anuais devem ser realizados depois dos quarenta, pois a detecção precoce do cancro da mama aumenta em bastante a probabilidade de sucesso dos tratamentos.