Será que ela é frígida?
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“Engravidei no ano passado e o meu marido deixou de ter relações sexuais comigo, mas mesmo antes disso já não era o que era, porque ele era uma pessoa que tinha sempre vontade de fazer amor.
Depois de ser mãe já tivemos relações, mas acho que ele deixou de ter desejo por mim, não sente vontade de o fazer, ele diz que me ama e gosta de mim, e não sei como resolver esta situação.”
Luísa, Corroios
Cara leitora,
A gravidez e o nascimento de uma criança podem alterar muito a vida de um casal. Só o seu marido lhe poderá dizer o que sente, mas fale com ele e esclareça as suas preocupações. O desejo sexual alimenta-se de pormenores que por vezes esquecemos na azáfama dos dias: podem estar mais cansados que antigamente, ele pode não a querer pressionar por ser mãe (apesar de continuar a ser mulher), podem ter ainda a criança no vosso quarto e tal inibi-lo…. Há muitos fatores que podem estar a influenciar a vossa vida sexual, comuniquem um com o outro, sem discussões nem exigências para que perceba quais estão a influenciar a vossa. Uma relação íntima evolui muito ao longo dos anos e tal não é negativo: ao início há mais desejo de proximidade e, depois, há um afastamento saudável que o amor permite por se sentirem seguros para viver as vidas independentemente, embora juntos. Não crie expectativas irrealistas sobre o vosso amor, que limitem as vivências novas que podem ainda experimentar. Boa sorte para a sua conversa e acredite no vosso casamento e na força da vossa família!
“Tenho 38 anos e embora a minha vida sexual sempre tenha sido boa noto algumas alterações ultimamente que me estão a deixar preocupada. Passei por uma depressão há pouco tempo e como ainda estou a tomar anti-depressivos gostava de saber se são eles os responsáveis pela diminuição do prazer que sinto.”
Cláudia, Lisboa
Cara Leitora,
Alguns anti-depressivos, bem como medicamentos para a redução da ansiedade, têm como efeito secundário a diminuição do interesse sexual e dificuldade em atingir o orgasmo. Medicamentos como o Prozac ou Zoloft são notórios neste âmbito. O anti-depressivo que está no mercado e que tem tido menos efeitos secundários a nível sexual e o Welbutrim. É bem provável que pelo facto de estar a ser medicada com anti-depressivos o seu desempenho sexual tenha sido afectado. Converse com o seu médico a respeito do que tem sentido, e se achar necessário peça que lhe receite outro anti-depressivo que tenha menos efeitos secundários, ou que altere a dose da medicação que está a tomar.
Não existem dúvidas, o seu prazer sexual pode ser afectado por diversas disfunções sexuais , que podem causar dor ou algum sofrimento psicológico. Muitas mulheres, passam uma vida inteira a pensar que o seu desempenho na intimidade é fraco ou diferente, mas aquilo que não entendem
é que as suas respostas aos estímulos sexuais podem não ser mais melhores, simplesmente porque sofrem de um problema físico ou psicológico, que pode ser perfeitamente tratado. Vaginismo, dispareunia, anorgasmia ou desejo sexual hipoactivo são alguns dos problemas que se podem manifestar na mulher. Para resolvê-los basta que procure a resolução para eles, junto de algum terapeuta sexual ou do seu ginecologista.
Os mais usuais:
Desejo sexual hipoactivo (falta de prazer no acto sexual): Não existe ou diminui o desejo e as fantasias sexuais.
Aversão sexual (fobia no acto sexual): Existem sentimentos de repulsa pelo parceiro, na intimidade, acompanhados de alguma ansiedade e medo.
Transtorno de excitação (Frigidez): Existe uma capacidade quase permanente de manter a lubrificação vaginal até ao final do acto sexual.
A mulher tem também falta de excitação.
Anorgasmia (Inibição do orgasmo): Mesmo após um estímulo sexual adequado, a mulher pode não conseguir atingir o orgasmo.
Dispareunia: É a dor genital que a mulher sente durante um acto sexual, desde que não existam outros factores como nódulos ou infecções.
Vaginismo: Quando existe uma contracção permanente dos músculos da vagina que impedem a penetração pelo pénis.
Disfunção sexual devido a uma condição
médica: Quando existem outras doenças, como por exemplo a Diabetes que fazem com que o desejo
sexual diminua.
Disfunção sexual induzida por substâncias: Quando existe
diminuição do desejo sexual devido à ingestão de algumas substâncias orgânicas,
como por exemplo, anti-depressivos.
“Tenho 23 anos e noutro dia, numa conversa mais íntima com a minha melhor amiga, ela confessou-me que não sente nem nunca sentiu qualquer desejo sexual por ninguém, daí nunca ter tido um namorado. É normal isto acontecer?”
Catarina, Massamá
Cara leitora,
A assexualidade consiste na falta de interesse pelo sexo ou na falta de atração pelos outros. Embora não haja muita pesquisa feita nesse campo, crê-se que 1% da população é assexuada, sendo que as pessoas que sofrem deste problema não sentem necessidade do envolvimento íntimo com outra pessoa, embora possam, em alguma fase da vida, experimentar necessidades sexuais, às quais respondem pela masturbação. Mesmo sendo assexuais, as pessoas podem envolver-se em relacionamentos emocionais, pois apesar de não terem necessidade de envolvimento sexual continuam a ter necessidade de envolvimento afetivo e a vontade de estarem num relacionamento. De um modo geral, havendo compreensão mutua, pode haver entendimento num casal em que ambos ou um dos membros são assexuais, encontrando outras formas de trazer satisfação à relação e de a fortalecer.
“Tenho 25 anos e quase nenhum desejo sexual, quer esteja sozinha ou com um namorado. Fazer amor é, muitas vezes, uma verdadeira tortura, pois não tenho qualquer vontade. Sei que existe a assexualidade e tenho algum receio de ser assexual, poderá ajudar-me a determinar se tenho esse problema e indicar-me, nesse caso, aquilo que posso fazer?”
Sandra, Barcarena
Cara leitora,
A assexualidade define-se pela falta de interesse ou atração sexual pelos outros. Cerca de um por cento da população poderá sofrer deste problema, sendo que neste caso a pessoa não sente qualquer desejo sexual ou de intimidade. Podem, até, ter sido sexuais em dado ponto das suas vidas, e podem sentir alguns impulsos sexuais, masturbando-se, mas não desejam ter relações sexuais com outra pessoa. Mesmo sem esta necessidade de intimidade física, muitas pessoas que sofrem de assexualidade criam laços afetivos estáveis, sendo essencial neste caso falarem abertamente com o parceiro para poderem encontrar juntos uma solução. Fazer amor como se de uma obrigação se tratasse não a faz feliz a si nem ao seu namorado, que provavelmente acaba por aperceber-se da sua falta de vontade e pode pensar que a “culpa” é dele. Procure compreender aquilo que a faz não ter qualquer vontade de fazer amor, pois poderá relacionar-se com um trauma ou bloqueio de infância ou até com o desconforto com o seu próprio corpo, ou vergonha em relação à sua sexualidade. Considere, também, que pode tratar-se de falta de vontade em estar com o seu parceiro em particular. E aconselhável que procure aconselhar-se com um terapeuta que possa acompanhar o seu caso em particular, ajudando-a a compreender a situação e a encontrar formas de a superar.
"Tenho 30 anos e sou saudável, mas nunca senti muito desejo sexual. Uma amiga falou-me de terapia hormonal, e eu gostaria de saber do que se trata."
Anita, Lisboa
Cara Leitora,
A falta de desejo sexual é bastante comum entre as mulheres, principalmente quando o stress do dia a dia se torna excessivo. Existem hormonas, como por exemplo a testosterona, que quando tomadas em forma de suplementos podem fazer aumentar o desejo sexual. A Deidropiandrosterona, uma substância química que causa o aumento de testosterona nos homens e progesterona e estrogénio nas mulheres, é por vezes receitada por médicos com o objectivo de aumentar o nível de energia e bem-estar, em ambos os sexos. Os resultados deste tipo de terapia não estão totalmente provados e ela acarreta alguns efeitos secundários, por isso um médico especializado em sexualidade será a pessoa mais indicada para decidir se este tipo de terapia é aconselhável para si.
“Tenho 45 anos e o meu marido 50. Há 5 anos que me esforço para seduzir o meu marido para fazer amor, mas ele esquiva-se sempre. Portanto, há 5 anos que sofro com esta rejeição, e já não sei o que fazer. Que me aconselha e o que tem para me dizer?
Susana, Guimaraes
Cara leitora,
De facto algo se passa, pois esse não é o comportamento “típico” de um homem de 50 anos. Algumas questões que deve colocar são as seguintes: houve alguma mudança na vossa relação há 5 anos atrás? Algum problema de saúde ou deficiência? Infidelidade? Problemas conjugais? Abuso de bebida ou drogas? Alguma medicação nova? Depressão? Algum stress na vossa vida? Todos estes fatores podem influenciar o desejo sexual de um indivíduo. Sem saber mais a respeito do seu marido e da sua relação é difícil determinar a causa do comportamento do seu marido. Uma vez que a leitora gostaria de compreender o porquê da sua situação aconselho que tenha uma conversa franca com o seu marido e que tente descobrir o que está por detrás do seu comportamento. Se achar apropriado, consulte um psicólogo de casais para que este vos possa ajudar a comunicar melhor, pois apenas assim vão melhorar a situação.