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Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

Consultório de Sexologia

Profª Drª Helena Barroqueiro

“Descobri que sou lésbica, e agora o que devo fazer?”


 

Tenho 23 anos e depois de ter tido muitos namorados, descobri recentemente que sou lésbica. Iniciei um relacionamento com uma mulher, e embora tudo esteja a correr bem entre nós não sei como contar aos meus pais, pois acho que vão reagir mal.” 

 

Maria, Faro

 

Cara Leitora,

Apesar de existir hoje em dia na nossa sociedade uma maior abertura a nivel sexual, a questão da homossexualidade continua a ser um assunto tabu e rejeitado por muitas famílias principalmente em países conservadores, devido à influência da Igreja na conduta das pessoas. Neste sentido, é natural o seu receio em abordar esta questão com os seus pais. A expectativa dos pais é quase sempre que os filhos se casem e lhes dêem netos de modo a alargar a família. Por isso, muitas vezes, falar de relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo revela-se bastante complicado.

Tente compreender a posição dos seus pais, procure mostrar-lhes, que a sua felicidade está junto da pessoa que ama, independentemente do seu sexo. Não desista de lutar pela sua felicidade! Mostre-lhes que compreende a posição deles, mas peça-lhes que compreendam e respeitem também os seus sentimentos. Certamente que, por gostarem de si, entenderão e respeitarão a sua decisão. 

“Já estou farta do vibrador!...”

 

 “Tenho uma relação estável com outra mulher há já 4 anos. Procuramos sempre animar a nossa vida sexual e experimentar coisas novas, há uns meses comprámos um vibrador, que temos utilizado desde então. Acontece é que eu já estou farta e ela continua a insistir em usá-lo.”
Soraia
 
 
Cara Leitora,
O uso de objectos que proporcionem maior diversão nos momentos de intimidade e diminuição da rotina são sempre saudáveis. Actualmente, é bastante normal que casais tanto homossexuais como heterossexuais visitem sex-shops à procura de novas formas para dinamizar a vida sexual e fugir à rotina. Todavia, não tem de consentir no uso de objectos ou em brincadeiras com as quais não está de acordo. Não é legítimo que a sua companheira exija a sua participação em práticas sexuais que não são do seu agrado, por isso, converse com ela e mostre-lhe que a vossa sexualidade apenas resulta se ambas concordarem e tiverem motivação para participar nas aventuras eróticas. O sentido de obrigatoriedade fará com que a leitora, progressivamente, vá perdendo a vontade de estar intimamente com ela. Mostre-lhe que prefere partir à descoberta de outras coisas e que nesse sentido a vossa performance sexual apenas beneficiará com isso, principalmente se estiverem ambas empenhadas.
 

“Ela queixa-se que não lhe faço sexo oral!”

 
 

“Sou lésbica e tenho um relacionamento que já dura há 8 meses. Eu e a minha namorada temos uma vida sexual bastante ativa, no entanto ela queixa-se que eu não lhe faço sexo oral.”

                                                                                              Madalena, Lisboa

 

 

Cara leitora,

É esse tipo de atitude que faz com que a vida sexual de um casal acabe por morrer após algum tempo de união. Não é justo para si que a sua namorada esteja descontente, apenas porque uma das necessidades dela não é satisfeita. É natural que as relações se tornem monótonas após alguns anos, mas cabe ao casal diversificar e ser criativo para manter a chama acesa. No entanto, se o sexo oral é algo importante para a sua namorada então tente identificar uma forma de o tornar mais tolerável para si. Por exemplo, experimente usar lubrificantes com sabores. Converse com a sua namorada, tentem descobrir novas práticas sexuais que ambas estejam interessadas em experimentar, de forma a reacender a chama entre ambas.

 

“Sinto-me atraída por uma colega de escola…”

 

 

Tenho dezassete anos e já tive alguns namorados, mas de há uns tempos para cá comecei a sentir-me atraída por uma colega do liceu onde ando. Ouvi dizer que é normal durante a adolescência a atração entre pessoas do mesmo sexo, mas será que isso passa com a idade? Ou serei bissexual ou homossexual?”

Sónia, Odivelas

Cara Leitora,

A passagem da infância para a fase da adolescência é marcada pela descoberta da sexualidade e, muitas vezes, é aí que começam a surgir certas dúvidas no que diz respeito à orientação sexual. Durante a adolescência, para além das transformações físicas, ocorrem também transformações emocionais definindo-se novos papéis sociais e a identidade sexual. Por vezes, a definição da homossexualidade começa apenas como mera curiosidade do funcionamento do corpo e dos afetos de uma pessoa do mesmo sexo. Sendo a adolescência uma fase fortemente marcada pela dúvida e insegurança os desejos que aí ocorrem não são necessariamente os que se vinculam na idade adulta. Sentir-se atraída por alguém do mesmo sexo tende a ser algo comum e com maior recetividade social. Como referi anteriormente, nem sempre os sentimentos da adolescência são aqueles que nos acompanham para a vida adulta. Neste sentido, aja com prudência e saiba escutar o seu coração.

“Adoro usar acessórios masculinos.”

“Desde muito jovem que sempre gostei de usar acessórios masculinos, e gostaria de saber se serei lésbica por isso?”
Rafaela, Barreiro
Cara Leitora,

O uso de acessórios do sexo oposto, ou seja o travestismo, é uma prática bastante antiga e que não está de forma obrigatória relacionada com a orientação sexual do indivíduo. Existem homens que gostam de utilizar vestuário e acessórios femininos, da mesma forma que existem mulheres que gostam de utilizar vestuário e acessórios masculinos, e isso não faz com que sejam homossexuais ou lésbicas. No entanto, essa prática pode ser mal compreendida por algumas pessoas na nossa sociedade, por isso, se decidir utilizar acessórios estritamente masculinos em público esteja preparada para os comentários que pode vir a suscitar.

“Não me sinto aceite pela minha família.”

“Tenho 27 anos e desde muito nova que percebi que sou lésbica. Gostava muito de apresentar a minha namorada e os meus amigos à minha família, mas como venho de uma família muito conservadora não me sinto à vontade para o fazer. Os meus irmãos já sabem e a reação deles foi fria, sei que no fundo me olham de forma diferente. Tenho algum receio da reação dos meus pais, se por um lado gostava de lhes contar por outro não seicomo o fazer.”

 

Teresa, Sintra

 

Cara leitora,

Compreendo que se deve sentir frustrada com a situação, uma vez que não pode ser autêntica e frontal quanto à sua vida pessoal com a sua família, acabando por não poder juntar as pessoas que são mais importantes na sua vida. Muitas vezes as pessoas acabam por discriminar aqueles que não compreendem, ou que são diferentes de si próprias. Também acontece, por outro lado, as próprias pessoas serem mais discriminatórias, julgando que não serão compreendidas ou aceites pelos outros quando na verdade a reação alheia é bastante melhor do que se esperava. Apesar de os seus irmãos terem reagido com frieza, tal não significa que as restantes pessoas da sua família o façam, mas se não lhes der a oportunidade de se manifestarem nunca o saberá. Por isso, apesar de ser difícil, tente falar do assunto com a sua família da forma mais natural possível, pois quanto mais a sua família tiver a oportunidade de conversar consigo, saber a forma como vive a sua vida privada e sentir que confia neles e que a sua reação a esse assunto é importante para si, mais fácil será da parte deles aceitarem que tem todo o direito a ser feliz, seja com quem for.

“Os meus colegas dizem que eu sou doente…”

“Tenho 25 anos e desde sempre me assumi como lésbica, não tendo dificuldades em lidar com isso, no entanto, ultimamente num novo trabalho sou vista como doente. A homossexualidade pode, efectivamente, ser vista como uma doença?”

 

Marta, Faro

 

Cara Leitora,

 

Antes de mais quero dar-lhe os parabéns pela coragem que tem em assumir a sua orientação sexual. Considero que seria importante em primeiro lugar reflectir se são os outros que a vêm como doente, ou, se pelo contrário, a leitora acha que os outros a vêem dessa forma. Se de facto algum dos seus colegas a insultou dessa forma, então a leitora tem de fazê-los entender que a homossexualidade não é uma doença. A homossexualidade não implica qualquer deterioração no discernimento, estabilidade, fiabilidade ou nas capacidades vocacional ou social, pelo que a leitora não é uma pessoa doente. A homossexualidade, por si só, não promove a anormalidade psicológica e isso sim é importante ter em mente. Não dê tanta importância ao que os outros lhe dizem e não deixe, principalmente, que isto abale a sua estabilidade emocional.

"Será que a minha mulher é lésbica?"

“Há uns dias atrás estava numa discoteca com a minha namorada quando a certa altura a vejo a dançar com outra mulher de forma bastante provocadora. Ela pareceu estar a gostar e não resistia aos avanços da outra mulher. Depois desse incidente fiquei preocupado, poderá ela ser lésbica?”

Manuel, Covilhã

 

Caro leitor,

é bastante comum que os jovens façam experiências a nível sexual como forma de explorar a sua própria sexualidade, por isso um incidente isolado não é suficiente para determinar a orientação sexual de um indivíduo. Algumas mulheres fazem isso também como uma forma de provocar o companheiro,
alimentando a sua fantasia de fazer amor com duas mulheres. Este comportamento tem-se tornado bastante comum em alguns países, mas é ainda condenado noutros. É também possível que a sua namorada tivesse curiosidade em saber como é tocar outra mulher, tendo sido essa uma situação única que não se voltará a repetir. Pode-se dar o caso de ela se sentir realmente atraída por outras mulheres, sendo bissexual e não lésbica. Converse de forma aberta e desinibida com a sua namorada pois é a única maneira de encontrar resposta para a sua questão.

“Sonho fazer amor com duas mulheres!”

 

“Sou lésbica e estou a viver com a minha namorada há dois meses. Amamo-nos muito e damo-nos bem a todos os níveis, mas eu tenho uma fantasia antiga que gostaria de concretizar, e que é fazer amor com duas mulheres ao mesmo tempo. Gostaria de falar com ela e propor-lhe pôr a minha fantasia em prática, mas tenho algum medo da sua reacção, não quero que interprete a minha vontade como falta de amor por ela. O que devo fazer?”
Rita, Amadora
 
Cara Leitora,
Ter fantasias é algo perfeitamente normal e legítimo. Porém, se envolve outras pessoas é importante ter-se cuidado na forma como se expõem, principalmente quando a proposta é mais ousada do que o habitual. Antes de tomar qualquer atitude é importante que vá abordando a sua namorada sobre a hipótese de haver mais uma pessoa a partilhar a vossa intimidade. Vá sentindo a sensibilidade da sua parceira para que possa saber aquilo com o que pode contar.
Apesar de serem, muitas vezes, divertidas, as fantasias nem sempre causam o mesmo impacto em todas as pessoas. Assim sendo, se a sua namorada não for muito receptiva a esta ideia não reaja mal, tente compreender que não é fácil este tipo de exposição. Contudo, se ela concordar com este tipo de fantasia vivam da melhor forma o momento e deixem a imaginação fluir.

“Há preservativos para mulheres?”

 

 

“Tenho dezoito anos e sou lésbica. Quero iniciar a minha vida sexual, mas gostava de saber de que forma posso fazer sexo seguro. Quando as mulheres praticam sexo com um homem podem utilizar o preservativo como forma de protecção, no entanto, quando são duas mulheres a praticar sexo como é que se podem proteger contra infecções sexualmente transmitidas?
Maria, Estoril
 
Cara Leitora,
A sua pergunta faz bastante sentido, pois com o uso do preservativo a mulher heterossexual está protegida contra Infecções Sexualmente Transmissíveis tanto durante a penetração como durante o sexo oral. No caso de sexo entre mulheres, existem formas de se proteger durante o acto sexual, como através da utilização de uma barreira dental, ou seja, uma película de látex que pode ser utilizada durante o sexo oral. Estas películas de látex podem ser adquiridas em qualquer Sex Shop, mas o seu custo é elevado, por isso pode experimentar cortar ao meio um preservativo que ainda não foi usado e utilizá-lo durante o sexo oral, ou então pode optar por utilizar uma folha de papel celofane. Desta forma, pode evitar que os fluidos vaginais entrem em contacto com a pele e com as mucosas da boca, principalmente se houver algum tipo de ferida ou escoriação, e que possam ser introduzidos no organismo através destas, provocando uma infecção. No caso de sexo entre mulheres, por vezes as coisas não são tão claras. Aquando da utilização de vibradores entre mulheres, cada mulher deve ter o seu próprio vibrador, ou então deve-se utilizar um preservativo e este deve ser mudado cada vez que o vibrador e utilizado por uma parceira diferente.