Sexo na gravidez
Depois da gravidez, a mulher está com a atenção mais voltada para o bebé e o sexo acaba por ficar de lado. As novas responsabilidades, a adaptação à rotina, um bebé que precisa da mãe para tudo, as condicionantes, físicas, psicológicas e as hormonas que diminuem a libido, tudo contribui para que a vida sexual do casal sofra.
O sonho
Os pais sabem que a sua vida vai mudar após a chegada do seu novo filho, mas muitos deles esperam que a vida seja "cheia de alegria" e "cheia de emoção", com o bebé a deliciá-los com as suas gracinhas.
A realidade
Após a chegada de uma criança e sem saberem os parceiros entram num período de alto risco da sua vida amorosa, em termos de conflito de relacionamento e insatisfação. Uma vez que a realidade da paternidade não era como tinham esperado ou idealizado, os pais podem sentir-se oprimidos e dececionados.
A relação muda o seu foco para o bebé, e não para o casal, e parceiros que já foram antes amantes, melhores amigos e confidentes, já não têm tempo para si. Muitos parceiros relatam mudanças negativas na sua relação sexual depois de terem um bebé. A frequência da relação sexual diminui em quase todos os casais nos primeiros meses de paternidade, após ter diminuído para metade durante o final da gravidez (Cowan&Cowan, 2000).
No entanto, alguns casais dizem que, apesar da frequência do sexo ter diminuído, o sexo é muito bom quando o voltam a praticar.
O que provoca estas mudanças?
Discrepâncias no desejo, mudanças na identidade e papéis, diferentes pontos de vista sobre a sexualidade e a paternidade, mudanças físicas durante a gravidez, complicações no parto, stresse, privação de sono, conflitos no relacionamento. Tudo pode desempenhar um papel importante na vida amorosa do casal.
Para além das mudanças internas, os papéis dos parceiros também mudam em muitos aspetos uma vez que os parceiros se tornam pais. A divisão do trabalho em cuidar do bebé, as tarefas domésticas, a preparação de refeições, e trabalhar fora de casa. Todas estas alterações afetam os sentimentos do casal sobre si mesmo, sobre os seus parceiros e sobre a sua relação global (Cowan&Cowan, 1992).
Ambos os parceiros têm que fazer grandes ajustes nas suas vidas de um momento para o outro, em que os dois são forçados a isso, e acabam por ter menos oportunidades para estarem juntos. Os parceiros muitas vezes descobrem que têm valores diferentes, necessidades e expectativas de como as coisas deveriam ser, depois da chegada do bebé. A divisão de tarefas é a questão mais propensa a causar conflitos durante os primeiros dois anos após a chegada de um bebé.
O que pode ser feito?
É Importante educar os casais sobre as mudanças que ocorrem durante a gravidez e após o parto e como elas podem afetar a sexualidade dos casais. É importante esclarecer que, embora após 6 semanas, possa ser "seguro" ter relações sexuais, as mulheres podem não estar "prontas" para iniciar a atividade sexual. Por isso é essencial:
. Ajudar os casais a mudarem algumas rotinas sexuais com defeito.
. Discutir os impactos da nova parentalidade/parto poderá ter em ambos os parceiros e na sua relação.
. Encorajar os casais a planear "tempos sozinhos" (providenciar amas, etc.).
. Encorajar os casais a planear "o tempo de sono" para reduzir a privação de sono comum nos primeiros tempos.
. Ajudar os casais a expandir a sua perceção da sexualidade e a promover atividades que aumentam a intimidade sem pressão para o coito.
. Ajudá-los a incluir abraços, beijos, masturbação mútua, etc. como alternativas ao coito.
. Importante fazer referências para ajudar a tratar condições físicas que podem tornar o sexo doloroso (obstetrícia e ginecologia, fisioterapia, etc. ...)
. Tratamento da depressão em homens e mulheres com medicação que tem efeitos colaterais baixos.
. Tratar problemas de relacionamento no casal.