A rotina é, sem dúvida, um dos maiores inimigos de qualquer relacionamento. Enquanto que nos primeiros tempos da todo o tempo que passavam juntos parecia pouco e qualquer toque ou olhar desencadeava um incêndio que os levava para os braços um do outro, com o tempo e a habituação a excitação da novidade apaga-se. Se a isso juntarmos as exigências do dia a dia, as discussões a respeito de quem lava a louça ou vai buscar os filhos à escola e as pressões a que cada um dos dois é submetido no local de trabalho, é fácil de compreender porque é que a vida sexual se torna um problema silencioso para tantos casais.
Passamos mais tempo a trabalhar e a responder aos desafios e exigências profissionais do que a sós com quem amamos. Por outro lado, qualquer pessoa, por mais apaixonada que esteja, precisa de ter tempo para si e para sentir saudades do seu mais-que-tudo. Aquilo de que muitas vezes não nos damos conta, no entanto, é que ao afastarmo-nos no dia a dia isso cria um fosso também na nossa vida sexual, afastando-nos.
Por outro lado, é fundamental ter presente que se perder o contato com a sua própria sexualidade isso irá necessariamente afastá-la do seu par. Limitar-se a cumprir as suas obrigações enquanto mãe e profissional, esquecendo-se que também é mulher, com desejos e vontades, faz com que essa parte do seu ser e da sua vida vá ficando entorpecida. A partir daí, muitas mulheres deixam de sentir prazer na relação sexual, porque não se permitem desfrutar dela com relaxamento e descontração, passando a evitar o seu parceiro.
A anorgasmia, uma disfunção de que já falámos, pode surgir então e impedir a mulher de ter orgasmos, ou dificultando-os. Como tal, isto faz com que a mulher ainda tenha maior tendência para evitar a relação sexual, pois sabe que não lhe será fácil chegar ao orgasmo, tornando o sexo algo penoso.
“Eu e o meu marido somos sexualmente muito ativos e desde o início da pandemia temos aproveitado o tempo em casa… para fazer amor mais vezes do que era habitual. No entanto, uma vez que estamos em teletrabalho também ingerimos alimentos mais calóricos, e já ganhei cinco quilos. Gostava de saber se é possível queimar mais calorias através do ato sexual, e de que forma.”
Vera, Faro
Cara leitora,
A atividade sexual pode trazer alguns dos benefícios associados à prática de exercício físico, mas não é bem a mesma coisa! Assim, se a sua preocupação é perder peso, aconselho vivamente a que opte por retomar uma dieta mais saudável e que para além da prática sexual optem por uma atividade física, que até pode ser praticada em conjunto, escolhendo uma modalidade que seja do vosso agrado ou até mesmo optando por praticar atividades diversificadas. Relativamente à sua pergunta, segundo alguns estudos efetuados estima-se que uma pessoa pode queimar cerca de 20 calorias em 6 minutos de atividade sexual, e entre 77 a 105 calorias em 25 minutos. O número de calorias queimadas varia em função do peso da pessoa, do sexo, do seu estado físico e, naturalmente, do tipo de atividade sexual praticada, da posição, intensidade e duração da mesma. Há um maior desgaste energético no orgasmo, mas ao fim de 2 a 3 minutos é retomado o estado normal, o que significa que, embora se queimem mais calorias, este estado não se mantém por tempo suficiente para ter resultados expressivos. Comparativamente com outras atividades físicas, a prática sexual não é tão eficaz para perder peso. Dançar ou fazer exercícios de resistência pode queimar entre 2 a 5 vezes mais calorias no mesmo período de tempo. Ainda assim, a prática sexual ajuda a aliviar o stress, fortalece os músculos, melhorando também a atividade cardíaca, o que pode ajudar a manter o corpo em forma.
Tenho 40 anos e gosto muito de sexo. Penso mais do que faço. Gostaria de saber se há alguma indicação ou estudo sobre a quantidade de relações por mês num casal pela minha idade. Será normal de três em três meses? Outro dia, quando estava a iniciar, durante os preliminares, quando beijava e tocava, ejaculei em poucos segundos. Terei algum problema? Bento Aguiar - Maia
Caro leitor,
De uma forma geral casais entre os 20 e 50 anos de idade têm relações sexuais em média entre 1 e 3 vezes por semana, com estudos diferentes indicando valores diferentes. É difícil determinar o que é muito ou pouco sexo entre um casal, pois cada caso é um caso, e cada casal tem a sua frequência ideal, ou seja, o que é considerado normal e satisfatório para si, pode não o ser para outro casal e vice-versa. Dessa forma, se tanto você como a sua esposa estão satisfeitos em ter relações sexuais de 3 em 3 meses, então, não existe nenhum motivo para preocupação. No entanto, uma vez que não tem relações sexuais com bastante frequência vai ter o problema da ejaculação precoce, ou seja a sua sensibilidade vai estar bastante elevada e por isso vai ejacular mais cedo do que deseja. Por isso aconselho que tente ter relações sexuais com um pouco mais de frequência se deseja resolver o problema da ejaculação precoce, ou tente masturbar-se com mais frequência, e dessa forma não vai estar tão excitado quando tiver relações com a sua esposa.
"Tenho 24 anos e iniciei recentemente um relacionamento com um rapaz de 30 anos. Ainda não tivemos relações sexuais, mas ele diz que não quer usar preservativos, e por isso não sei o que fazer, pois tenho receio de apanhar uma doença sexualmente transmissível."
Susana - Coimbra
Cara leitora,
Realmente essa é uma situação delicada, e acho que, dadas as circunstâncias, faz bem em esperar para ter relações sexuais com o seu novo namorado. Como a comunicação é a base de uma boa relação, tem de procurar frases e argumentos que o levem a compreender o seu lado nesta questão. A resistência de alguns homens em utilizar o preservativo pode ser grande, pelo que cabe a si defenderem a sua saúde sexual e encontrarem um compromisso que faça sentirem-se ambos seguros na relação sexual. Por vezes é apenas a falta de hábito dos homens que os leva a sentirem-se "apertados", "desconfortáveis" e até mesmo com menos excitação. Tente mostrar-lhe um lado divertido deste método, colocando-o de modos originais, mostrando-lhe como pode fazer aguentar mais tempo de penetração, o que pode até melhorar o sexo para os dois… Se ele continuar a rejeitar o uso do preservativo, sugira que ambos façam testes médicos antes de ter relações. Se ele se recusar, então cabe-lhe a si decidir se quer continuar o namoro com ele ou não, pense bem, pois você é dona do seu próprio corpo.
“As infecções urinárias podem ser transmitidas através das relações sexuais?”
“Ultimamente, tenho feito vários tratamentos para tratar infecções urinarias mas tenho uma dúvida, será que as infecções urinárias podem ser transmitidas através das relações sexuais?”
Sonia, Gondomar
Cara Leitora,
Existem algumas doenças sexualmente transmissíveis que podem causar inflamação na uretra, porém, as infecções do aparelho urinário e as bactérias a si inerentes não são consideradas DTS, o que não invalida que estas possam estar relacionadas com o acto sexual. Isto tendo em conta que as mulheres que têm uma vida sexual activa estão mais predispostas a estas infecções do que as não que não tem uma vida sexual activa. Em alguns casos após o acto sexual algumas bactérias instaladas na zona vaginal podem ser direccionadas para a bexiga através da uretra. Desta forma, um dos meios de prevenção é urinar logo após o acto sexual para que possa expelir as bactérias do aparelho urinário. Advirto-a para a importância do devido acompanhamento médico para estes casos, ainda para mais quando é uma pessoa bastante permeável a estas situações.
Tenho 31 anos, e nunca tive uma vida sexual muito activa. Mas a ultima relação sexual que tive foi com uma pessoa que amava muito, mas não consegui satisfazer o meu ex companheiro, não consegui ser penetrada, tenho bastantes dores, mas acho que é um problema psicológico meu porque não relaxo. Mas isso está-me a prejudicar bastante. É que agora estava a começar um relacionamento e parece que tenho trauma de ter relações, envolvo-me bastante e tenho desejo de continuar mas de repente (parece que se passa algo) e paro e o meu companheiro não entende porque faço isso. Acho que é um problema que não consigo resolver.
Gostava que me ajudassem a suportar este problema e perguntar se devo procurar ajuda clínica ou psicológica. Patrícia
Cara Patrícia,
O seu caso pode ser de uma perturbação sexual feminina, mas tal diagnóstico só pode ser feito numa consulta presencial e com avaliação fisiológica médica e sexológica. Existem duas perturbações sexuais femininas da dor: o vaginismo e a dispareunia. Estes problemas acontecem a muitas mulheres e não deve deixar de tentar viver a sua sexualidade por isto lhe acontecer, nem sentir-se culpada. Deve procurar ajuda especializada para esclarecer se as suas dificuldades são psicológicas ou fisiológicas e reflectir sobre um tratamento adequado.
Por enquanto podem explorar outras formas de ter relações sexuais, não só através da penetração… Explorem as massagens, as carícias, a masturbação mútua (pode começar sozinha para descobrir como gosta de ser tocada e o que lhe dá mais prazer), o sexo oral, os brinquedos eróticos… Usem a vossa imaginação para reinventarem a vossa sexualidade sem limites!
Preciso da sua ajuda... Nunca tive problemas com a erecção, porém este sábado saí com a pessoa com quem estou há 3 meses e não consegui fazer sexo. E o que mais me deixou sem resposta é que eu já tive relação com ela. O que devo fazer?
Meu caro,
Os problemas sexuais podem surgir de repente por factores de uma situação pontual, momentânea, ou por factores pessoais – como refere ter saído, pode ter tido essas dificuldades por ter bebido álcool, estar cansado de trabalhar, ou mesmo ter uma preocupação a atormentá-lo. Tente não entrar num ciclo vicioso, pois quando sente que uma experiência corre mal, pode começar a sentir ansiedade de antecipação e ficar preocupado com isso, o que influencia muito a próxima relação sexual, de modo negativo.
Um homem não tem de querer e desejar relações sexuais a toda a hora: pode estar bem com a sua parceria, mas não lhe apetecer naquele momento e, por isso, o seu cérebro e o seu corpo não responderem aos estímulos de prazer.
Tente abstrair-se de problemas e não pensar nessa única vez em que não correu como gostaria, relaxar, não partir logo para a penetração mas demorar-se nas carícias, em sentir o corpo da outra pessoa e o prazer e satisfação que lhe pode oferecer, em descobrir as suas zonas erógenas preferidas…
Se o problema persistir, pense em consultar um médico especialista ou um sexólogo/a, para que não deixe esta pequena dificuldade crescer em bola de neve na sua vida.
“Iniciei a minha vida sexual há pouco tempo e ainda estou a descobrir novas experiências. Gostava de agradar ao meu namorado, será que é excitante falar, gemer ou gritar durante o sexo? Até agora tenho evitado fazê-lo por timidez, mas como nos filmes e na televisão é frequente as mulheres manifestarem-se gostava de saber se me tornarei mais erótica ao emitir sons ruidosos.”
Cátia, Matosinhos
Cara leitora,
Numa relação sexual aberta e saudável tudo pode ser erótico, desde que agrade a ambos os parceiros e que se sintam confortáveis e sexy ao fazê-lo. Assim, a melhor forma de saber se é erótico para o seu par ouvi-la falar, gemer ou gritar durante o acto sexual consiste em colocar-lhe essa questão, mesmo que subtilmente. Quando estiverem a ver juntos uma cena de sexo na televisão ou no cinema, experimente perguntar-lhe o que é que ele acha desse tipo de comportamento. Pode, também, experimentar gemer ou falar um pouco enquanto fazem amor, e procurar perceber, pela reacção do seu par, se isso o excita mais ou se, pelo contrário, o “arrefece”. Tenha em atenção, também, aquilo que diz ao seu par durante o acto sexual. Enquanto alguns casais preferem elogios lânguidos, sussurrados com voz suave, tais como “os teus olhos são tão profundos” ou “Fazes-me sentir tão bem”, outros são capazes de descrever cenários afrodisíacos ao parceiro e outros, ainda, preferem abordagens directas, imperativas, tais como “quero-te!”. É importante, pois, conhecer aquilo que ambos gostam, o que vos excita, pois a linguagem verbal durante o sexo, tal como qualquer outra, deve aproximar-vos, e não o contrário.
Para que os beijos sejam o mais prazeiroso para o casal, ambos têm de mostrar um ao outro como gostam de ser beijados. Falem disso - a própria conversa já é excitante; beijem-se da maneira que gostam ser beijados; durante um beijo, pare e diga "Agora mostra-me como é o meu beijo"; se cada beijo já for muito bom diga-lhe, mostre que gostou.
Algumas técnicas podem ser úteis para si e para o alvo dos seus beijos - Lábios apertados e fechados não se associam a paixão, se não lhe apetece dar um beijo, não dê, mas quando o fizer faça-o com emoção. - Quando a boca entra em contato com a pele, deve sentir o lado de dentro dos lábios e não apenas o lado de fora. Veja a diferença na sua mão. - Comece por introduzir a língua aos poucos e aumente a participação dela de beijo para beijo. Certifique-se que não está a pôr e a tirar a língua de fora tão depressa que pareça um pica-pau a picar a madeira – o que não é nada excitante. - Beijar, morder ou lamber pode ser ótimo, mas é importante que seja feito devagar, a explorar cada centímetro do corpo como se fosse um tesouro. - Faça de conta que acabou de lavar os dentes e passe a sua língua pelas gengivas e dentes como se estivesse a verificar se estão limpos e macios. Repare na reação do seu parceiro/parceira para perceber se este/a gosta. - À medida que as coisas aquecem e forem passando à fase seguinte dos preliminares e da relação, a boca pode vaguear pelo corpo, mas lembre-se de voltar aos beijos nos lábios – uma grande sensualidade está mesmo aí. - Vá devagar: gestos lentos e pensados, mesmo que um de vós queira apressar-se, levam a muita excitação. Não apresse nem deixe que apressem a vossa relação sexual.
Onde são os beijos mais excitantes? Embora a excitação possa variar muito de pessoa para pessoa e observar bem seja essencial…Os locais mais excitantes são: * Lóbulos das orelhas
* Umbigo (meter a língua ou chupar)
* Mamilos
* Dedos das mãos e dos pés
* A parte de trás dos joelhos
* A base do pescoço
* Debaixo do braço
* A curva das costas
* Qualquer área que ande coberta de roupas ou que lhe dêem um significado especial!
Sou um homem casado há 2 anos e sempre tive problemas com ejaculação precoce, mas agora adquiri um manual para exercitar o pénis,e esta a ser muito bom, mas o problema e que sempre que comeco a masturbar-me não dura muito tempo.
O que posso fazer para que demore mais tempo?
Será que ando mais sensível e que por isso chego mais rápido ao orgasmo?
E é verdade que a masturbação ajuda na ejaculacao precoce?
O que posso fazer para melhorar?
Muito obrigado pela ajuda.
A ejaculação precoce é uma perturbação que se caracteriza pela ejaculação com uma estimulação sexual mínima, que surge antes, durante ou pouco depois da penetração e antes que a pessoa o deseje. Há factores a ter em conta que afectam a fase da excitação, como por exemplo, a idade, a novidade ou a situação do parceiro/a sexual e a pouca frequência de actividade sexual. O facto de estar longe da sua esposa e nao ter relações sexuais com mais frequência podem de facto afectar o seu desempenho sexual. Experimente um produto retardante em pomada, que pode ser comprado numa sex-shop, para colocar na glande e fazê-lo perder um pouco a sensibilidade peniana (este produto deve ser utilizado em pequenas quantidades e o homem deve colocar um preservativo após a sua aplicação). Se estas sugestões não funcionarem, tente a técnica dos terapeutas sexuais – o “squeeze” – que consiste em parar a estimulação sexual e apertar a base ou freio do pénis com três dedos (polegar, indicador e dedo médio) antes da ejaculação e por 3 a 4 segundos, o que parará a ejaculação e causara uma redução da erecção. Continue a estimulação e excitação mútua para voltar a recuperar a erecção. Esta técnica deve ser repetida 3 vezes até permitir a ejaculação. É normal que nas primeiras vezes não seja bem sucedido em conseguir parar a estimulação antes de ejacular, mas deve continuar a tentar. Demora em média 3 semanas, fazendo o exercício 3 ou 4 vezes por dia até que se notem os resultados. Esta técnica pode parecer difícil de executar, pelo que a ajuda de um técnico especializado em sexologia pode ser útil. Não deve ter medo de recuperar a erecção, como refere, pois esse medo em antecipação é que o deve estar a impedir de a recuperar. É ter tranquilidade e não ser observador da sua relação, mas estar presente a sentir todo o prazer possível. Pode ainda masturbar-se até atingir o orgasmo e a ejaculação umas horas antes da relação sexual (ou na própria relação sexual), para que na próxima penetração o tempo desta seja mais duradouro.
Apesar destas sugestões úteis, penso que deveria consultar um especialista, que lhe esclareça esta questão e lhe dê um apoio presencial, pois pode prevenir que este problema continue e o faça sentir-se cada vez pior consigo próprio e nas suas relações sexuais. Não tenha vergonha, a ejaculação precoce ou prematura é muito frequente em homens de muitas idades e tem tratamento.