“Tenho 19 anos e há 2 anos que namoro com um rapaz. Há 8 meses perdi a virgindade com ele. Correu tudo bem, eu tinha ido ao médico antes, que me mandou fazer alguns exames e que me orientou sobre as sensações que possivelmente iria ter... Eu já tomava anticoncecional desde os meus 14 anos, porque a minha menstruação tem um fluxo muito forte. O meu namorado, entretanto, fez uma cirurgia e tivemos de estar mais de dezoito dias sem ter relações sexuais. Quando o médico dele indicou que era seguro termos relações sexuais eu perdi a vontade, deixei de sentir desejo. Quando tentei forçar senti muitas dores e sinto que a minha vagina está com um odor diferente, com muito corrimento.
É normal eu sentir essa falta de interesse por ele? Gosto de beijar, abraçar, mas quando nos envolvemos mais intimamente peço-lhe que pare e sinto vontade de chorar. Tenho medo que seja alguma infeção!”
Maria, Lamego
Cara leitora,
O seu caso apresenta tantos aspetos que deve em primeiro lugar falar abertamente com o seu médico para melhor a esclarecer. O facto de fazer contraceção é positivo para ficar descansada quanto a possíveis gravidezes indesejadas, mas não a protege de contrair infeções sexualmente transmissíveis e isso pode ainda preocupá-la.
Não sei como reagiu às suas primeiras relações sexuais, se gostou, se se sentiu confortável, como ficaram depois. Não sei a causa da cirurgia do seu namorado e se ela pode relacionar-se com a sua falta de desejo. Também não sei se a vossa relação sofreu alguma mudança nesses dias em que não tiveram relações. Qualquer um destes fatores pode influenciar o seu desejo sexual e a sua vontade de ter sexo.
Reflita um pouco, sozinha ou acompanhada, sobre o que poderá estar a ter impacto nos seus sentimentos em relação à sexualidade. Aconselho ainda a que procure a ajuda de um psicólogo ou de um sexólogo para que ele a ajude a fazer um diagnóstico e a lidar com a situação. No que toca a dores, odores e corrimento tem mesmo de fazer um diagnóstico presencial com um médico, pois pode ter desenvolvido algumas bactérias vaginais (a vagina como mucosa tem uma flora vaginal que pode desequilibrar-se e dar tais sintomas), como pode ter sido infetada com uma infeção sexualmente transmissível e estar a reagir negativamente ao sexo por lhe causar dores.
Estou casada há 5 anos e há já 2 anos que eu e o meu marido não temos relações sexuais. Ele não mostra qualquer interesse em mim. Será que ele é gay?
Teresa, Lagos
Cara Leitora,
De facto algo se passa, mas não deve precipitar-se e assumir que é uma questão de orientação sexual. Muitos factores podem estar por trás da aparente falta de desejo do seu marido. A dificuldade é decifrar a razão sem causar brigas e conflitos no relacionamento. Existem homens que têm falta de desejo sexual devido a depressão ou a medicamentos que estão a tomar, ou devido a terem problemas de ejaculação precoce ou dificuldade em ter uma ereção, e por isso evitam ter relações sexuais com as suas parceiras para evitar o embaraço que sentem. Existem tambem outros homens que têm fetiches, ou amantes, ou mesmo que preferem masturbar-se com a utilização de pornografia em vez de ter relações com as parceiras. Como vê, existem muitos factores em jogo, por isso há que falar com o seu marido e talvez consultar a ajuda de um sexólogo para decifrar este dilema.
"Estou casada há 15 anos, e de há algum para cá o meu marido desleixou-se com o seu aspecto físico e tem engordado imenso. Não sei o que devo fazer, pois não me sinto atraída por ele quando ele tem tanto excesso de peso."
Maria, Guimarães
Cara leitora,
Principalmente depois de uma certa idade não é assim tão fácil mudar o corpo de uma pessoa de um momento para outro… mas também não se pode obrigar ninguém a sentir desejo sexual quando ele não existe. O metabolismo do homem e da mulher sofre alterações com a idade, o que faz com que as pessoas engordem se não reduzirem a quantidade de alimentos que ingerem e se não aumentarem a quantidade de exercício físico que fazem diariamente. Lembre-se que o seu marido está, certamente, tão aborrecido com essa situação como você. Tente conversar com ele de forma carinhosa, tentem "os dois" passar a caminhar juntos de manhã, ou fazer exercício no ginásio. Alterem a vossa alimentação, passando a consumir comida mais saudável, é importante que a leitora participe do processo, para que isso seja um projecto vosso e não uma imposição sua.
“Eu e o meu namorado vivemos em cidades distintas e temos estado mais tempo afastados. Ele já deu a entender que gostava de fazer sexo pelo telefone mas eu sou tímida e não sei como posso fazer isso…”
Gabriela, Famalicão
Cara leitora,
Em primeiro lugar importa reforçar que nunca deve fazer algo com que não se sente confortável, quer seja porque se sente indiretamente pressionada, quer por imposição explícita de outra pessoa, quer seja porque acha que é aquilo que é esperado de si. em segundo lugar, o sexo ao telefone pode ser estimulante e uma boa forma de superar distâncias e apimentar uma relação, mas requer que haja confiança mútua. Por fim, quanto à sua questão, tudo depende da sua relação: evite ideias pré-concebidas, deixe que a conversa flua nesse sentido, de forma tranquila, como aconteceria se estivessem juntos fisicamente. Faça-o num lugar onde está à vontade e sabe que pode ter privacidade. Pode começar por expressar o que gostaria de fazer com ele se estivessem juntos, sendo o mais descritiva possível, mas sempre sem se obrigar a seguir “um guião”. O que mais importa é a proximidade, deixe que a conversa flua como se estivessem perto. Uma vez que não se vêem nem se tocam, as palavras importam, assim como os sons, a respiração… Tudo aquilo que faça com que se sintam mais próximos. Caso se sintam à vontade podem, inclusivamente, explorar os próprios corpos e ir partilhando aquilo que estão a sentir.
“Namoro há dois anos com o meu namorado e temos uma boa relação. No entanto, quando estamos a fazer amor ele pede-me que lhe aperte o pescoço com força antes dele ter um orgasmo. Eu tenho medo de o matar!”
Sandra, Aveiro
Cara leitora,
a asfixia induzida é uma prática usada por algumas pessoas para intensificar os orgasmos, sendo muito perigosa na medida em que pode facilmente provocar a morte ou danos irreversíveis para o cérebro. Há pessoas que apreciam esta prática porque o facto de o cérebro receber menos oxigénio faz com que o lóbulo frontal se “desligue” e, desse modo, a pessoa perca o autocontrolo, libertando-se mais a nível de fantasias e tendo mais intensidade de sensações, com a possibilidade de ter orgasmos mais intensos. No entanto, esta prática é muito perigosa, e como tal caso aceda em fazer-lhe a vontade é essencial que mantenham uma comunicação clara, e que avance com calma, parando ao mínimo sinal de desconforto dele. Devem estabelecer também um código de segurança, para que ele lhe possa pedir que páre. Nunca avance mais do que sente que é confortável para o seu marido e não prolongue essa atividade por mais que alguns segundos.
“Eu e a minha mulher estamos juntos há cinco anos e temos uma vida sexual estável, mas por vezes ela queixa-se que não lhe dou prazer suficiente. Estarei a fazer algo errado?"
João, Évora
Caro leitor,
a maioria das mulheres necessita de 10 a 45 minutos de estimulação antes do coito para poder atingir o orgasmo. Dessa forma, procure saber aquilo que mais a satisfaz e não tenha preconceitos em satisfazê-la, pois se o fizer é garantido que você também irá sentir maior prazer. Para a mulher, o ato sexual é algo mais demorado e complexo do que para os homens, sendo também algo muito íntimo, carregado de valor sentimental, por isso muitas mulheres gostam que o parceiro demonstre carinho, que as abracem e que as excitem antes da penetração. Neste sentido, as mulheres dão muita importância aos preliminares, pois são eles que lhes permitem atingir o grau de excitação necessário para atingirem mais facilmente o orgasmo. Por isso, experimente dedicar mais tempo aos preliminares, é porque ela necessita deles para poder sentir-se excitada, e dessa forma desfrutar da relação sexual por completo.
“O meu ex-namorado terminou comigo há um ano e meio, após quatro anos de namoro. Já tenho outro namorado mas o problema é que continuo a seguir todos os passos do meu ex-namorado e da namorada dele, por mais que tente não consigo evitar! Não sei o que fazer…”
Lígia, Coimbra
Cara leitora,
Aceitar o fim de uma relação nem sempre é fácil, especialmente quando foi a outra pessoa que decidiu terminar. No entanto, a situação que refere é uma falta de respeito para com o espaço individual do seu ex-namorado, que está no seu direito de refazer a sua vida, para com o seu atual namorado, que está a construir uma relação com uma pessoa que ainda vive presa a outra, e para consigo, que não se permite a si própria seguir em frente. Nesse sentido, para que possa ser feliz e deixar que as outras pessoas também o sejam, é aconselhável consultar um psicólogo, que possa explorar consigo as causas que a fazem continuar a agir dessa forma e, através do acompanhamento terapêutico, ajudá-la a libertar-se dessa situação. Reflita sobre aquilo que não está bem na sua vida, e que a faz continuar ligada a alguém com quem já não tem uma relação. Refere que tem um namorado, mas continua a seguir o seu ex-namorado, o que pode indiciar pouco interesse da sua parte no seu relacionamento atual. Avalie se não terá necessidade de estar sozinha para que, devidamente acompanhada por um terapeuta, possa compreender o que deseja para a sua vida, que lições aprendeu com esta experiência e o que pode realmente fazer para ser feliz, concentrando-se única e exclusivamente em si, e naquilo que pode fazer pelo seu bem-estar e realização.
“Acabei uma relação há cerca de um ano e tenho outra namorada, que é linda e desejável. No entanto, de há uns tempos para cá comecei a sentir falta da minha ex-namorada, tenho andando em baixo e aconteceu-me uma coisa que nunca tinha sucedido antes, não consigo segurar a ereção. Será que se trata de uma depressão? A verdade é que perdi o interesse na minha namorada atual… devo contactar a minha ex?”
Cláudio, Beja
Caro leitor,
Por aquilo que descreve parece já ter encontrado a explicação para o seu problema. A depressão e o stress interferem no desempenho sexual, mas à partida o facto de pensar constantemente na sua ex pode estar relacionado com a perda de interesse pela sua parceira atual (e não o contrário). Se estivesse satisfeito com a sua relação atual não pensaria numa relação que, se fosse satisfatória, não teria terminado. Assim o melhor será terminar com a sua atual namorada e, antes de entrar em contacto com a sua ex, avaliar o que se passa consigo. Deve consultar o seu médico, caso tenha outros sintomas depressivos. Se continuar com o desejo de retomar o contacto com a sua ex pode fazê-lo, estando, no entanto, preparado para uma possível rejeição que pode, ainda assim, ajudá-lo a aceitar definitivamente o fim. Deve ter também em consideração o estado de calamidade em que vivemos, evitando correr riscos. Lembre-se também que só quando estiver tudo bem claro na sua cabeça pode e deve iniciar outro relacionamento – é mais honesto consigo, e com a pessoa com quem está.
“Namorei três anos com o meu companheiro com quem vivo há dois e sempre nos demos bem. Embora tenhamos um relacionamento sério, há algum tempo para cá comecei a sentir-me sexualmente atraída por outro homem. Não sei o que fazer…”
Marina, Alcácer do Sal
Cara leitora,
Compreendo que se encontre bastante confusa e instável a nível emocional pelo que dá a entender pela sua carta. Relativamente a esta questão, é perfeitamente normal sentir-se dividida, e isso é bastante natural. Diz que gosta do seu parceiro actual com quem se relaciona há 5 anos, mas sente-se atraída por outra pessoa a nível sexual. No inicio do vosso namoro o ser conquistada e seduzida fê-la sentir muito especial e amada acima de tudo e de todos, mas após cinco anos a vossa relação já se tornou rotineira e a excitação já não é igual à de antes. O facto de se sentir sexualmente atraída por outro homem sugere que a leitora experimenta a necessidade de voltar a sentir a excitação da conquista. Obviamente que todos nós gostamos da sensação de conquistar e de sermos conquistados, e isso faz parte da natureza humana, mas não se pode esquecer que depois da conquista e do desvendar do mistério que se encontra por detrás da pessoa desejada, facilmente se chegará a um momento de rotina, de insatisfação e de incerteza. Fazer sexo apenas por prazer carnal pode ser uma experiência memorável, mas fazer amor com a pessoa que se ama é uma sensação bem mais intensa. Tendo em conta que tem uma relação estável e com alguns anos é aconselhável que tenha uma atitude mais ponderada e consciente para não tomar precipitadamente qualquer decisão. Se pretende salvaguardar o seu relacionamento, tente quebrar a rotina que possivelmente invadiu a vossa relação e que promoveu este tipo de pensamentos.
“Tenho 19 anos e namoro há 4 anos. É o meu primeiro namorado e amo-o, temos uma ótima vida sexual, mas a verdade é que já o traí algumas vezes. Gosto de sair sozinha e de sentir que estou a conquistar alguém, foi sempre isso que me levou a trair. Será que nunca vou conseguir ter um compromisso?”
Gabriela, Lisboa
Cara leitora,
Em primeiro lugar é de frisar que deve sempre usar preservativo e evitar comportamentos de risco, já que está a pôr em causa a sua saúde e a do seu namorado, que não sabe o que se passa. O sexo casual pode ser excitante, mas pode ser também muito perigoso. O facto de ter necessidade de aventura é natural, dada a sua idade e também uma vez que esta é a sua primeira relação séria. Mais tarde poderá, de forma natural, assumir um compromisso, mas por enquanto e dadas as circunstâncias o melhor será terminar a sua relação e desfrutar a vida, sempre de forma segura e sem se expor a riscos.