“Tenho 23 anos e sou doente diabética, tomo medicação para controlar a doença. Uma vez que tenho um namorado há pouco tempo estou com algum receio que a minha doença possa interferir negativamente na minha vida sexual. Gostaria que me esclarecesse a esse respeito e que me indicasse o que posso fazer.”
Sílvia, Beja
Cara Leitora,
Alguns estudos têm demonstrado que algumas mulheres com diabetes têm tendência a ter algumas dificuldades no que respeita ao seu desempenho sexual. Alguns dos problemas mais frequentemente diagnosticados são a diminuição do desejo sexual, a redução da lubrificação vaginal e dor durante a penetração sexual.
Porém, se receia que o facto de ter diabetes e de ter uma medicação rígida de alguma forma possa condicionar a sua vida sexual, é importante que fale com o seu médico assistente ou solicite a ajuda dos membros da sua equipa de aconselhamento da diabetes para que juntos possam encontrar alternativas para ultrapassar esta questão. Alguns medicamentos para a diabetes têm como efeito secundário a redução da libido que é responsável pelo desejo sexual. Mas tenha em consideração que cada pessoa é um caso e a diabetes tem diferentes repercussões de pessoa para pessoa.
Não encare a diabetes como um entrave à sua vida sexual. Tente ter uma postura mais descontraída e se considerar necessário, peça ajuda ou uma orientação médica.
"Tenho 30 anos e namoro com um rapaz 5 anos mais novo do que eu. Há pouco tempo iniciámos a vida sexual, no entanto ele é pouco experiente e não consegue dar-me total satisfação. O que devo fazer nesta situação?"
Simone - Faro
Cara leitora,
Para que possa resolver esta questão sugiro que, numa fase inicial, opte por falar com o seu namorado e, de uma forma delicada, lhe dê a entender que necessitam de conhecer melhor a sexualidade de cada um para que possam proporcionar momentos de prazer e satisfação um ao outro. Experimente sugerir o jogo de descoberta do corpo, no qual cada parceiro estimula o corpo do outro parceiro ao mesmo tempo que este explica como gosta de ser tocado. Desta forma podem conhecer os pontos sensíveis de cada um e esta poderá ser uma excelente maneira de ultrapassar o obstáculo que tem enfrentado. Toda esta aprendizagem é benéfica para ambos e, assim, podem ter mais prazer sexual com o avançar do tempo.
Quem não deseja ser a companheira perfeita, a amante inesquecível, a sedutora a que o companheiro não resiste? No mais íntimo de cada ser humano há a necessidade de ser desejado, apreciado, de despertar atração e luxúria. Por vezes caímos na ideia errada de que, se fizermos tudo o que o outro deseja, seremos amados. Ser submissa não é o mesmo que ser uma boa amante, bem pelo contrário! Contudo, há quem se encontre a si próprio no prazer de se submeter a outrem, num jogo de domínio e submissão.
As exigências do dia a dia fazem com que muitas vezes nos esqueçamos que, para além de mães, filhas, funcionárias, chefes, somos, acima de tudo, mulheres. É comum à nossa identidade a sensibilidade, a sutil delicadeza, a capacidade de entrega e devoção, a força para derrubar todos os obstáculos, a resistência e resiliência e, também, a capacidade inata de seduzir e derreter o coração mais empedernido. O poder de sedução faz parte da mais profunda natureza feminina.
Algumas mulheres, contudo, negligenciam essa aptidão por duvidarem dela, sendo incapazes de se verem a si próprias como sedutoras ou atraentes. Para ser uma boa amante, comece por se ver a si própria como tal. Esqueça os tabus que lhe incutiram, perca os receios de ser "desavergonhada" ou de adotar comportamentos pouco próprios para uma boa esposa.
Entre quatro paredes, tudo é permitido entre duas pessoas que se amam e se respeitam. Fazer todas as vontades e ceder a qualquer capricho de outrem não garante a conquista do seu coração: bem pelo contrário, os homens (e as mulheres) amam pessoas com personalidade forte, que se apreciam a si próprias.
Quando estamos no território do BDSM, contudo, as regras alteram-se. Se existem pessoas que sentem prazer em dominar, outras há que encontram a sua maior satisfação em serem dominadas, submetidas a outrem. Os submissos devotam uma total lealdade ao seu dominador ou dominadora, servindo-o/a em tudo o que lhes é pedido, dentro dos limites que foram previamente definidos pelo contrato assinado entre ambos, que faz parte do protocolo das relações BDSM.
Para além dos jogos íntimos, sexuais ou não, o dominador pode determinar como é que o submisso se deve vestir (muitos submissos usam uma coleira com uma argola de metal, que os identifica como sendo aqueles que se submetem) ou aquilo que deve comer, e estas regras lembram ao submisso que o seu papel é obedecer e agir da forma como o dominador entende que ele deve fazer. O prazer que estas práticas podem proporcionar radica nos meandros secretos do nosso cérebro.
Por exemplo, uma pessoa a quem no dia a dia é exigido que dite as regras e as ordens que outros têm de cumprir pode achar extremamente libertador o facto de, por sua vez, se encontrar à mercê das ordens de outrem. Pessoas inseguras que precisam de constante aprovação dos outros podem retirar um enorme prazer do facto de se empenharem para cumprirem as ordens que lhes são dadas, sendo depois elogiadas, incentivadas, apreciadas e recompensadas por isso. Existem pessoas, também, que simplesmente se divertem a explorar outros aspetos da sua sexualidade e do seu erotismo, descobrindo mais sobre si próprias neste complexo jogo de "o Dom manda".
“Tenho 39 anos e a minha vida sexual nunca foi feliz. Não me sinto à vontade com a minha sexualidade e sempre tive diversos problemas nos meus relacionamentos, mas tenho vergonha de pedir ajuda. Não sei o que posso fazer…”
Susana, Ericeira
Cara Leitora,
Muitas pessoas estão ainda um pouco apreensivas em respeito à inclusão de técnicos de sexologia para ajudar a superar os problemas conjugais. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS – tratar da saúde sexual é um direito que assiste a qualquer cidadão. Acredite que a intervenção de um técnico especializado pode ajudar a ultrapassar situações decorrentes de disfunções sexuais que, por vezes, prejudicam a vivência entre o casal. O papel principal de um terapeuta reside em conseguir detetar problemas e encontrar uma solução que ajude a superar a situação.
Estas terapias demonstram uma maior eficácia se forem feitas pelo casal. Assim sendo, não tema recorrer à ajuda de um terapeuta sexual, pois a sua ajuda poderá ser determinante.
“Tenho 26 anos e nunca tive um namorado, nem estive com alguém e também não sinto muita vontade de o fazer. Vejo que as minhas amigas e as pessoas à minha volta não são assim. Serei normal?”
Linda, Bragança
Cara Leitora,
A sexualidade é uma dimensão importante da nossa vida, mas nem todos nós precisamos de ter uma relação para nos sentirmos felizes na nossa vida. A questão principal é mesmo se se sente feliz tal como está. A intimidade é uma experiência que nos enriquece muito, que nos traz grande felicidade e nos faz evoluir como pessoas; mas pode também ser vivida em relações de amizade, familiares ou outras – não tem obrigatoriamente de passar por namorar.
É verdade que quanto menos exercitamos a nossa vida sexual, menos temos vontade de ter relações sexuais. Analise se não tem mesmo vontade de entrar numa relação íntima ou se as evita por medo de se dar a conhecer, por receio que não gostem de si, por medo de arriscar descobrir esta nova dimensão da sua vida. Não entre numa relação por pressão social ou porque os outros o fazem, mas tente conhecer-se a si mesma, ao seu corpo e ao prazer que pode tirar dele (na masturbação, por exemplo) e arrisque encontrar a melhor maneira de viver a sua vida e a sua sexualidade.
Estudos indicam que o sexo contribui para uma vida mais saudável e até actua como 'medicamento' preventivo em certas situações. De que forma e em que aspectos isto pode ser verificado?
A sexualidade é uma dimensão muito importante da vida dos humanos, ainda mais hoje em dia, em que a sociedade está muito "sexualizada". Os estímulos sexuais chegam-nos de toda a parte e por qualquer coisa. Nunca se falou e mostrou tanto sexo na história. No entanto, tal não significa mais informação adequada e sempre correcta. Provavelmente há tantos mitos e tabus como antes.
O que constitui uma vida saudável depende muito de cada pessoa, mas para a maior parte de nós certamente que a sexualidade (e o sexo é apenas uma parte dela!) é uma fatia relevante do bolo. Os afectos entre as pessoas, as relações familiares e íntimas, os contactos físicos e de proximidade são necessidades e factores de boa saúde mental e qualidade de vida no geral, que fazem parte da nossa sexualidade enquanto seres humanos. Pode prevenir-se assim a depressão e a ansiedade, o isolamento social e a solidão, as somatizações que alguns de nós têm (sintomas físicos - como dores de cabeça, de costas ou outros - que reflectem problemas inconscientes de foro psicológico) e mesmo doenças que surgem a longo prazo na vida e que uma satisfação e qualidade de vida podem retardar o seu aparecimento.
Ao nível do sexo propriamente dito, das relações sexuais, o provérbio popular responde bem: "A função faz o órgão" – ter ao longo dos anos uma vida sexual saudável e satisfatória previne o aparecimento de disfunções sexuais como a disfunção eréctil (a impotência como se dizia antes), a falta de desejo ou libido, as dificuldades de excitação e de atingir o orgasmo. Desde que seja sexo seguro, protegido pelo preservativo e seguido medicamente pelo menos uma vez por ano (para avaliar possíveis infecções sexualmente transmissíveis, células pré-cancerígenas, fazer o acompanhamento da contracepção utilizada, etc.) é saudável e muito desejável para o corpo e a mente terem uma vida sexual activa e feliz.
A rotina é, sem dúvida, um dos maiores inimigos de qualquer relacionamento. Enquanto que nos primeiros tempos da paixão todo o tempo que passavam juntos parecia pouco e qualquer toque ou olhar desencadeava um incêndio que os levava para os braços um do outro, com o tempo e a habituação a excitação da novidade apaga-se. Se a isso juntarmos as exigências do dia a dia, as discussões a respeito de quem lava a louça ou vai buscar os filhos à escola e as pressões a que cada um dos dois é submetido no local de trabalho, é fácil de compreender porque é que a vida sexual se torna um problema silencioso para tantos casais.
Passamos mais tempo a trabalhar e a responder aos desafios e exigências profissionais do que a sós com quem amamos. Por outro lado, qualquer pessoa, por mais apaixonada que esteja, precisa de ter tempo para si e para sentir saudades do seu mais-que-tudo. Aquilo de que muitas vezes não nos damos conta, no entanto, é que ao afastarmo-nos no dia a dia isso cria um fosso também na nossa vida sexual, afastando-nos.
Por outro lado, é fundamental ter presente que se perder o contato com a sua própria sexualidade isso irá necessariamente afastá-la do seu par. Limitar-se a cumprir as suas obrigações enquanto mãe e profissional, esquecendo-se que também é mulher, com desejos e vontades, faz com que essa parte do seu ser e da sua vida vá ficando entorpecida. A partir daí, muitas mulheres deixam de sentir prazer na relação sexual, porque não se permitem desfrutar dela com relaxamento e descontração, passando a evitar o seu parceiro. A anorgasmia, uma disfunção de que já falámos, pode surgir então e impedir a mulher de ter orgasmos, ou dificultando-os. Como tal, isto faz com que a mulher ainda tenha maior tendência para evitar a relação sexual, pois sabe que não lhe será fácil chegar ao orgasmo, tornando o sexo algo penoso.
Mais vale prevenir… A melhor forma de combater a falta de desejo no casal é aprender a evitá-la. Para tal, integre certos princípios na dinâmica da relação e faça deles hábitos saudáveis, para o bem da relação.
Tenho 31 anos, e nunca tive uma vida sexual muito activa. Mas a ultima relação sexual que tive foi com uma pessoa que amava muito, mas não consegui satisfazer o meu ex companheiro, não consegui ser penetrada, tenho bastantes dores, mas acho que é um problema psicológico meu porque não relaxo. Mas isso está-me a prejudicar bastante. É que agora estava a começar um relacionamento e parece que tenho trauma de ter relações, envolvo-me bastante e tenho desejo de continuar mas de repente (parece que se passa algo) e paro e o meu companheiro não entende porque faço isso. Acho que é um problema que não consigo resolver.
Gostava que me ajudassem a suportar este problema e perguntar se devo procurar ajuda clínica ou psicológica. Patrícia
Cara Patrícia,
O seu caso pode ser de uma perturbação sexual feminina, mas tal diagnóstico só pode ser feito numa consulta presencial e com avaliação fisiológica médica e sexológica. Existem duas perturbações sexuais femininas da dor: o vaginismo e a dispareunia. Estes problemas acontecem a muitas mulheres e não deve deixar de tentar viver a sua sexualidade por isto lhe acontecer, nem sentir-se culpada. Deve procurar ajuda especializada para esclarecer se as suas dificuldades são psicológicas ou fisiológicas e reflectir sobre um tratamento adequado.
Por enquanto podem explorar outras formas de ter relações sexuais, não só através da penetração… Explorem as massagens, as carícias, a masturbação mútua (pode começar sozinha para descobrir como gosta de ser tocada e o que lhe dá mais prazer), o sexo oral, os brinquedos eróticos… Usem a vossa imaginação para reinventarem a vossa sexualidade sem limites!
"Tenho 43 anos e ultimamente tenho tido dificuldade em ter uma erecção completa o que faz com que por vezes não consiga ter relações sexuais. Já pensei em tomar Viagra mas moro numa vila bastante pequena e tenho medo que os meus amigos e familiares descubram. Há alguma outra forma de resolver o problema?"
Emílio, Cinfães
Caro leitor
No que diz respeito à sexualidade existem mil formas diferentes de resolver problemas, apenas há que descobrir a mais adequada para cada pessoa. Compreendo que morar numa vila em que todas as pessoas se conhecem faz com que não tenha muita privacidade. Uma opção será tomar outro tipo de estimulantes sexuais os quais possa encomendar pelo correio. Dessa forma resolve o seu problema sem que ninguém fique a saber, pois as empresas costumam ser bastante discretas. Existem vários produtos naturais para homens e mulheres que não têm efeitos secundários e que ajudam o desempenho sexual. Alguns, são tomados todos os dias, enquanto que outros são tomados algumas horas antes de ter relações. Procure ajuda, pois uma vida sexual satisfatória é parte integrante da qualidade de vida de qualquer indivíduo.
“Sempre gostei de me masturbar na banheira, e cada vez mais tenho o hábito de, ao fim do dia, me masturbar enquanto tomo duche. Não sei por que razão sinto tanto prazer dessa forma!”
Carolina, Almada
Cara Leitora,
A masturbação é algo perfeitamente normal e, apesar de não se falar muito disso, faz parte da sexualidade da maioria das pessoas, tanto homens como mulheres. O banho é um momento de privacidade na qual o corpo se encontra relaxado e descontraído, sendo como tal um momento propício ao prazer. Para além disso, a água possui um efeito relaxante, proporcionando a calma, diminuindo a ansiedade e ajudando na libertação de energias. A prática da masturbação no banho, seja ela individual ou conjunta, pode ser um estímulo para a renovação de energias e uma prática agradável, mesmo para preceder uma relação sexual. Este momento é de puro relaxamento, tanto físico como psicológico, por isso não se preocupe por ter este tipo de práticas, pois são perfeitamente normais.