Para os pais que têm filhos numa fase de grandes mudanças, como é a adolescência, há que deixar os tabus para trás e abrir a mente. Em primeiro lugar, tenha em atenção que, embora não se deva considerar a melhor amiga do seu filho ou da sua filha, é em si que eles devem apoiar-se para esclarecer muitas das suas dúvidas, bem como resolver alguns problemas. Se nunca se mostrar disponível para o diálogo, então será nos amigos da mesma idade, que sabem tanto quanto eles sobre o assunto, que estes irão procurar informação sobre sexo, ou outros assuntos, que pouco ou nada se sentem à vontade para partilhar consigo.
Como muitos pais não se preparam para o início da vida sexual dos seus filhos adolescentes, estes acabam por se colocar em situações de risco, tais como: gravidez prematura, contacto com doenças sexualmente transmissíveis ou experiências sexuais desagradáveis. E não falamos apenas de países subdesenvolvidos!
Tenha em conta que não é pelo facto de falar com o seu filho sobre sexo que este iniciará a sua vida a este nível levianamente. E para que isso não suceda explique-lhe que o sexo é algo bom e natural, mas tem um momento certo para acontecer, que temos que estar psicologicamente e fisicamente preparados. E se dúvidas houver, os especialistas dizem que meninos e meninas devem receber o mesmo tipo de orientações. Não podem existir preconceitos. O ideal é que seja o pai a dialogar com os filhos e a mãe a esclarecer as filhas.
Sou pai solteiro, a mãe da minha filha deixou-a comigo quando era bebé, e criei-a sozinho. Agora a minha filha tem 14 anos, noto que já tem interesse pelos rapazes e estou preocupado pois ela qualquer dia vai começar a namorar e eu não sei como abordar o tema da sexualidade. Será que devo conversar com ela sobre isso?
António, Óbidos
Caro leitor
pela sua pergunta vejo que é um excelente pai, pois tem noção de que, por mais que lhe custe, a sua filha se está a transformar numa mulher. É bastante importante que os jovens sejam bem orientados nesta fase de desenvolvimento e que sintam que têm alguém com quem podem conversar e a quem podem colocar dúvidas quando estas começam a surgir. É normal que se sinta pouco à vontade a falar sobre sexo com a sua filha, por isso tente abordar o assunto com naturalidade, pois a forma como o fizer vai determinar bastante o quão confortável ela se vai sentir ao fazer-lhe perguntas. Converse com ela, explique-lhe que as alterações que está a sentir no seu corpo são normais e que é natural que sinta curiosidade sobre sexualidade, garantindo-lhe que isso faz parte do desenvolvimento de qualquer jovem. Se não se sentir à vontade para abordar o assunto com a sua filha peça a alguém da sua confiança que o faça, pois é fundamental que ela tenha uma orientação adequada nesta fase tão importante do seu desenvolvimento. Existem bons livros sobre sexualidade escritos para jovens, procure comprar-lhe um.
“Tenho três filhas pequenas, com 3, 6 e 8 anos, e acho que está na altura de começar a falar com elas sobre algumas questões sexuais. A minha mãe nunca teve esse tipo de conversa comigo e não sei por onde devo começar, mas quero fazê-lo porque em criança fui molestada e não quero que as minhas filhas passem pelo mesmo. Como a minha mãe nunca acreditou em mim quando lhe disse que fui molestada, quero que as minhas filhas saibam e sintam que podem confiar em mim. No entanto, eu própria sou bastante tímida em relação a estes assuntos, por isso gostava de saber como abordar o tema, e o que devo ensinar a cada uma delas, de acordo com as idades que têm.”
Lizete, Porto
Cara leitora,
Há muitos pais e mães que, tal como você, não se sentem à vontade ao conversar com os filhos sobre sexualidade, mas a atitude de desejar fazê-lo é já um passo muito importante e positivo. Alguns pais têm receio de dar demasiada informação ou de abordarem estes assuntos cedo demais. Outros temem que se não conversarem com os filhos atempadamente eles iniciarão a sua vida sexual sem que os pais tenham conhecimento. Não se preocupe, pois você e as suas filhas encontrarão juntas uma dinâmica própria que vos permitirá esclarecer estes assuntos. Em vez de ter uma “conversa séria” com elas, opte por ir falando aos poucos, de forma natural e informal, para criar com elas um diálogo de confiança mútua. Na verdade, a educação sexual já começou, mesmo sem se aperceber: ao abraçar e mimar as suas filhas ensina-lhes a importância do toque amoroso, ensinou-lhes também a lavar os órgãos genitais para não apanhar doenças, e possivelmente até já discutiu com elas as relações que estabelecem com cada membro da família e do círculo de amigos. Pense naquilo que lhes quer transmite, reforce a ideia de que está ao lado delas e que podem confiar em si em qualquer situação. Ensine-lhes que tipo de toque é bom ou mau, para que elas possam identificar uma situação perigosa, e lembre-as que o seu corpo é uma pertença individual de cada uma delas. Pergunte a cada uma delas de que forma a vêem a si expressar afecto por cada pessoa que vos é próxima, para que possam compreender as fronteiras do respeito. A forma como fala com a sua filha de três anos será diferente da abordagem com as suas filhas mais velhas, mas a mensagem veiculada pode ser substancialmente a mesma. Ensine a cada uma delas o nome das partes do corpo, incluindo o peito e a vulva, e às mais velhas pode explicar o que fazem cada uma delas. Também pode sentir-se mais confortável ao ler com as suas filhas livros que abordem a sexualidade explicada Às crianças de diferentes faixas etárias. Acima de tudo, lembre-se que este diálogo é um elo a ser construído diariamente, ao longo do resto da vida. Não fique ansiosa, deixe que a comunicação se faça de forma espontânea e gradual.
Sou professora do ensino especial e tenho tido dificuldade em ensinar sexualidade aos meus alunos. Não sei como abordar o assunto uma vez que eles apesar de serem adolescentes, intelectualmente estão a o nível de crianças de 8 anos. Necessito de ajuda.
Cármen, Santo Adrião
Cara Leitora,
Apesar dessa tarefa não ser fácil, é fundamental que o ensino da sexualidade seja integrado nas aulas de ensino especial. Muitas pessoas pensam que os jovens com deficiências não têm interesse sexual e por isso não necessitam de educação sexual. Mas estão bastante enganadas, pois estes jovens têm a mesma curiosidade sobre sexualidade como quaisquer outros jovens. Sem a informação correcta podem correr bastantes riscos. É por isso fundamental que adolescentes com deficiências aprendam como se desenvolve o corpo e a sexualidade, pois apenas através de uma educação apropriada e saudável estes jovens poderão compreender as alterações que ocorrem no seu corpo e como lidar com elas. Por isso não tenha receio e tente usar a sua imaginação de forma a expor os temas de forma acessível aos seus alunos, sempre de forma descontraída e disponível a responder às suas questões.
“Há 2 anos fiquei viúvo e só com a minha filha que actualmente tem 12 anos. Há um assunto que me deixa deveras preocupado, pois ela um dia vai começar a namorar e iniciar a sua vida sexual. Gostaria de falar com ela acerca deste assunto, mas não sei como fazê-lo. Será apropriado fala com ela sobre sexo?”
Luís, Castelo Branco
Caro leitor,
Pela pergunta que me colocou vejo que é um excelente pai, pois tem a perfeita noção de que a sua filha está a transformar-se numa mulher. É bastante importante que os jovens sejam bem orientados na fase da adolescência e que sintam que têm alguém com quem podem conversar e a quem podem colocar dúvidas quando estas começam a surgir. Sentir-se pouco à vontade para falar sobre sexo com a sua filha é normal, por isso seja o mais natural possível quando resolver abordar esta assunto com a sua filha. A forma como falar com a sua filha vai determinar o quão confortável ela se vai sentir em fazer-lhe perguntas. O mercado está inundado de livros sobre educação sexual na adolescência, aconselho-o a comprar um para a sua filha, pois é fundamental que ela receba a informação correcta no que diz respeito a contracepção e doenças transmitidas sexualmente. Converse com ela, explique-lhe que as alterações que ela está a sentir no seu corpo são normais e que é natural que ela sinta curiosidade sobre sexualidade, pois isso faz parte do desenvolvimento de qualquer jovem.
Caso não esteja à vontade para falar do assunto com a sua filha, peça a alguém da sua confiança que o faça. Lembre-se que é fundamental que ela tenha uma orientação adequada nesta fase tão importante do desenvolvimento.
Tenho 19 anos e considero-me um obcecado por sexo. Namoro há 2 anos com uma rapariga que amo muito, temos relações regularmente que me satisfazem muito, mas por mim eu tinha todos os dias a toda a hora, o que se passa? Eu penso em sexo todos os dias, e também me excito muito facilmente o que se torna embaraçoso. O que devo fazer?
Miguel
Caro Miguel,
Na sua idade é muito natural que se excite facilmente e tenha erecções espontâneas, mesmo que seja embaraçoso em algumas situações. Se andar com roupa larga poderá esconder mais facilmente, mas terá de passar por isso e é bastante saudável.
Sobre a sua obsessão com o sexo, só será considerada um problema se o puser em perigo, por exemplo ter relações sexuais impulsivas, por exemplo, com desconhecidos ou em lugares desadequados. Se tem relações regularmente e tem prazer nelas, é natural que pense muito em sexo e se lembre delas. Masturbe-se antes de sair de casa, ou à noite, com fantasias sexuais suas e pode ser que controle melhor o tempo entre as relações que tem com a sua namorada.
Lembre-se que o órgão sexual mais importante é o cérebro e, por isso, deve cortejar a sua namorada, sem a pressionar, para que o desejo sexual dela se aproxime do seu. Ser um bom namorado, fazê-la sentir-se amada e respeitada como mulher é a melhor maneira de a fazer desejar ter sexo consigo. E não e esqueça de fazer sempre sexo seguro, com preservativo, evitando gravidezes indesejadas e infecções sexualmente transmissíveis.
Tenho 15 anos e gostava de saber se é normal ter relações sexuais com o namorado com a minha idade?! Tenho vergonha de ir ao centro de saúde pedir a pílula e depois acharem que eu sou uma tarada! Por favor não pense mal de mim, mas preciso de saber isto.
Inês
Cara Inês,
O mais importante no início da vida sexual de um casal é sentirem-se os dois preparados para a descoberta dessa parte da sexualidade, não haver pressões de nenhuma parte, estarem seguros da vossa saúde sexual (saber como colocar o preservativo, ter preservativos ou estar a fazer algum contraceptivo) e terem a dose certa de curiosidade e intimidade. Não é assim tão relevante em que idade tal acontece, depende de pessoa para pessoa e de cultura para cultura.
Dirigir-se a um centro de saúde para consultas de planeamento familiar - alguns têm mesmo momentos dirigidos mesmo a jovens é uma óptima ideia. Em qualquer idade, por lei, os jovens têm direito à sua privacidade e confidencialidade em relação ao pais e técnicos de saúde – ninguém pode fazer juízos de valor por se recorrer a serviços de saúde. Parece-me muito bem e responsável da sua parte que vá a um centro de saúde, não precisa de se preocupar nem ter receios, pode mesmo ir com o seu namorado e partilharem a consulta.
Para aproveitar ao máximo o prazer das relações sexuais deve sentir-se segura no que toca a gravidezes indesejadas ou infecções sexualmente transmissíveis, por isso quanto mais rápido lá for, melhor para si.
Eu e a minha namorada iniciámos a nossa vida sexual há pouco tempo e tivemos relações 3 vezes. Na penúltima aconteceu que, após fazermos amor, reparei que o preservativo se encontrava a meio do pénis, algo que me deixou assustado, embora não tenha ejaculado nele. Fui masturbar-me e vim-me normalmente. A minha namorada acha que tem o período atrasado, ela nunca tomou a pílula e agora tem os seios com algumas dores e anda com dores nos rins há 2. Ela nota que tem a barriga mais inchada como o habitual. Estamos bastante preocupados com este atraso menstrual dela… será que é normal este atraso? o que acha que poderá ser?
José
Caro José,
Não lhe posso garantir o que poderá ser esse atraso na menstruação. É aconselhável que vão juntos a uma consulta de planeamento familiar, onde possam escolher uma contracepção mais eficaz, que não apenas o preservativo, e onde esclareçam esta ou outra dúvida. O facto de o preservativo se ter deslocado durante a penetração pode significar que é demasiado grande (confirme que tipo está a usar) ou que perdeu ligeiramente a erecção, o que é perfeitamente normal.
O seguimento ginecológico das mulheres com vida sexual activa é essencial e o acompanhamento do casal pode melhorar em muito as vossas actividades sexuais e o prazer em segurança que podem tirar delas.
Em Portugal, muitos centros de saúde têm estas consultas gratuitas, anónimas e têm métodos contraceptivos acessíveis para todos. Reflictam com os técnicos de saúde da equipa quais são melhores para vocês utilizarem: adesivos, implante, anel vaginal…sem esquecer que o preservativo é o único que protege igualmente das infecções sexualmente transmissíveis e das gravidezes indesejadas, pelo que dá segurança dupla.
Por fim, não se esqueçam que ter atrasos na menstruação pode ser normal e não se estar grávida, pode ser apenas uma fase mais ansiosa ou sinal de outras situações ginecológicas. Um médico e uma consulta podem esclarecer melhor estas questões.